Descrição de chapéu Todo mundo lê junto

Conhecer a história evita que ela se repita, diz autora de livro sobre nazismo para jovens

'A Menina Com Estrela', de Luize Valente, mostra amizade entre meninas na Segunda Guerra

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São Paulo

A escritora carioca Luize Valente conta que sempre se interessou por conflitos. Não como alguém que briga, mas como alguém que conta histórias sobre grandes disputas e sobre situações importantes da história do mundo quando dois ou mais lados de uma questão não conseguiram se entender.

Desde pequena, um dos principais conflitos que chamavam a atenção de Luize era o do nazismo na Alemanha. O nazismo foi uma maneira de pensar criada por um político alemão chamado Adolf Hitler, que viveu entre 1889 e 1945.

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Ilustração de Gisele Daminelli mostra a mãe de Eva costurando a estrela em sua roupa - Divulgação

Para ele, os alemães de pele branca eram de uma raça superior —a raça ariana. "E, para Hitler, os culpados de tudo de ruim que havia acontecido ao país eram os judeus. Ele tinha um ódio mortal deles, era o que chamamos de antissemita, ou seja, uma pessoa que não gosta de judeus simplesmente por eles existirem", explica Luize.

O judaísmo é uma religião que existe até hoje em todo o mundo —atualmente, entre 12 e 14 milhões de pessoas seguem essa religião. Por causa da perseguição promovida por Hitler, mais de 6 milhões de judeus foram mortos.

"Hitler era um ditador que queria impor certas leis, certas regras, dizendo que algumas pessoas eram diferentes das outras e não teriam direito de continuar sendo alemãs. Ele fez isso com judeus, ciganos e com pessoas que eram contra o que ele pensava", completa Luize.

Embora não apareça assim, com nome e sobrenome, Adolf Hitler é uma das pessoas principais do novo livro de Luize, "A Menina Com Estrela" (editora LeYa, selo Pingo de Ouro, R$ 54). Sua primeira obra escrita para crianças e jovens trata do nazismo como algo que tenta destruir, entre tantas outras coisas, a amizade entre duas meninas.

No livro, Luize conta a história de Alma e Eva, amigas que crescem durante a Segunda Guerra Mundial, um conflito que existiu de verdade e durou de 1939 a 1945. "Quis mostrar que, mesmo que tenha alguém impondo alguma coisa pra gente, isso nunca estará acima dos sentimentos que temos pelas pessoas", diz.

A "estrela" do título do livro diz respeito a uma estrela amarela que, durante o período do nazismo, os judeus eram obrigados a usar, costurada à roupa. "A estrela virou uma marca imposta por Hitler, só que, ao mesmo tempo, essa estrela, dentro do judaísmo, sempre foi uma coisa de muito orgulho. Significa sorte, proteção."

Na história, Eva é obrigada a usar a estrela. E isso é só o começo de uma série de dificuldades que ela vai ter que enfrentar até o final do livro.

O sofrimento dela, aliás, é bem diferente do que talvez vejamos nas histórias com que estamos acostumados —e, além de incomodar muito imaginar que uma pessoa passe por tanta dor, fica ainda mais complicado pensar que isso tudo aconteceu mesmo, na vida real (não com Eva, mas com milhões de seres humanos).

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Gisele Daminelli assina as ilustrações de 'A Menina Com Estrela'; nesta, ela mostra um campo de concentração - Divulgação

Por isso, é interessante ler "A Menina Com Estrela" acompanhado de um adulto, que vai poder ajudar não só a entender o enredo, como também dar apoio na hora de lidar com esses momentos mais tensos da história.

E talvez você se pergunte por que, então, ler um livro que pode assustar a gente. Primeiro, porque crianças e jovens podem e devem conversar sobre assuntos difíceis —afinal, a vida está cheia deles, e mais cedo ou mais tarde será preciso encará-los.

Segundo, porque, como ensina Luize, se não nos lembramos das coisas ruins que aconteceram no passado, estaremos condenados a vivê-las de novo. Em Auschwitz, campo de confinamento e trabalho forçado para onde vários judeus foram mandados, há uma placa com uma frase que diz isso.

"Por mais que a gente possa achar que a guerra acabou há muitos anos, ela não está tão distante assim. A gente tem que conhecer a história pra não deixar que ela se repita. Crianças foram separadas dos seus pais simplesmente por terem um pensamento diferente do que o governo pensava", diz Luize.

"Sempre vai haver o risco de algo como o nazismo ressurgir, porque sempre vamos ter no mundo pessoas que são mais autoritárias. Cabe a vocês, adultos do futuro, ter discernimento para não deixar que isso aconteça de novo."

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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