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04/05/2006
-
11h20
Enviada especial da Folha de S.Paulo ao México
Oaxaca é a capital de um Estado de mesmo nome e fica a sudeste da Cidade do México --mais exatamente a 470 km da capital do país, distância que, se percorrida de carro, vira uma viagem cheia de paradas. Essa cidade corresponde à imagem que se tem do interior desse país. Tudo nessas bandas é colorido, bordado, rebordado e apimentado.
Com menos de 300 mil habitantes, a cidade gira em torno de seu zócalo --a praça principal, onde fica a catedral com sua fachada esculpida em pedra. Nas laterais da praça, um punhado de bares com mesas na calçada perpetua um clima eterno de festa.
Mas é nos três mercados que está o que a cidade tem de melhor, onde se podem observar os costumes e conhecer bem as comidas.
Oaxaca é patrimônio da humanidade pela Unesco e ponto de parada de muitos dos turistas que visitam o país. Daí que diversos viajantes torcem o nariz, acusam-na de ser turística demais. E, de fato, há casas de câmbio em todas as quadras e cardápios bilíngües.
Mas o conjunto arquitetônico, a riqueza cultural e a peculiar gastronomia são motivos mais do que suficientes para fazer valer o título de patrimônio e superar a birra de topar com enormes grupos de excursão, que tomam as ruas e podem passar a madrugada entoando hinos de suas terras após algumas rodadas de mezcal.
Por isso e mais
O centro colonial é bem conservado. Nas ruas, ouvem-se idiomas que não são o espanhol. As línguas indígenas sobrevivem, bem como os hábitos, as roupas e as comidas. Os nativos podem ser antipáticos, a ponto de agredir quem quiser tirar uma foto. Mas podem ser muito legais, fazendo votos de felicidade ao fim da conversa. Esse Estado abriga a segunda maior população indígena do México; perde para Chiapas.
Nos arredores, concentram-se sítios arqueológicos zapotecas e mixtecas, tribos ancestrais que construíram fortificações e pirâmides enormes e ao mesmo tempo as adornaram com delicados mosaicos de pedra.
As ruas cheiram a chocolate --mas não é o do tipo comum, é o "oaxaqueño", que tem consistência de grãos e não leva açúcar. Das portas do mercado, foge a fumaça das dezenas de grelhas responsáveis por uma das melhores refeições em solo mexicano: tortilhas, carne grelhada e guacamole.
Nessa terra em que um gafanhoto seco temperado fortemente com pimenta, alho e limão é o equivalente ao nosso amendoim torrado, todos os sabores são estranhos. E será uma honra se o gusanito --larva que nada no alcoólico mezcal, primo irmão da tequila-- cair no seu copo.
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HELOISA LUPINACCIEnviada especial da Folha de S.Paulo ao México
Oaxaca é a capital de um Estado de mesmo nome e fica a sudeste da Cidade do México --mais exatamente a 470 km da capital do país, distância que, se percorrida de carro, vira uma viagem cheia de paradas. Essa cidade corresponde à imagem que se tem do interior desse país. Tudo nessas bandas é colorido, bordado, rebordado e apimentado.
Com menos de 300 mil habitantes, a cidade gira em torno de seu zócalo --a praça principal, onde fica a catedral com sua fachada esculpida em pedra. Nas laterais da praça, um punhado de bares com mesas na calçada perpetua um clima eterno de festa.
Mas é nos três mercados que está o que a cidade tem de melhor, onde se podem observar os costumes e conhecer bem as comidas.
Oaxaca é patrimônio da humanidade pela Unesco e ponto de parada de muitos dos turistas que visitam o país. Daí que diversos viajantes torcem o nariz, acusam-na de ser turística demais. E, de fato, há casas de câmbio em todas as quadras e cardápios bilíngües.
Mas o conjunto arquitetônico, a riqueza cultural e a peculiar gastronomia são motivos mais do que suficientes para fazer valer o título de patrimônio e superar a birra de topar com enormes grupos de excursão, que tomam as ruas e podem passar a madrugada entoando hinos de suas terras após algumas rodadas de mezcal.
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O centro colonial é bem conservado. Nas ruas, ouvem-se idiomas que não são o espanhol. As línguas indígenas sobrevivem, bem como os hábitos, as roupas e as comidas. Os nativos podem ser antipáticos, a ponto de agredir quem quiser tirar uma foto. Mas podem ser muito legais, fazendo votos de felicidade ao fim da conversa. Esse Estado abriga a segunda maior população indígena do México; perde para Chiapas.
Nos arredores, concentram-se sítios arqueológicos zapotecas e mixtecas, tribos ancestrais que construíram fortificações e pirâmides enormes e ao mesmo tempo as adornaram com delicados mosaicos de pedra.
As ruas cheiram a chocolate --mas não é o do tipo comum, é o "oaxaqueño", que tem consistência de grãos e não leva açúcar. Das portas do mercado, foge a fumaça das dezenas de grelhas responsáveis por uma das melhores refeições em solo mexicano: tortilhas, carne grelhada e guacamole.
Nessa terra em que um gafanhoto seco temperado fortemente com pimenta, alho e limão é o equivalente ao nosso amendoim torrado, todos os sabores são estranhos. E será uma honra se o gusanito --larva que nada no alcoólico mezcal, primo irmão da tequila-- cair no seu copo.
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