Descrição de chapéu Todo mundo lê junto

Pediatra dá dicas para crianças e jovens dormirem e acordarem mais cedo

Com retorno à escola, é preciso ajustar rotina de quem passou mais de um mês sem hora para sair da cama

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São Paulo

Na volta às aulas, todos os alunos têm uma coisa tão importante quanto mochila e caneta colorida para providenciar, e que não entra em nenhuma lista de material escolar —a força de vontade para acordar cedo. Independentemente de estudar de manhã ou à tarde, semana que vem todo mundo vai precisar ajustar a agenda para abandonar o ritmo de férias e voltar à rotina.

Antes de tudo, é importante saber que não foi só porque passamos mais de um mês acordando tarde que provavelmente teremos dificuldade de pular da cama na hora certa. Existe uma razão fisiológica para isso, especialmente quando já se passou dos 12 anos de idade.

Relógio despertador - Gabriel Cabral/Folhapress

Quem explica é Gabriella Lube, pediatra e médica de adolescentes na Casa Curumim, em São Paulo, e membro do departamento de saúde mental da Sociedade Paulista de Pediatria.

"Uma criança pequena precisa de sonecas, enquanto uma criança maior já dorme oito horas por noite e fica bem. Já o adolescente volta a ter uma necessidade maior de sono. Ele é um corpo que está crescendo e trabalhando muito, e precisa dormir de nove a dez horas por noite, em média", diz.

Pelos costumes brasileiros, é justamente nessa fase da vida que a maioria dos alunos sai do período vespertino (da tarde) na escola, e passa para o matutino (de manhã), o que, para Gabriella, é meio injusto com os adolescentes.

De todo modo, é preciso abraçar a realidade e se adaptar a ela. Por isso, a médica dá várias dicas para crianças e famílias se ajudarem e voltarem às aulas com menos sofrimento. Por exemplo: não adianta começar a mudança no relógio agora, uma semana antes.

"A recomendação é que nunca se faça isso com mais de três dias de antecedência, senão fica muito longe da data. A não ser que a criança ou jovem esteja muito preocupada com isso também, não valerá a pena", ensina Gabriella.

O ideal é mudar a rotina primeiro pelo dia, e não pela noite. "Vamos supor que a galera atualmente esteja saindo da cama à uma da tarde. É bom pensar em levantar mais cedo, mas não adianta levantar e ficar olhando para o teto, tem que ter contato com a luz do sol, natural."

"Nosso cérebro precisa de luz solar para entender o que é dia e o que é noite. Então, coloque o despertador para de manhã, abra a janela e tente ir fazer algo fora de casa, ou, se não conseguir sair por qualquer motivo, ao menos fique um pouco na varanda, por exemplo", sugere.

Eis que a noite chega, e Gabriella avisa: "É importante saber que um adolescente provavelmente não vai conseguir dormir antes das 21h, porque eles desenvolvem uma tolerância ao sono igual à dos adultos".

Com isso, vale tentar ir deitar a cada dia uma hora mais cedo, no começo da adaptação —passar de uma da manhã para meia-noite, de meia-noite para 23h, e assim progressivamente. No caso dos adolescentes, também é preciso um comprometimento global.

"Como em toda mudança de hábito, tem que estar todo mundo na mesma página. Não dá para exigir que um filho vá dormir às 22h se a família vai às 23h. É preciso muita negociação, e fechar um acordo em família", ensina a médica.

Outra dica: zerar as telas pelo menos duas horas antes de deitar para dormir. "Inclusive a TV", diz Gabriella. "Sei que é difícil, mas é preciso evitar telas ao máximo, principalmente as pequenas, que têm a luz azul."

"Temos que ajudar o cérebro a desligar. Então, diminua a luz da casa e, se for fazer alguma atividade, que ela não seja muito intensa. Se for jogar videogame, que não seja um jogo agressivo, se for brincar, que não seja na cama elástica. Temos que ter rotinas de dormir e de despertar."

"É uma mudança de hábito que exige tempo e respeito às falhas, porque elas vão existir. Mas vale pensar que, quando chegar sábado e domingo, não dá para voltar a ir dormir à uma da manhã", alerta.

E, nesse começo, especialmente para quem vai estrear nas aulas matutinas, Gabriella diz que estão liberados cochilos na volta da escola, depois do almoço, por exemplo. "Coisa de uma a duas horas no máximo, para conseguir chegar no final do dia sem virar um monstro do mau humor", brinca.

E, de pé novamente, no meio da tarde, vale se comprometer com tarefas como levar o cachorro para passear, ir para academia ou fazer qualquer outra atividade física. "É legal que seja algo que te canse e te ajude a voltar a ter sono de noite. E, não, isso não inclui ficar na frente da TV."

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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