A
partir de hoje, os 29 times da NBA podem se reforçar para o campeonato
00/01. Quase cem atletas procuram emprego. Mas errou quem esperava,
como de hábito, uma corrida pelo ouro. O mercado está se abrindo,
sim, mas o dinheiro não deverá estampar as próximas manchetes.
Pelo menos é o que sinalizaram as conversações prévias e informais
entre jogadores e cartolas.
Em vez da discussão sanguessuga em torno do valor dos contratos,
nas últimas semanas prevaleceu o debate sobre condições de jogo
e perspectivas de sucesso.
A chance de ser feliz está fazendo a cabeça dos principais atletas
sem contrato do basquete norte-americano. De craques consagrados,
como Tim Duncan e Grant Hill, a eternos coadjuvantes, como John
Amaechi (quem?).
Duncan, por exemplo, disse não a uma oferta do Orlando de US$
67,5 milhões por seis anos. Grande astro da seleção norte-americana
que vai a Sydney, preferiu renovar por US$ 32 milhões até 2003
com o San Antonio.
Ninguém entendeu a opção. Afinal, o caminho ao título também seria
menos acidentado na Flórida, dado o baixo nível dos integrantes
da Conferência Leste. Questionado, o superpivô respondeu que vivia
"muito tranquilo" no Texas e que gostava "bastante" dos torcedores.
Até hoje também busca-se o motivo da decisão de Grant Hill. Depois
de ter escolhido o técnico e o presidente do Detroit, o ala surpreendeu
a equipe ao aceitar o convite do Orlando _seis por meia-dúzia,
do ponto de vista técnico. E, na troca, abriu mão de quase US$
15 milhões. É o preço da "vontade de mudar de ares", nas palavras
do jogador.
Alguns times, como o Chicago, que fizeram caixa para esta pré-temporada,
estão quebrando a cara. "Nunca imaginei que isso ocorreria", lamentou
Jerry Krause, um dos mais hábeis executivos da liga norte-americana.
Hexacampeão nos anos 90, o Chicago tenta se reerguer. E já acenou
com US$ 80 milhões para três atletas: Tracy McGrady (Toronto),
Tim Thomas (Milwaukee) e Eddie Jones (Charlotte).
McGrady resolveu fechar por US$ 67,5 milhões com o Orlando. "Vou
morar perto dos meus pais", justificou o armador.
Thomas topou ficar por US$ 40 milhões em Milwaukee. "Serei titular",
explicou-se o ala.
Jones estuda uma proposta de US$ 2,5 milhões do Miami. "Quero
ter a chance de ser campeão", declarou o armador.
Outro caso surpreendente envolveu o pivô inglês John Amaechi.
O cidadão recusou um convite do Los Angeles Lakers, favoritíssimo
ao bicampeonato. Desprezou uma bolada de US$ 25 milhões, por quatro
anos de serviço, e avisou o Orlando que aceita um salário de US$
2 milhões por um ano _sem garantias. "Todo mundo diz que estou
louco, mas acho que vou ser mais útil por aqui", afirmou. É isso
aí, maluco beleza.
*
Quem quiser acompanhar o vaivém de atletas da NBA, pode acessar
o site desta coluna
. A lista das contratações será atualizada toda terça-feira.
NOTAS
Desgaste 1
Um dia depois de Patrick Ewing anunciar que pretende jogar mais
três temporadas, o New York Knicks ofereceu o pivô para o Portland,
pedindo em retorno os alas-pivôs Brian Grant e Jermaine O’Neal.
Não vai rolar.
Desgaste 2
A situação de Allen Iverson desandou de vez. Para se livrar do
armador, o Philadelphia propôs uma megatroca, envolvendo 14 jogadores
(Jerry Stackhouse, Glen Rice e Toni Kukoc, entre eles) e outros
três times (LA Lakers, Detroit e Charlotte). Não vai rolar, também.
Desgaste 3
Outra estrela em baixa é Shawn Kemp. Farto da apatia do ala-pivô,
há um ano muito acima do peso, o Cleveland passou a negociá-lo
com o Portland, também em troca de Brian Grant. Pode rolar, sim.
E-mail:
melk@uol.com.br
Leia
mais:
Leia as colunas anteriores:
25/07/2000
- A vitória do liquidificador
18/07/2000
- Guerra fria
11/07/2000
- Fantasia
04/07/2000
- Seis degraus de separação
27/06/2000 - A questão
carioca
20/06/2000 - A comunidade
e Hollywood
13/06/2000
- Kobe, Schmidt e a fome
06/06/2000
- O homem que nunca ri
30/05/2000
- O inverno paulista
23/05/2000
- A regra do predador
16/05/2000
- A histeria e a hipocrisia
09/05/2000
- A lista dos Romários
02/05/2000
- A Vasco x Vasco + Vasco = ?
25/04/2000
- A temperatura das mãos
18/04/2000
- Joalheria