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Coleção Vaga-Lume ganha homenagem em livro com easter eggs de obras famosas

'Detetive Vaga-Lume e o Misterioso Caso do Escaravelho', de Marcelo Duarte, traz 'suplemento de trabalho' com referências

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São Paulo

Alguns anos atrás, uma série de livros fazia muito sucesso entre as crianças –era a Vaga-Lume, que publicava histórias criadas por diversos autores. Os fãs chegavam a se sentir amigos dos escritores, mandando cartas e recados para eles. Um dia, o autor Luiz Galdino, que tem cinco livros na Vaga-Lume, recebeu de um menino um pedido inusitado: ele queria passar um tempo em sua casa, porque havia se desentendido com seus pais.

Ilustração da capa do livro 'Um Cadáver Ouve Rádio', de Marcos Rey, um dos sucessos da coleção de mais de uma centena de livros Vaga-Lume - Reprodução

O jornalista Marcelo Duarte, que assina a coluna O Curioso na Folhinha, era um desses apaixonados pela Vaga-Lume. Não chegou ao ponto de pedir abrigo na casa de ninguém, mas desenvolveu uma conexão tão grande com a coleção que alimentou o sonho de um dia se tornar ele também o autor de uma das histórias.

A Vaga-Lume completou 50 anos em 2023. Ao longo deste tempo, publicou 106 livros, sendo o mais recente "Os Marcianos", de Luiz Antônio Aguiar, de 2021. Por volta de 1974, quando Marcelo Duarte tinha quase 10 anos de idade, ele leu "O Caso da Borboleta Atíria", de Lúcia Machado de Almeida, e começava ali seu amor pela Vaga-Lume.

Foi devorando livro por livro, e quando já estava virando um jovem, à beira de deixar a série para trás em sua infância, caiu em suas mãos "O Mistério do Cinco Estrelas", de Marcos Rey, publicado em 1981. "Virei fã do Marcos. E pensei que aquele era o tipo de livro que eu adoraria escrever", lembra Marcelo, que fez exatamente isso.

Ele escreveu uma sinopse (tipo de resumo de uma história), mandou para a editora da Vaga-Lume, que na época era a Ática, e sugeriu que eles publicassem sua ideia na coleção. Àquela altura, Marcelo já era um autor famoso, depois de lançar seu "Guia dos Curiosos".

A editora gostou da trama criada por Marcelo e resolveu incluí-la na Vaga-Lume. "Jogo Sujo", como foi batizado o livro, chegou às mãos de Marcos Rey, ídolo de Marcelo, que retornou o presente com um bilhetinho: "Muitos jovens tentaram e não conseguiram. Bem-vindo ao time", escreveu Marcos.

Depois de cinco livros publicados na Vaga-Lume, Marcelo Duarte agora reforça seu lugar no time de autores e de fãs da coleção ao lançar "Detetive Vaga-Lume e o Misterioso Caso do Escaravelho", uma homenagem aos 50 anos da série e um presente para quem gosta de aventura e mistérios.

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Capa do livro 'Detetive Vaga-Lume e o Misterioso Caso do Escaravelho', de Marcelo Duarte - Divulgação

Não só porque, assim como todos os outros livros da Vaga-Lume, este também tem uma trama com um segredo a ser desvendado, mas porque Marcelo "escondeu" ao longo das páginas 50 "easter eggs", nome que se dá às surpresinhas que os criadores de uma coisa deixam espalhadas para que os usuários encontrem aos poucos.

"No começo fiquei com medo de ficar meio bobo. Mas aí fui pesquisar os livros, reli alguns, encontrei editores, fui entendendo a história da coleção e as ideias começaram a vir na cabeça naturalmente. Começou a ficar divertido", conta Marcelo.

As surpresinhas começam pelo título e aparecem, por exemplo, como nomes de lugares e personagens tirados de livros como "O Escaravelho do Diabo" (1974), "Aventuras de Xisto" (1982) e "O Rapto do Garoto de Ouro" (1982). A oncinha de pelúcia que uma das protagonistas carrega se chama Pimpa, igual à menina que perde a mãe e fica órfã em "Sozinha no Mundo" (1984).

Para ninguém perder nenhum dos easter eggs, o novo livro vem com um encarte com todas as referências e as páginas em que elas estão localizadas. O livreto, inclusive, também é uma menção à Vaga-Lume –dentro de cada obra da coleção vinha o Suplemento de Trabalho.

"O encarte trazia exercícios sobre a história. Muitos professores o usavam em sala de aula e contavam que muitas vezes quando iam iniciar o trabalho notavam que a maioria dos alunos já tinha respondido às questões em casa. Os leitores ficavam tão envolvidos com a leitura que queriam continuar falando e escrevendo sobre a história", lembra a editora Carmen Lucia Campos, que trabalhou na Ática e agora também edita o lançamento de Marcelo Duarte.

Para ela, a "fórmula de sucesso" de um livro da Vaga-Lume era misturar personagens jovens, muita ação e mistério, um pouco de humor, além de, claro, ter um tema que interessasse às crianças.

"Os leitores da Vaga-Lume eram muito fiéis: quem lia um livro queria ler outros e havia até competição entre os jovens para saber quem tinha lido mais livros. Havia até espaço nos próprios livros para o leitor assinalar que livros já tinha lido."

Após 12 anos sem lançamentos, em 2020 novos livros passaram a ser publicados na Vaga-Lume. Naquele ano, saiu "Ponha-se no Seu Lugar!", da escritora e pesquisadora Ana Pacheco, uma releitura de "O Nariz", do russo Nikolai Gógol, para os tempos atuais.

Em 2021, vieram volumes como "A Turma da Rua Quinze", de Marçal Aquino, que narra o desaparecimento de um menino e a investigação de um casarão suspeito, onde vive um homem estranho.

Alguns anos antes, em 2015, os livros da Vaga-Lume haviam sido relançados pela editora Somos, dona da Ática. Hoje, quase todos são vendidos em livrarias físicas e online por uma média de R$ 35 cada. Para os fãs das edições antigas, é possível encontrá-las nos sebos virtuais e presenciais.

Detetive Vaga-Lume e o Misterioso Caso do Escaravelho

  • Preço R$ 47,90 (160 páginas)
  • Autoria Marcelo Duarte, com ilustrações de Rogério Borges
  • Editora Panda Books

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Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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