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Por que será que amamos tanto falar de dragões?

Da nova série da HBO a 'Como Treinar Seu Dragão', obras para adultos e crianças dão vida aos seres mágicos

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Imagem do filme 'Como Treinar o Seu Dragão 3' Divulgação

São Paulo

Na última semana, muitos adultos se animaram com a estreia na TV de "A Casa do Dragão" —grande parte deles gostava também de assistir a "Game of Thrones", série que acabou em maio de 2019.

Como o próprio nome já sugere, a nova história promete falar bastante de... dragões. E, para as crianças que curtem enredos fantásticos, games como "Spyro the Dragon" e desenhos tipo "Caverna do Dragão", pode soar curioso que tanta gente que já passou da infância se interesse por esse tipo de personagem.

A princesa Rhaenyra Targaryen, papel de Milly Alcock, protagonista de 'A Casa do Dragão', derivado de 'Game of Thrones'
A princesa Rhaenyra Targaryen, papel de Milly Alcock, protagonista de 'A Casa do Dragão', derivado de 'Game of Thrones' - Ollie Upton/HBO Max

Mas, afinal, por que será que amamos tanto falar de dragões, e em todas as fases da vida? Imagina-se que o fascínio humano por estas criaturas tenha surgido há muitos anos, quando foram escavados os primeiros fósseis de dinossauros e, depois, os de bichos da Era do Gelo, como mamutes e rinocerontes peludos.

"Alguns acharam que eram humanos com formas gigantes, outros acharam que podiam ser monstros que desapareceram. Ali surge a primeira ideia dos dragões", conta Reinaldo José Lopes, jornalista especializado em biologia e arqueologia, e colunista da Folha.

Criada a fantasia, começam algumas divisões de pensamento. Lopes explica que, nas mitologias grega e escandinava, dos vikings, se pensava os dragões mais como cobras gigantes. "Heróis gregos lutaram contra dragões, o Hércules, por exemplo, combate um de várias cabeças, enquanto o Jasão foi buscar uma pele feita de ouro e também lutou contra um dragão."

Em outros lugares, eles são representados com quatro patas. De todo modo, Lopes acredita que tenha relação com essa "origem réptil" a ideia de que os dragões são seres muito antigos e praticamente imortais.

"Talvez tenha a ver com a ideia de que cobras trocam de pele, essa habilidade de se renovar e estar sempre jovens", acredita.

Outra curiosidade é que também havia de um lado (no Ocidente) quem pensasse que dragões eram vilões, e, do outro (Oriente), culturas que entendessem que eram criaturas mais neutras ou até bondosas, como espíritos que protegem os humanos.

"A Casa do Dragão", a nova série da TV, foi escrita por George R. R. Martin, que também é autor de "Game of Thrones" e outros livros de ficção científica e fantasia. "Na obra dele os dragões não são inteligentes, são animais mesmo", explica Lopes.

"O Martin cria a possibilidade de uma dinastia de nobres se juntar e se especializar no uso de dragões como armas de guerra, bichos que viram quase aviões de combate."

Segundo Lopes, George R. R. Martin teria se inspirado em outro escritor, o J. R. R. Tolkien, morto em 1973 —são dele os livros "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis", por exemplo.

"O Martin era criança nos anos 1960, que é quando ‘O Senhor dos Anéis’ explodiu de popularidade. Só que ele quis fazer uma visão mais sombria daquele universo", explica.

Lopes, que estuda a obra de Tolkien e que traduziu uma das edições mais recentes de "O Hobbit" no Brasil, pela editora Harper Collins, ensina que, nas histórias do autor, os dragões são "bem do mal".

"Eles podem ter sido originalmente humanos que se corromperam tanto que se transformaram em dragão. Eles têm paixão pelo ouro, tendem a formar grandes tesouros, destroem vilas. Daí vão para um lugar subterrâneo, deitam em cima desse ouro e ficam ali completamente apaixonados por essa riqueza."

Smaug, dragão do filme 'O Hobbit' - Divulgação

No caso do Hobbit, o dragão famoso é Smaug, uma criatura que roubou a riqueza do reino dos anões, matou grande parte do seu povo, e fez seu reino dentro de uma montanha. "Na história, a missão do hobbit Bilbo e de seus amigos é tentar recuperar essa riqueza", diz Lopes.

Smaug é vermelho e dourado, solta fogo e é extremamente vaidoso, como se olhasse todo mundo do alto, com arrogância. Sua pele é uma armadura poderosa, mas que tem um ponto fraco importante. "A barriga dele é molinha, e os heróis dão um jeito de derrotá-lo acertando ali."

O jornalista lembra, ainda, de outras duas grandes histórias com dragões. "Tem ‘O Feiticeiro de Terramar’, da Ursula Le Guin, em que o dragão é uma reencarnação das forças da natureza de da sabedoria. Alguns magos se tornam amigos deles", diz.

"E também ‘Caverna do Dragão’, desenho que tem origem no RPG mencionado em ‘Stranger Things’, que tem um dragão que persegue o vilão Vingador. Ele também é uma força na natureza, e foi inspirado em um dragão fêmea de muitas cabeças da mitologia babilônica."

Os filhos de Lopes, Miguel, de 12 anos, e Laura, de 7 anos, também são fãs de fantasia, como o pai. Uma das séries de livros favoritos deles é "Como Treinar Seu Dragão", de Cressida Cowell, e que no Brasil é publicada pela editora Intrínseca.

A história, que já tem mais de uma dezena de títulos, inspirou também a sequência de filmes com o mesmo nome. "Nos livros, o dragão Banguela é muito esperto, mas minúsculo e verdinho, o mais vagabundo que tem. Já nos filmes ele foi transformado em um ‘heroizão’ grande e preto."

Personagem Banguela, um dragão de escamas pretas e olhos verdes, em "Como Treinar Seu Dragão 2"
A versão de Banguela no filme 'Como Treinar Seu Dragão 2' - Divulgação

Laura diz que o que mais gosta nos livros são os desenhos dos personagens. "O mais legal dos livros é o alívio cômico, e meu personagem preferido é o Banguela, porque ele é engraçado", completa Miguel.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que afirmava o texto, o dragão dos livros e filmes "O Hobbit" se chama ​​Smaug, e não Smaud. A informação foi corrigida. 

 

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