Relembre seis parques de diversão que já fecharam e deixaram saudades em SP

Playcenter, The Waves, O Mundo da Xuxa e outros centros para famílias atraíram milhares de visitantes desde a década de 1940

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São Paulo

Hoje em dia é comum ver parquinhos com carrossel, carrinho de bate-bate e até roda-gigante espalhados pelas grandes cidades do país. Mas houve um tempo em que centros de diversão como estes, feitos para toda a família, eram raridade e motivo de comemoração quando abriam suas portas para o público.

No sentido inverso, sempre que um deles precisava encerrar suas atividades muita gente ficava triste —as crianças especialmente, perdiam um lugar para curtir muitas emoções diferentes, tipo o medo na casa mal-assombrada e o frio na barriga da montanha-russa.

A Folhinha relembra seis parques de São Paulo que já fecharam há algum tempo, e que deixaram saudades em gente grande e pequena.

The Waves

Imagine um parque com um monte de piscinas de todos os tipos: funda, rasa, com sal, doce e até com ondas. Assim era o The Waves, que foi inaugurado em 1991 em um terreno de 57 mil m² na zona sul de São Paulo, perto da ponte João Dias.

A ideia dos criadores do parque era que ele funcionasse por 20 horas todos os dias, nos 365 dias do ano, sem nunca fechar suas portas. Com isso, dava para brincar nas piscinas até de noite, inclusive durante o inverno.

Visitantes brincam em bóias em uma das piscinas do parque aquático The Waves, que funcionou em São Paulo nos anos 1990 - Antonio Gaudério/Folhapress

Depois de estacionar o carro em um espaço com capacidade para até 2.000 veículos, as famílias iam para os vestiários, onde trocavam de roupa e deixavam seus pertences em armários. Todo mundo então passava por um exame médico, para ver se havia algum machucado na pele que impossibilitasse o banho de piscina.

O ingresso dava direito a até três horas de brincadeiras –quem quisesse ficar mais pagava pelas horas extra na saída. As piscinas ficavam distribuídas em áreas cobertas e ao ar livre, e havia tobogãs que faziam curvas do lado de fora, voltando para dentro do prédio antes de desembocar na água. Dava até para tomar "sol" artificial, debaixo de raios ultravioletas e fontes luminosas.

Aos poucos, o parque foi funcionando menos horas por dia, diminuiu o número de funcionários, e depois de apenas quatro anos fechou as portas. Foi demolido, e no seu lugar surgiu um supermercado.

Playcenter

Talvez o parque de diversões mais famoso da história de São Paulo, o Playcenter foi inaugurado em 27 de julho de 1973 e fechou suas portas em 29 de julho de 2012. Ficava em uma área de 85 mil m² na Barra Funda, em frente à Marginal Tietê, e recebeu o mesmo nome de um tobogã que funcionou em 1971 na frente do Ginásio do Ibirapuera, na zona sul. O escorregador foi comprado e levado para o novo terreno.

Na época da abertura, o parque tinha 15 atrações, incluindo a Super Jet, a primeira montanha-russa de aço do país (as anteriores eram feitas de madeira). O Playcenter daquele período tinha até show de baleias, duas orcas capturadas na Islândia.

SÃO PAULO, SP, BRASIL, 29-7-2012-Visitantes brincam no último dia de funcionamento do Playcenter - Rivaldo Gomes/Folhapress

O parque foi crescendo, e entre os brinquedos mais procurados estavam a Splash Mountain, um trenó aquático que descia rampas bem inclinadas e "mergulhava" num tanque, jogando água para todos os lados; a Casa do Espanto, com atrações assustadoras; o Show dos Ursos, em que bonecos cantavam e dançavam; e o Cine 2000 ou Cine 180º, onde os visitantes assistiam ao filme de pé e se sentiam como se estivessem participando da ação na tela.

Uma das atrações que mais deixaram saudade foi a Montanha Encantada, em que um barco em formato de tronco navegava por um canal tranquilo, todo coberto, passando por vários cenários coloridos e cheios de bonecos eletrônicos que se mexiam ao som da música-tema.

Outro ícone começou em 1988: as Noites do Terror, quando o parque abria à noite e pessoas vestidas de monstros assustavam os visitantes.

O Mundo da Xuxa

A apresentadora de TV Xuxa já era uma estrela fazia muito tempo quando um parque com seu nome foi inaugurado em São Paulo. Era 3 de julho de 2003, e o lugar escolhido tinha sido ocupado antes pelo Parque do Gugu (apresentador de TV morto em 2019), de 1997 a 2002.

O Parque da Xuxa, com 12 mil metros quadrados de área, ficava dentro do shopping SP Market, na zona sul. Ele aproveitava alguns dos brinquedos antigos, mas as notícias da época diziam que, ainda assim, foram gastos mais de R$ 20 milhões na compra de outras atrações para complementar o espaço.

Carrinhos de bate-bate no parque O Mundo da Xuxa, dentro do shopping SP Market, na zona sul de São Paulo - Edson Sales/Folhapress

Eram 21 brinquedos e todos de certa maneira faziam uma homenagem a Xuxa, fosse no nome, no visual ou em ambos. Havia, por exemplo, o Simulador X, que tinha logo na entrada uma esfinge com o rosto de Xuxa. Primeiro, os visitantes assistiam a um show, e depois entravam em uma sala de projeção tipo cinema, com capacidade para 48 pessoas.

Ali, o brinquedão reproduzia os movimentos que passavam na tela, balançando adultos e crianças em todas as direções. Outra atração que fazia sucesso era a montanha-russa O Mundo da Xuxa, com 12 carrinhos e até um castelo no cenário do percurso.

O parque fechou em 28 de fevereiro de 2015. No seu lugar foi inaugurado o Parque da Mônica.

Parque Shanghai

O Parque Shanghai funciona até hoje, desde 1919, no Rio de Janeiro. Ele também teve uma filial em São Paulo, inaugurada na década de 1940 no bairro do Glicério, no centro da cidade.

O lugar tinha as atrações típicas dos parques de diversão, como montanha-russa e carrossel, mas também recebia grandes espetáculos como shows de música, teatro e até bailes de Carnaval. A Folha promovia lá a Festa do Jornaleiro, e a Portuguesa fez no espaço do Shanghai algumas das suas festas juninas daquele período.

SÃO PAULO, SP, BRASIL, 20-12-1958: Crianças, filhos de funcionários da Folha de S.Paulo, se divertem no parque de diversões Shangai, em São Paulo (SP), durante as comemorações das festas de Natal - Folhapress

Por volta dos anos 1960, os arredores do parque foram entrando em decadência. Em novembro de 1968, o parque foi fechado, e do lado de fora foi colocada uma placa que dizia "Cedendo ao progresso, o Parque Shanghai encerrou suas funções".

Zoo do Agenor

Na década de 1940, um homem chamado Agenor Gomes abriu as portas do seu jardim à população em geral, para que todos pudessem se divertir ali. Só que aquele não era um jardim normal, mas sim um jardim zoológico, onde havia até leões.

Aos sábados e domingos, vários ônibus saíam do largo da Concórdia, no Brás, e iam até a Vila Guilherme, na zona norte da cidade, onde o espaço de Agenor ficava. Uma equipe de reportagem da Folha visitou o espaço e publicou uma matéria a respeito.

Agenor Gomes, criador de zoológico particular na Vila Maria, zona norte de São Paulo, com filhote de onça-pintada - Antonio Pirozzelli/Folhapress

"O Zoológico do Agenor tem de tudo, desde o simples e popular papagaio brasileiro e o mais feroz leão africano, até o mais raro faisão dourado da China. Logo à entrada, soltos sobre a grama, uma arara do Amazonas, com tantas cores nas penas que até fazia lembrar uma porta de tinturaria. Mais adiante, em gaiolas, jaulas ou pequenos pastos, um pavão da Índia, um cacatu da Austrália, um chimpanzé da África, um casal de leões também da África, ursos da Rússia e Arábia, búfalos dos EUA, lobos europeus, uma raríssima arara azul do Amazonas, papagaios africanos e nacionais, lagartos, macacos japoneses e brasileiros, antas e um infinidade de outros bichos.

Diz-se que Agenor teria morrido ao tratar da aliá (fêmea do elefante) Bruma, mas não há confirmação dese fato.

Adalbertolândia

Em 1969, o publicitário e professor de inglês Adalberto Costa de Campos —seu Adalberto para os íntimos— criou num jardim o parquinho que recebeu um nome em sua homenagem, tipo a Disneylândia, que é a terra do Walt Disney. A Adalbertolândia, terra do seu Adalberto, nasceu quando ele chegou ao bairro do Sumaré e via crianças brincando na lama.

No terreno da sua família, ele foi colocando balanços, gangorras, lixeiras falantes (elas tinham um recado na frente escrito "Oi, tudo bem?") e vários brinquedos que as crianças adoravam.

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SÃO PAULO, SP, BRASIL 24.03.2018-Seu Adalberto, na Adalbertolândia - Jorge Araújo/Folhapress

No castelinho, havia a legenda "Permitido para crianças de até 100 anos, com seguro". Um carrossel que estava todo quebrado no depósito da antiga loja Sears foi reformado e disponibilizado pelo seu Adalberto.

Ele mesmo limpava as trilhas e pintava os brinquedos, e tudo sempre conversando com todo mundo, sorrindo, sempre gentil.

Seu Adalberto morreu em março de 2022 e seu parque foi fechado pouco tempo depois. A Folhinha publicou um texto sobre ele na ocasião. "Adalbertolândia é um parque privado, isto é, um espaço pra lazer que não foi inventado pela prefeitura, pelo governo, ou pelo Estado: foi criado dentro de uma propriedade privada.

Ele [Adalberto] ficava lá, na casa dele, espiando as pessoas que iam se divertir —eu disse ‘ele ficava’, porque semana passada o Seu Adalberto resolveu ir brincar noutro parque. No Parque do Céu, Seu Adalberto deve ter sido recebido com todas as honras", escreveu o repórter Ronaldo Bressane.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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