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Irmãos formam brigada de combate à dengue e ajudam vizinhança em Jundiaí (SP)

Crianças com idades entre 8 e 12 anos têm até uniforme e visitam casas para falar do combate ao mosquito Aedes aegypti

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São Paulo

O bicho está pegando em São Paulo —mais especificamente o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras doenças. Na segunda-feira (11), o estado confirmou mais de 195 mil casos em 2024. Além da capital, outras cidades vêm lutando para se livrar e se proteger do inseto. Jundiaí, por exemplo, teve um aumento de 92% no número de casos em apenas uma semana de fevereiro.

Os irmãos Rafael, 8, Antônio, 10, e Manoela, 12, que formam a Brigada de Combate à Dengue em Jundiaí (SP) - Rubens Cavallari/Folhapress

Um trio de irmãos da cidade, que fica a cerca de 50 km de São Paulo, resolveu que não podia assistir a essa situação preocupante e não fazer nada a respeito. Manoela, 12 anos, Antônio, 10, e Rafael, 8, botaram a mão na massa e criaram a Brigada Mirim de Combate à Dengue para ajudar sua vizinhança.

"Andamos nas ruas falando com as pessoas. Tem gente que não pega o nosso papelzinho, às vezes está com pressa", conta Rafael. A brigada tem material de divulgação em que se lê dicas para combate ao mosquito. "Entramos nas lojas, nas UBS [Unidades Básicas de Saúde], sempre entregando o papelzinho e falando da prevenção e dos sintomas da dengue."

Os três irmãos falam que, até agora, não houve ninguém que não tenha gostado da visita da brigada. "Acho que as pessoas ficam felizes. A maioria das pessoas nos escuta", completa Rafael.

Manoela explica o que ela e os irmãos ensinam aos vizinhos e a todos que topam recebê-los em casa. "Falamos pra não deixar água parada nos vasos de plantas, em pneus, garrafas, tampinhas, pra deixar a caixa d'água bem fechada, limpar as calhas e estar sempre de olho no quintal", diz.

"Porque o mosquito é esperto. Em qualquer pocinha de água suja ou limpa ela coloca os ovinhos", afirma. Uma fêmea do Aedes aegypti põe ovos de 15 a 20 vezes em um mês. A quantidade de ovos a cada uma dessas vezes varia, mas na média este número fica entre 150 e 300.

O biólogo Rafael Maciel de Freitas, especialista em Aedes aegypti e pesquisador do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), deu entrevista à Folha no início do mês e explicou que, no caso das plantas em vasos com pratinhos, o mosquito não coloca os ovos diretamente na água, mas na lateral, a poucos milímetros de onde há líquido.

Então, em algum momento o nível da água no recipiente vai subir, seja pela chuva, seja pela rega. E, quando atingir o ovo, ele vai eclodir e gerar uma larva. "Mas é muito difícil enxergá-los. Eles são pretos e muito pequenininhos. Então, se o pote for preto também, será quase impossível visualizá-los", afirmou o pesquisador.

No bairro onde os três irmãos moram, na Vila Alvorada, não tem tido muitos casos de dengue. "Graças a Deus", diz Antônio. Ele dá dicas para quem, como eles, deseja organizar um grupo de combate ao mosquito e de conscientização sobre a doença em seu bairro ou cidade.

"Junta irmão, os amiguinhos, fala com um adulto, pai, mãe, professor, pra ajudar. Escolha uma cor de camisa e de boné, faz um material falando da dengue. Nós temos os folders que entregamos para as pessoas", sugere Antônio.

"Leva o papelzinho explicando como não dar dengue, e que todos têm que ficar de olho bem aberto, porque o mosquito é pequeno, mas faz um mal terrível pra gente", completa Manoela.

No caso da Brigada Mirim de Combate à Dengue de Jundiaí, a ajuda veio de um vereador da cidade chamado Daniel Lemos (União Brasil), em conjunto com a associação de moradores do Bairro do Retiro, da qual a mãe das crianças faz parte. Eles ganharam bonés laranja e camisetinhas brancas.

"As crianças se reuniram comigo e com uma assessora, e pensamos juntos nas ideias de como poderíamos atuar no bairro. Foi elaborado um folder para entregar para as pessoas e placas de material lúdico para a apresentação das crianças", conta a mãe, Ana Elisa.

"Montamos um cronograma de ações com as crianças para levarem a conscientização nas UBS, escolas, pronto atendimentos, comércios, na praça central da cidade e nas ruas e casas do bairro. O foco é o diálogo e conscientização."

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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