Chegando agora no ensino médio? Veja o que a nova fase traz de liberdade e desafios

Diretor e coordenador falam sobre temas como provas, relação com os professores e se pode ou não sair na hora do intervalo

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São Paulo

Para muitos jovens, a volta às aulas acontece nesta semana. É aquele mesmo esquema de sempre, rever os amigos, encontrar a nova sala… Mas muita coisa pode ser diferente se você é um adolescente recém-saído do ensino fundamental, chegando agora ao ensino médio.

Tem família, inclusive, que acha que nessa nova fase ninguém mais vai precisar de ninguém, nem o filho, nem os responsáveis —teoricamente, o aluno já saberia estudar sozinho, sem supervisão ou ajuda.

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Estudantes do ensino médio durante Prova São Paulo - Divulgação

"Só que é o contrário, ele vai precisar muito do apoio familiar, e os pais vão ter que dividir essa responsabilidade com a escola. Esse é um dos momentos mais importantes da vida escolar e é preciso fechar a educação básica com chave de ouro", diz Osmar Francisco de Carvalho, diretor da escola Professor Milton da Silva Rodrigues, na Freguesia do Ó.

Para dar dicas aos alunos que vão começar agora o ensino médio, o Folhateen ouviu, além de Osmar, o coordenador do ensino médio do Colégio Marista Arquidiocesano, da rede privada de ensino, Patrick Lima.

O ensino médio tem só três anos, enquanto o fundamental tem vários. Isso quer dizer que o médio é mais fácil?

"A percepção de facilidade é relativa e pode variar entre os estudantes, porém o que percebemos é que embora seja mais curto o ensino médio muitas vezes é considerado mais desafiador. Isso devido aos conteúdos que exigem dos estudantes um nível de abstração e cognição um pouco mais elaborado e às expectativas acadêmicas mais elevadas com a proximidade do ingresso às universidades, em especial o desafio dos vestibulares", diz o coordenador Patrick, do Arquidiocesano.

"São novos desafios. A modalidade ensino médio vai trazer novas expectativas para o aluno, em uma fase de ampliação do círculo social dele. Hoje a gente usa o termo 'projeto de vida' nas escolas. E esse projeto não é ligado só ao mundo do trabalho, é para o aluno sair da escola com alicerces para lidar com as frustrações da vida adulta, como a perda de um emprego, por exemplo. Para ele saber quais passos dar a partir dali", completa Osmar, da escola Professor Milton da Silva Rodrigues.

Quais são os principais desafios?

"Podemos destacar alguns: aumento na carga horária, aumento no número de disciplinas, preparação para os vestibulares, escolha da carreira, gestão do tempo, equilíbrio emocional entre outros", diz Patrick.

No ensino médio os alunos têm mais liberdade no espaço da escola? Pode sair na hora do intervalo, por exemplo?

Aqui vai depender das regras de cada colégio. Na rede estadual de ensino sair não é permitido sem a autorização dos responsáveis.

"A liberdade não pode ser confundida com libertinagem. Todos somos livres, mas há regras. Não pode sair na hora que quer, não pode sair da sala porque não quer assistir àquela aula", diz Osmar. "Esse universo assim todo livre é o da universidade, onde os alunos estão caminhando para a fase adulta. Mas, ainda assim, mesmo na faculdade, se toda hora saírem da aula, o que vão aprender?".

"O que talvez mude é a interação entre os alunos, que acabam tentando ficar mais separados do que consideram infantilizado e muito ligado ao universo do ensino fundamental. É uma sensação de que eles não têm mais paciência pra isso, sabe? No médio, o jovem passa a ser mais crítico, e essa é a ideia da escola, inclusive."

No Arquidiocesano, colégio particular, a saída também não é permitida sem autorização prévia. "Os estudantes têm liberdade para utilizarem todos os espaços do colégio com responsabilidade. Mas não podem sair do colégio no intervalo", afirma Patrick.

É permitido fumar lá fora entre as aulas?

Também vai depender do colégio, mas no geral a resposta é "não". "Em hipótese nenhuma [é permitido fumar]. Inclusive temos ações de prevenção realizadas ao longo do ano relacionadas a qualquer tipo de droga ou substância proibida para idade", diz Patrick, do Arquidiocesano.

O ensino médio tem mais provas que o fundamental?

"Sim, devido ao número maior de disciplinas. Além das provas mensais e bimestrais, temos trabalhos mensais e a participação em sala de aula, que também conta como avaliação. Na rede estadual também temos a Prova Paulista, que ocorre bimestralmente para testar a proficiência do aluno", afirma Osmar.

A relação com os professores muda de alguma forma? É verdade que eles cuidam menos de perto dos alunos e deixam mais cada um por si?

"Isso não é verdade. A relação professor/estudante é extremamente importante para consolidação das aprendizagens, pois não existe aprendizado efetivo sem afeto", diz Patrick. "Porém é importante ressaltar que no ensino médio os alunos precisam ser encorajados a desenvolver maior independência pessoal e acadêmica.

"Na minha época a sensação era de que quase não existiam professores acolhedores, a gente contava nos dedos aqueles que davam mais atenção", afirma Osmar. "Mas eu vejo uma mudança na forma de acolher, de lidar com os alunos. Passamos por formações que tratam dessas questões para termos um olhar mais apurado para os alunos."

No médio é preciso ter mais autonomia e mais organização?

"Sim, no ensino médio é comum esperar que os alunos desenvolvam maior autonomia e habilidades organizacionais", diz Patrick, que lista dicas que ajudam na autonomia e organização.

  • Crie um cronograma de estudos (gestão do tempo);
  • Estabeleça metas claras (curto, médio e longo prazo);
  • Utilize um bom sistema organizacional;
  • Comunique-se efetivamente com os professores (não deixe dúvidas para trás);
  • Participe de grupos de estudos (plantões de dúvidas, quando o colégio oferecer).

Quais as vantagens de se inscrever em simulados de vestibulares e como treineiro do ENEM?

"A principal vantagem é que, quando chegar na hora em que é pra valer, o aluno vai estar muito mais preparado. Tudo aquilo a que você dedica e exercita fazer te deixa mais preparado", afirma Osmar. Patrick, do Arquidiocesano, também diz que praticar nos simulados faz os alunos lidarem melhor com o nervosismo diante da prova.

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