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Eleonora de Lucena
eleonora@uol.com.br
  4 de maio
  Questão social continua sendo caso de polícia
 
   
  Tiros, bombas de gás, porretes, sangue no rosto, cadáver. Nos últimos dias, as cenas de violência em manifestações públicas voltaram a chocar o país. Começou na "festa dos 500 anos", quando a truculência comandada do Planalto resolveu reprimir um protesto antes que ele ocorresse. Nesta semana, no Paraná, a polícia local resolveu seguir o exemplo e brecar o movimento na estrada. Um integrante do MST, pai de cinco filhos, morreu.
O presidente Fernando Henrique Cardoso mandou dizer que a morte "deve servir de alerta para aqueles que optaram pela provocação e pelo desrespeito à democracia e à cidadania". Então agora é assim? É na base da bala? E a polícia pode parar ônibus nas estradas e impedir a possibilidade de protesto? Com tiros? Em que democracia estamos?
O governo alega que os sem-terra passaram dos limites invadindo prédios públicos. Que isso fere a democracia e que "o país quer um basta à desordem". Fico arrepiada só de imaginar o que esse "basta" possa significar. Mais balas?
Todos os anos essa guerra social provoca cadáveres. Foram nove sem-terra e dois PMs em Corumbiara (RO) em agosto de 95. Em abril de 96, em Eldorado dos Carajás (PA), 19 sem-terra foram assassinados. Em 97, mais sete mortos em vários confrontos. Em 98, oito. Em 99, mais um. Há poucos dias, no Pontal do Paranapanema (SP), o presidente da UDR (entidade dos proprietários rurais) classificou o clima local como o de uma "guerra civil". "Correrá sangue", vaticinou.
Isso para falar dos conflitos rurais. Em plena cidade de São Paulo, a ação da PM durante a desocupação de prédios na zona leste (em lugar conhecido como Fazenda da Juta) matou três em 97. No Distrito Federal, um jardineiro morreu durante repressão policial a um protesto no ano passado.
São histórias pingadas que lembram a Velha República. Naquele tempo, a questão social era caso de polícia. Qualquer protesto era reprimido com violência. Será que não dá para evoluirmos? Para uma democracia com espaço para o protesto? Sem cadáveres?


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27/04/2000 - Dois jovens surpreendem nos 500 anos


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