Descrição de chapéu
Todo mundo lê junto

Artista consegue rimar desenhos ao ilustrar versos sobre tristeza

No livro 'Milágrimas', Luli Penna reinterpreta letra de canção de Alice Ruiz S

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São Paulo

Todo mundo, grande ou pequeno, tem dias em que não está muito bem. Às vezes acorda meio triste, às vezes se chateia com algo que acontece no trabalho ou na escola.

Nesses momentos, a gente tenta fazer algo para se distrair, pensa em outra coisa ou procura um carinho de alguém querido.

Mas tem vezes em que simplesmente a gente chora e aí percebe que isso era tudo de que se precisava para se sentir melhor.

“Milágrimas” fala disso. O nome curioso é o título de uma letra de música de Alice Ruiz S, que ganhou melodia de Itamar Assumpção (1949-2003), um grande artista, amigo e parceiro musical da escritora.

Isso foi em 1990 e, ao longo desses 30 anos, a música foi regravada por várias cantoras, como Zélia Duncan e Alzira Espíndola, e inspirou espetáculo de dança. No fim do ano passado, ganhou uma nova versão, mas em desenhos de Luli Penna.

“Milágrimas”, o livro, é uma narrativa visual: as palavras não estão soltas nas páginas, mas entremeadas ao desenho da autora. É o primeiro lançamento do selo o.Tal, com o qual a editora Caixote passa a publicar não só para crianças mas também para quem acabou de sair da infância.

O desafio aqui era fugir do óbvio ao ilustrar as soluções singelas que os versos vão dando para lidar com a tristeza: em caso de dor, ponha gelo, mude o corte de cabelo, vá ao cinema, troque já esse vestido.

Luli Penna respondeu com desenhos meio surreais, que vão se continuando, como os versos da canção se encadeiam, ainda mais se cantados (o livro fica ainda mais gostoso se você escutar a música, disponível nas plataformas de áudio). É como se ela “rimasse” os traços.

O objetivo de um artista não é, ao contrário do que muitos pensam, passar uma mensagem. Mas em muitos casos isso acontece. Uma boa canção faz a gente se reconhecer no que o artista está nos dizendo. No fim do livro, Alice Ruiz S conta como nasceu a letra, com a qual é muito fácil se identificar.

Como não sorrir ao pensar no efeito de ideias tão simples feito “coma só a sobremesa, coma somente a cereja”? Talvez os adultos não aprovem tanto, mas vai dizer que não funciona se mimar um pouco?

Outras ideias talvez não sejam tão claras para as crianças, como “esqueça seu cotovelo”. Mas os pais, ou eu mesma, podemos explicar. Lá vai: algumas chateações a gente chama de dor de cotovelo, e quem já bateu o cotovelo logo entende —é uma dor chata que demora a ir embora.

Mas o mais lindo de tudo é entender que tem hora que nada disso resolve, e tudo bem. Daí a gente chora e sente o gosto do sal, a cada lágrima, até, de mil lágrimas sair um milagre.

Milágrimas

  • Preço R$ 42 (48 págs.)
  • Autor Alice Ruiz S e Luli Penna
  • Editora Caixote (selo o.Tal)

TODO MUNDO LÊ JUNTO
Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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