"E você aí riniteiro me indique seu top 1 antialérgico", convocou um usuário do X (antigo Twitter) na segunda-feira (19) à noite. Até a tarde desta terça, mais de 2 milhões de pessoas tinham visualizado a mensagem, quase 30 mil curtiram, 6.000 guardaram o post e 5.000 comentaram nele.
O pedido de indicações de medicação contra a rinite gerou uma enxurrada de respostas, e o nome de um remédio famoso foi parar nos trending topics.
"Eu amo esse, resolve tudo porque se você estiver EM COMA INDUZIDO você não vai sentir a crise de alergia kkkkkkk ele me apaga pique tarja preta mas acordo boazinha depois", disse uma carioca, que postou a foto de uma caixinha de remédio.
Outra usuária escreveu "O maior de todos: em várias formas farmacêuticas, gostinho maravilhoso e textura boa (outros são meio aguados), tem ação rápida" em cima da imagem de uma embalagem de xarope.
Entre as milhares de respostas, havia muitas interações de adolescentes contando que fazem uso de medicações desse tipo não só para conter os sintomas da alergia, mas também para relaxar, dormir bem e até "ficar chapado".
"Obviamente, você não deve fazer automedicação, esses medicamentos devem ser prescritos", afirma Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Kfouri explica que a sonolência que estes remédios podem causar é um dos principais efeitos colaterais deles. Isso acontece especialmente com os de chamada "primeira geração", lançados há mais tempo. Só que buscar esse soninho tem riscos.
"Os medicamentos contra rinite mais utilizados por via oral são chamados anti-histamínicos. Eles diminuem a produção dessa substância desencadeada pela alergia, que é a histamina, e, com isso, você reduz os sintomas", diz Kfouri.
"Eles também têm uma ação no sistema nervoso central, deixando essa sonolência. Os medicamentos de segunda e terceira geração são mais seletivos na alergia, sem interferir tanto na sonolência. Mas, mesmo que tenha sido um remédio recomendado por um médico, adolescentes não podem tomar medicação sem o conhecimento dos responsáveis."
O problema, explica o médico, é ter algum tipo de intoxicação. "Quanto menor a idade, maior o risco. Além disso, o consumo de uma dosagem fora do habitual pode trazer problemas de sonolência exagerada, uma 'overdose' que nós chamamos de intoxicação medicamentosa."
A rinite alérgica, como o próprio nome diz, é uma doença alérgica e sem cura. "Não há um remédio que você tome que te faça deixar de ser alérgico", afirma o pediatra. O que existe são os medicamentos preventivos, de controle e com uso contínuo, e as medicações de resgate, para controle das crises. Eles valem tanto para rinite quanto para outras alergias como bronquite e dermatite atópica.
Mas, na verdade, o médico afirma que o melhor jeito de lidar com uma alergia é ficando longe da causa dela. "Se eu sou alérgico a camarão, não adianta ficar comendo camarão todo dia e depois ficar tentando tomar antialérgico. Se eu sou alérgico a pelo de cachorro, não adianta eu ficar dormindo com cachorro e espirrando o tempo todo", diz.
"Claro que nem sempre, morando aqui em São Paulo, com poluição, é fácil para a pessoa só respirar ar puro. Mas é bom se afastar dos fatores evitáveis como carpete, bicho de pelúcia e cortinas. E usar com cautela os medicamentos, sempre com prescrição de um médico."
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.