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23 de agosto
  Muito além do limite
 

Se o programa "No Limite", da Rede Globo de Televisão, provocou o frisson que provocou em certos meios, é só esperar um pouco para ver algo que vai muito além do limite.
Explico: a TV brasileira costuma copiar a programação das redes norte-americanas e, em bem menor escala, das européias. "No Limite", como todo mundo sabe, é cópia de "Survivor", programa norte-americano.
Pois bem: no mês que vem estréia nos Estados Unidos o programa "Confessions", na Court TV, a emissora a cabo especializada em transmitir julgamentos e demais atos do Poder Judiciário.
As confissões do título são as que criminosos de diversos calibres fizeram às autoridades e foram por elas gravadas, tornando-se de domínio público depois do respectivo julgamento.
O jornal "The International Herald Tribune" de ontem antecipa o suculento cardápio do primeiro programa, no mês que vem: um sem-teto descreve um estupro, um garoto de programa dá detalhes de como matou um cliente que usava cadeira de roda e, finalmente, um homem admite ter matado uma mulher no apartamento dele, desmembrado o corpo e cozinhado os restos.
Diante desse cardápio, ficam parecendo pão quente as refeições que o pessoal de "No Limite" foi obrigado a consumir. E o "Linha Direta", também da Globo, fica parecendo programa educativo.
Suspeito que, não demora, alguém no Brasil vai copiar o "Confessions".
Só não sei se as autoridades brasileiras guardam gravações suficientes para, digamos, ilustrar um programa desse gênero. Se não tiverem, pode-se importar o programa norte-americano ou fazer cópias caboclas (fitas gravadas clandestinamente, aliás, é material que não falta na praça).
Não adianta achar que o espectador brasileiro ou norte-americano é idiotizado. Convenhamos que o "voyeurismo" da desgraça tornou-se uma espécie de mania dos tempos modernos, no Brasil como nos EUA. Pena que seja uma mania doentia.

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Para que "No Limite"? O mundo está muito além do limite (Vaguinaldo Marinheiro)
"No limite" é circo do ultracapitalismo (Amir Labaki)




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