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  15 de novembro
  Saramago e a caverna pop
 
 

O papo pode parecer meio cabeça, mas não é nada que um seriado teen da Sony depois não dê uma aliviada.

José Saramago, renomado escritor português, concedeu entrevista ao jornalista Cassiano Elek Machado, da Folha, texto que ilustrou a "Ilustrada" do último sábado.

Do bate-bola do velho Nobel de Literatura com o jovem Cassiano, talentoso (e raro) nome a se acompanhar no atual jornalismo cultural, deu para perceber que o autor de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" (o único livro dele que eu li) anda preocupado e pessimista.

Saramago vai lançar "A Caverna" amanhã e está encanado com o ser humano. Esse ser humano esquisito da geração "shopping center", esse espaço fechado, essa enorme caverna que virou a atual fonte de informação, dita o novo modo de pensar e faz pessoas viver à sombra da realidade.

Já dormiu?

Continuando, Saramago me fez pensar no nosso mundinho pop, nossa música sarada, a TV, essas rádios bacanas e modernas, seus ouvintes preguiçosos, as gravadoras e a imprensa cultural em geral, desta que o Cassiano aí de cima compõe um seleto times de exceções.

Saramago, meu velho, você não sabe o que é caverna!

* Fui recentemente a St. Louis, cidade rastaquera do meio-leste americano com 700 mil habitantes. No chamado "downtown", percorri três lojas de discos muito ruins (comparadas com as de grandes centros) e sai de mãos vazias de novidades. Liguei o rádio e procurei uma rádio rock. Achei a The Point FM. As cinco primeiras bandas que ouvi: At the Drive In, Radiohead, Moby, Eminem e Bauhaus (!). Modernidade, velharia, rap e eletrônico. Aqui no Brasil, se você ligar o rádio agora, neste momento, os cinco primeiros grupos a ser ouvidos são Chili Peppers, a "nova" do Green Day, Capital Inicial, Chili Peppers e Chili Peppers.

* Mais de St. Louis. Fui enviado para conferir a turnê Anger Management, estrelada por grupos malditos como Limp Bizkit, Eminem, Papa Roach e Xzibt. Os caras estão varrendo a América. Onde passam, não deixam dólar sobre dólar. Não sou fã de Limp Bizkit, embora admire a energia da banda e o carisma do líder, Fred Durst. Gosto de Eminem e me impressionei com o pique ao vivo do rapper branquelo. Não conhecia Papa Roach, que vem ao Rock in Rio, e fiquei com uma boa impressão do pique e do peso desta banda de moleques da Califórnia.
St. Louis é uma cidade vazia. Pouca gente circula pelas ruas no Centro. Na noite do show, uma segunda-feira chuvosa, 10 mil moleques entupiram o ginásio da cidade e pela cara na saída se divertiram muito. Do lado de fora, a The Point FM agitava a porta do estádio distribuindo CDs gratuitos, adesivos da turnê e outras promoções. Aqui no Brasil, uma banda pop desencanada, como a Bloodhound Gang, no auge e com uma turnê deliciosa, faz o mesmo show que lota Inglaterra, França, EUA, Japão e Chile para cerca de 1/5 a capacidade do Credicard Hall. No Rio nem se atreveram a marcar show. Em BH, o show que tinha foi cancelado por falta de público pagante.

* A grande banda Pearl Jam, último bastião da última revolução, teve uma atitude ousada e lançou 25 CDs duplos ao vivo, resultado de uma turnê de dois meses pela Europa. A idéia é combater a pirataria, que certamente venderia esses registros da banda ao vivo por uns US$ 40, US$ 50 no mercado negro. Na empreitada, a banda fixou em US$ 14 cada um dos discos, que vêm em capa com tratamento artístico e, não esqueça, é duplo. Para constar, o preço médio de um CD normal nos EUA é US$ 18. Pois bem, a Sony do Brasil está lançando a coleção no país por... R$ 50. Sem levar em conta a intenção da banda, o CD tem no Brasil o tratamento dado de um disco qualquer, a um preço qualquer. E bem caro.

* O mundo acabando e um grande jornal brasileiro dá a seguinte manchete na capa de seu caderno de cultura, na semana passada: "Ivan Lins mostra as canções de "Pôr-do-Sol". Nas páginas internas, uma inteirinha para o pianista que é muito elogiado pelo Ed Motta.

* Aí, quando um lançamento que interessa recebe o mínimo tratamento, a coisa decola. Como foi o caso dos quatros discos do escocês Belle & Sebastian, que ganharam loja há umas duas semanas. Na "mainstream" FNAC, em São Paulo, a primeira remessa de 60 cópías de cada um dos CDs do grupo, que frequenta o mais completo underground, desapareceu nas vendas em poucos dias. Uma nova remessa já está sendo consumida rapidamente, também. Na ótima loja "independente" Velvet, que fica escondida nas Grandes Galerias, também em SP, o dono dela, André, disse que não houve um dia sequer desde o lançamento que não tenha sido vendido pelo menos quatro cópias de cada B&S nacional. O total deve empatar com a mega FNAC. E o preço do disco nas duas não ultrapassa os razoáveis R$ 17.

Se o Saramago morasse no Brasil, "A Caverna" teria mais sentido do que já certamente tem.

O EMINEM FALA OI PARA VOCÊ

Ouça o recadinho do Eminem para os leitores desta coluna. Clique aqui.

U2 NOVO

Não teve jeito. Ouvi de novo e de novo o mais recente CD da distinta banda irlandesa do Bono Vox. Não rola. É chato. Prefiro o novo do ultrapop Robbie Williams. Não é uma volta às origens. Ou melhor: é. Mas às origens dos outros, tamanha a chupação pop do bardo inglês.

Mas o que eu acho não interessa para 64% dos leitores da coluna que ouviram o disco e expressaram sua opinião pelo Mural U2 da semana passada. O que eu acho tem a ver apenas com 27% dos ouvintes do disco novo da banda, que o acharam ruim. Outros 27% pensam que o "All That You Can’t Leave Behind" é médio e que o U2 já fez bem melhor.

Abrindo um parênteses para um leitor furioso, um canal da seção "Fala Aí: Especial Lúcio Imbecil".

"Fiquei estarrecido com o seu comentário sobre o novo CD do U2. O que me parece é que você ouviu o CD apenas uma vez e com má vontade, pois emitiu uma opinião superficial e vazia só para criar polêmicas. Dizer que até gosta da banda, ‘mas o CD é muito chato’ é pura demagogia cara! Gosto não se discuti, é bem verdade. Mas você se diz um crítico musical e tá longe disso. O U2 volta às origens sim. Com Brian Eno, apresenta um trabalho com conteúdo e criatividade, mostrando velhas influências. Ou você não enxerga na bela canção ‘In a Little While’ bons versos encaixados em simples e belos acordes do bom rock ingês? Falta-lhe cultura musical, ou não percebe o rock cult americano de Bob Dylan e America na faixa ‘Wild Honey’. Você conhece Lou Reed? Então ouça a música ‘Peace on Earth’ deste CD. Se liga cara! A boa melodia e os versos de conteúdo ainda não morreram no rock'n roll, graças ao bom e velho U2."
ADILSON FERNANDES

MAIS U2

Você está ligado que o U2 chega ao Brasil dia 21 para fazer um show fechado para a Rede Globo, não é?

LOU REED

O velho e bom Reed passou ontem (terça) por São Paulo e terminou sua turnê sul-americana. Para quem não viu, o site El Foco (www.elfoco.com) mostra um vídeo da música "Ecstasy", tirada do show do ex-líder do Velvet Underground em Buenos Aires, na semana passada. Vê lá. O vídeo vem acompanhado de texto dos bons.

ROBERTO CARLOS, MORÔ?!

- "Pra que tanto telefonema, se o homem inventou o avião pra você chegar mais rápido ao meu coração".

- "A medida de amar é amar sem medida".

- "Amor igual ao seu eu nunca mais terei".

É por causa de frases românticas como essas, que assolam as rádios rock brasileiras, que esta coluna saúda a volta do meu amigo Roberto Carlos. Na hora de escrever baladas, não tem pra ninguém.

SONY

Não vi a mínima graça neste seriado novo "Young Americans". Caras bonitas e papo furadíssimo. Mas não vi o resto das novidades (vendo todos os velhos não sobram muito tempo). Algum que valha a pena?

RESULTADO DA PROMOÇÃO: BLUR OU OASIS?

Blur. E com uma certa folga. Cerca de 138 e-leitores votaram. Curta o resultado final da melhor banda do rock britânico. Quer dizer: não era bem essa a pergunta...

Blur - 67 votos
Oasis - 49 votos

Pintaram alguns votos de "nenhuma das duas" e alguns direcionados para outros grupos. Vê só:

Nenhum - 8 votos
Radiohead - 5 votos
Manic Street Preachers - 4 votos
Pulp - 4 votos
Belle & Sebastian - 3 votos

Outros lembrados: Primal Scream, Electrafixion, Delgados, Verve, Suede, Travis, Placebo.

E os vencedores da promoção são:

Monika Morais, PA (Oasis)
Marcelo Träsel, RS (Radiohead)
Edney Souza Carvalho, SP (Blur)
Eduardo Nassif, SP (Blur)
Daniela Milan, SP (Blur)

GOIÂNIA NOISE FESTIVAL

Quer saber como foi o evento indie que tirou o sono da capital de Goiás no último final de semana. E-mail para fabricio_nobre@uol.com.br que ele manda um balanço para você.

JOSÉ SIMÃO

O sempre divertido colunista José Simão, da Folha, o braço armado da gandaia nacional, soltou esta na "Ilustrada" do último dia 8:

"E o Rock in Rio com o Gil, Milton, Sandy e Júnior, Elba Ramalho, Moraes Moreira e a Orquestra Sinfônica Brasileira. Isso é Rock in Rio ou Baile da Saudade? Só tá faltando o Agnaldo Rayol. E pra entrar nesses lugares a revista é tão rigorosa que fazem até exame na próstata."

POR UM MUNDO MELHOR

Fiquei devendo da semana passada. A relação de bandas que todos queriam ver fora do Rock in Rio (na verdade era para abraçar a causa Rappa, mas fica besta brincar com isso agora), em uma geral breve, é a seguinte:

* É meio unânime: ninguém está a fim de ver o gênio Tom Zé tirando som de jornal.
* Pergunta: o Sting vai levar o índio Raoni para tocar com ele no festival?
* Muitos (e bota muitos nisso) disseram que não vão pagar o mico de ver o show de um cara cujo lema é "Não vim para esclarecer, mas também não vim para confundir pela confusão". Fora, Zeca Baleiro.
* Sobre os Titãs solo não vou nem comentar.
* Mas, agora, o campeão:
Senhoras e Senhores, eu dou ele a vocês:
CARLINHOS BROWN

DISCOS LANÇAMENTOS

* Se você tiver gastar sua grana para comprar dois discos, um nacional e outro internacional, que estes dois sejam:

* "Parachutes", disco de estréia da ótima banda britânica Coldplay, que sai no Brasil pela EMI. Só a faixa "Yellow" vale o álbum. Experimente no Napster.

 

 

 

 

 

* "Brincando de Deus", da grande banda baiana de mesmo nome, que canta em inglês. Produção independente.

 

 

 

 

 

PARA QUEM...

Viveu o rock inglês no começo da década, uma notícia legal. O Wonder Stuff voltou. Ainda não tive tempo de ouvir, mas vou e depois eu digo.

PARA QUEM...

Viveu o rock americano no meio da década, uma notícia legal. A banda Breeders, da Kim Deal (ex-Pixies), está voltando. Novo álbum será gravado em janeiro.

PROMOÇÃO DA SEMANA: O PAPO É FUTEBOL

O futebol é pop. É por isso que vira e mexe chegam e-mails de gente dizendo seu time ou perguntando o meu, resolvi fazer o seguinte. Você sabe que futebol é isso aí. Futebol é momento. Então chegou o momento de perguntar o time do leitor desta coluna. Este senso futebolístico, devido à quantidade de e-mails que chega de todo o Brasil, deve ficar legal. Vai, responde: que time é teu? (lucio@uol.com.br)

Respondendo você corre o risco de ganhar uma cópia de "1", coletânea dos Beatles de 27 hits que chegaram a número 1 nas paradas da Inglaterra e dos EUA.

Pimba na gorduchinha.

BALADAS BOAS

* Uma das bandas precursoras do rock independente nacional, a grande Pin Ups, está com formação nova. Volta aos vocais da banda o melhor frontman do indie paulistano, o Luiz Gustavo. Pedrinho, ex-Killing Chainsaw, pega a bateria. O único que continua no grupo é o líder e guitarrista Zé Antônio. Os caras, parece, tocam no Sesc Belenzinho nesta sexta-feira, programa dos mais obrigatórios. Vou confirmar legal e botar informações um pouco mais decentes neste espaço.

* Neste próximo sábado, 18, rola mais uma festança matadora do programa de rádio Garagem, da paulistana Brasil2000FM, que vai ao ar de segunda a sexta, às 22h.
A festa acontece no Galpão 16 (r. Fradique Coutinho, 1416, Vila Madalena, SP). Entrada, R$ 4. Consumação R$ 6. Som: Paulão e Barcinski, os apresentadores do programa.

Just do it!
Até

 


Leia colunas anteriores
08/11/2000 - Quero tocar no Rock in Rio 3
1º/11/2000 - Gil e Milton encontram Belle e Sebastian
25/10/2000 - Entrevistas com Rob Fleming e Beck; e nenhuma entrevista com os Titãs
18/10/2000 - Caetano morreu em 1968; Paul McCartney, em 1966
11/10/2000 - A polêmica dos "crássicos" (ou quando o Deep Purple derrubou o Led Zeppelin)


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