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  16 de agosto
  Big Brother
 

Antes que eu me esqueça, a Globo continua a mesma.
"Big Brother" e "Survivor", os modelos mais célebres de "No Limite", ao menos se assumem como entretenimento. São produtos de entretenimento da CBS _e não da CBS News, a divisão de jornalismo da rede americana.
Aqui, não. O "limite" está também na produção e apresentação de "No Limite" como um programa de jornalismo. Está lá, como animador, Zeca Camargo. O mesmo jornalista que deu o furo, entre tantos, da Aids de Cazuza.
Mas não, não é como repórter que ele oferece olhos de cabra para os personagens de "No Limite" comerem. Bem como não é jornalismo editar uma ofensa de um personagem a outro. É entretenimento, com alvo comercial certo.
A diferença é que, sendo jornalismo, a responsabilidade é, pode-se dizer, das partes.
O rompimento dos limites entre realidade e ficção _entre jornalismo e dramaturgia_ é obsessão da TV brasileira. Começou em outras plagas, como no lendário "Aqui Agora" de Silvio Santos, e a Globo vinha tentando incorporar de alguma maneira. Tentou com "Linha Direta", sem sucesso.
Conseguiu agora, com o molde todo importado. "No Limite" é uma telenovela, obviamente. A diferença maior é que sua dramaturgia permite improvisação, a ser devidamente editada. Mas o melodrama em capítulos está lá, bem como as especulações sobre o possível final da novela, devidamente estimuladas.
Estimuladas, vale dizer, até pelos telejornais da emissora, que passaram a cobrir as reviravoltas de "No Limite".
A última novidade na área das especulações é um site inteiro, num domínio que não permite identificar seus autores, com informações de bastidor apresentadas por um tal "Senhor X", que teria sido da produção. Não falta sexo.
Talvez seja esse, afinal, o telejornalismo do novo século. Ou, ainda, o entretenimento do novo século. Mas, a exemplo do que se observa no webjornalismo, seus exemplos têm muito dos primórdios da imprensa do século 20, quando ela ganhou a cor amarela.

*

A CBS que serve de modelo com "Big Brother" e "Survivor" é a mesma que, em meados da década de 90, se aventurou a concorrer com a Globo no jornalismo 24 horas, no Brasil. Sem espaço na Net, que é da Globo, seu canal de notícias foi sufocado até desaparecer.
Na mesma linha, Ted Turner, criador da CNN e vice-presidente da Time Warner, dizia em entrevista, três semanas atrás, por que não pretende montar uma CNN em português: "Eles não querem que façamos isso. Eles querem ter todas as notícias em português, é difícil enfrentá-los no Brasil".
"Eles", no caso, quer dizer Globo.

 

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