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‘‘Sou argentino e moro em São Paulo desde 91. Sou assíduo
leitor da sua coluna, pois você é uma das pessoas que mais conhecem
(e falam bem) sobre o glorioso futebol argentino. Porém não posso
deixar de expressar a minha mágoa quando li a sua coluna afirmando
aos quatro ventos que finalmente o Brasil superou a Argentina em
número de vitórias. Eu sei que a espinha cravada em todo brasileiro
somos nós, pois ao longo das décadas, soubemos construir belos times,
vitórias épicas, 14 Copas Américas, 18 Libertadores, 2 Copas do
Mundo. Mas logo após a vitória de 4 a 2 eram 32 vitórias argentinas
contra 31 dos tupiniquins. De duas uma: ou a vontade de superar
a Argentina é tanta que vale até mentir na mídia ou de fato foi
um erro que pode ser corrigido na próxima coluna. Esclareço também
que acredito que Argentina e Brasil jogam o melhor futebol do mundo,
por isso não estou sendo imparcial, apenas correto. Espero que você
continue desse jeito, sempre expondo a rivalidade da melhor forma
possível (diferente daquele idiota do Galvão Bueno).’’
Ezequiel Nestor Cabrero, São Paulo, São Paulo
O grande assunto do futebol na semana passada foi o confronto entre
Brasil e Argentina, há muito tempo o único grande jogo da América.
O jogo, porém, não era simplesmente mais uma partida entre os dois
eternos rivais. Era o primeiro em eliminatórias de Copa e o último
do século. Cobri a seleção brasileira e a argentina para a partida.
Marcelo Bielsa falou sobre a transcendência da partida, mas mostrou
respeito demais pelo Brasil. Já a comissão técnica brasileira mostrou
não ter nenhum temor diante de um time que vinha com 100% de aproveitamento
de vitórias, pois tem levado vantagem nos últimos anos nos confrontos
com o rival. Sobre os números, levo em conta as estatísticas do
engenheiro Duílio Martino, membro da Federação Internacional de
História e Estatística do Futebol. A Folha, jornal em que trabalho,
utiliza as estatísticas dele. Já a CBF, que leva em conta em seus
números apenas os jogos entre times principais, também aponta para
uma vitória a mais para o Brasil agora. Pelo equilíbrio do confronto,
sempre haverá discussão. Mas é inegável a superioridade brasileira
nos resultados na última década, assim como foi inegável a superioridade
argentina nos anos 30 e 40.
‘‘É claro que é delicioso ganhar da Argentina com olé e tudo
o mais. Mas temos que ter os pés no chão. Esta seleção de ‘‘europeus’’
e o seu técnico almofadinha é uma grande farsa. Os grandes farsantes,
dentre os quais o maior é Luxemburgo (não pode ser Silva não?),
têm que ser extirpados do nosso futebol. A imprensa tem que participar
ativamente desse desmascaramento e não ficar jogando confetes após
qualquer vitória, que foi expressiva pelos números e pelo adversário,
mas não representou o verdadeiro futebol brasileiro. Um abraço.’’
Izael Rabello, Franca, São Paulo
Não disse em nenhum momento que a seleção de Wanderley Luxemburgo
está bem. Muito pelo contrário, não a chamei nem de boa. Minha coluna
tratou basicamente do retrospecto entre os times, que, pela primeira
vez, segundo estatísticas adotadas pela Folha, coloca o Brasil em
vantagem sobre a Argentina, justamente no último jogo entre os times
no século. Para o jogo de volta, em Buenos Aires, é muito possível,
que o retrospecto fique igualado de novo, pois vejo a Argentina
com uma equipe melhor que a brasileira hoje. E, na minha primeira
coluna após o Luxemburgo ter assumido a seleção brasileira, mostrei
seu péssimo retrospecto internacional (jamais havia vencido um jogo
oficial no exterior). Fui provavelmente o primeiro colunista do
Brasil a criticá-lo. Não sou de jogar confete, ainda mais em Luxemburgo
e na CBF (ambos odeiam a cobertura da Folha).
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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mais:
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as colunas anteriores:
30/07/2000 - Século brasileiro
23/07/2000 - Troca de Comando
16/07/2000 - Caça às
bruxas
09/07/2000 - Brasil-2018
02/07/2000 - Campeões melhores
do mundo
25/06/2000 - Desunião européia
18/06/2000 - A volta dos gols
11/06/2000 - Quanto vale o show?
04/06/2000
- Camisa 10 da seleção
28/05/2000 - Licença para jogar
21/05/2000 - Saem os clubes
e entram as seleções
14/05/2000 - "Minhas Desculpas"
07/05/2000 - "Gatos" na Nigéria
30/04/2000 - Presente e Passado
23/04/2000 - Superligas
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