Diego
Medina
|
|
Como não podia deixar de ser, o polêmico promotor de lutas
Don King, falando em voz alta, contando piadas e fazendo imitações,
transformou a apresentação do combate entre o porto-riquenho
Félix Trinidad e o desconhecido francês Mamadou Thiam em uma
grande festa.
Segundo pessoas próximas a King, o norte-americano, que
lança seus olhares sobre o brasileiro Edson do Nascimento,
o Xuxa, dá duro para ser um showman. ‘‘Comentam sobre o seu
caráter, mas ninguém nega que ele trabalha’’, diz Divena Freeman,
que trabalhou como relações-públicas de King. ‘‘Acorda pela
manhã e lê a Bíblia e um dicionário.’’
Do dicionário, o promotor seleciona uma ou duas palavras,
de preferência longas e bastante sonoras, para impressionar
a audiência durante os discursos.
A Bíblia? Talvez estude suas passagens para criar cenas
de impacto. Só King para misturar em um diálogo figuras díspares
como Gengis Khan, Clark Gable e Martin Luther King,
entre dezenas de outros, para atrair a atenção para seus pugilistas.
No ano passado, durante a apresentação da revanche entre
Evander Holyfield e Lennox Lewis, o promotor referiu-se ao
hotel Caesar’s Palace como ‘‘The Living Legend’’ (‘‘A Lenda
Viva’’). ‘‘Como um edifício pode ser uma lenda viva?’’, perguntei.
‘‘Isso é Don King, não tente entender’’, respondeu um colega.
É inato seu talento para vender o seu peixe. Desde Holyfield
até o mais desconhecido desafiante, nenhum passa despercebido
nas reuniões, mesmo que a atenção ocorra no vácuo de King.
O maior rival de King, Bob Arum, advogado formado em Harvard,
não tem o mesmo dom. Não é um showman. Foi impagável, por
exemplo, a expressão em seu rosto, um misto de desapontamento,
frustração e resignação, quando apresentou a um grupo de jornalistas
‘‘o provável próximo rival de Oscar de la Hoya, (o
desconhecido) Shannan Taylor’’, antes da derrota de De la
Hoya para Shane Mosley, e nenhum deles nem mesmo se incomodou
em olhar na direção do australiano.
O maior mérito de Arum está nos bastidores, por exemplo,
na maneira como arquitetou um ídolo como De la Hoya. Não me
entendam mal. Ele seria campeão de qualquer maneira, mas um
ídolo como é hoje? Com discos, milhares de torcedoras
e patrocinadores como o McDonald’s?
Arum age como uma fêmea protegendo seus filhotes. Após
a derrota de De la Hoya para Mosley, pediu a certo ponto que
a entrevista coletiva fosse encerrada, não sendo atendido.
Não suportou esperar . Para evitar expor sua galinha dos ovos
de ouro, segundos depois disse, interrompendo uma pergunta,
‘‘a entrevista está encerrada’’.
Truculência igual havia ocorrido durante uma teleconferência,
à época em que De la Hoya foi acusado de estupro. ‘‘Como se
sente na mesma situação de Tyson’’, perguntaram ao lutador,
em castelhano. ‘‘Perguntaram se De la Hoya sente-se um ídolo
como Tyson, próxima questão?’’, ‘‘traduziu’’ Arum, que não
fala ou entende nada de castelhano.
King e Arum são membros do Hall da Fama, o que diz muito
sobre eles próprios e sobre o boxe.
NOTAS
Popó 1
Uma fonte ligada à Showtime garante que a próxima defesa de cinturão do pugilista brasileiro Acelino Freitas, o Popó, campeão dos superpenas pela OMB (Organização Mundial de Boxe), acontece no próximo dia 23 de setembro, com transmissão da rede norte-americana de TV a cabo. A equipe do boxeador baiano, porém, ainda trabalha com a data de 26 de agosto, apesar de Roberto Messias, membro do grupo, admitir que a informação obtida por esta coluna pode ser a mais correta.
Popó 2
O lutador, que está usando uma aliança na mão direita, revelou que está noivo da também baiana Eliana Guimarães, 22, administradora de uma empresa da área de construção, com quem está namorando há três meses.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
Leia
mais:
Leia
as colunas anteriores:
|