Descrição de chapéu astronomia

O que são e para que servem os satélites artificiais?

Humanidade tem lançado dispositivos à órbita desde 1957, e com eles descobrimos muitas coisas sobre o espaço

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São Paulo

Todo e qualquer objeto que a humanidade envia ao espaço para permanecer em órbita é um satélite artificial. Mas aí aparece a outra pergunta: o que é estar em órbita?

Como dizia Woody ao questionar as capacidades de Buzz Lightyear no desenho animado "Toy Story", estar em órbita é basicamente "cair com estilo". Significa ficar dando voltas o tempo todo ao redor de um planeta ou outro corpo celeste, em queda livre, sem jamais retornar ao chão. Parece mágica, mas é só a combinação de alta velocidade com gravidade, a força que puxa todos os objetos para o chão.

Ilustração do satélite Microscope, da Cnes (agência espacial francesa), no espaço com a Terra ao fundo
Ilustração do satélite Microscope, da Cnes (agência espacial francesa) - © CNES/Virtual-IT, 2017

Imagine atirar uma pedra para a frente. Ela sai da sua mão com uma velocidade que a leva até uma certa distância, mas, conforme ela avança, vai caindo na direção do chão, puxada pela gravidade. Agora imagine atirar de novo, com mais força. Ela vai ainda mais longe, mais alto, e acaba caindo mais adiante.

Agora imagine atirá-la com tanta força que ela, conforme for fazendo a curva para cair, faça essa curva acompanhando a curvatura da própria Terra. A pedra estaria o tempo todo caindo, mas jamais chegaria ao chão. Foi exatamente dessa maneira que Isaac Newton, o primeiro cientista a entender a gravidade, descreveu o que é estar em órbita, lá no século 17.

É o mesmo fenômeno que permite, por exemplo, que a Lua gire ao redor da Terra, ou a Terra, ao redor do Sol. Dizemos que a Lua é um satélite natural do nosso planeta. Nesses casos, a própria formação do Sistema Solar já colocou esses corpos na velocidade certa para estarem em órbita. Para os satélites artificiais, nós que temos de fazer isso na marra.

O grande desafio é dar ao objeto que queremos lançar uma baita velocidade: pouco mais de 27 mil km/h (umas cem vezes mais que a velocidade de um carro de corrida), para uma órbita baixa da Terra.

Nós finalmente conseguimos atingi-la no século 20, com os foguetes. Eles impulsionam os satélites até atingirem a velocidade certa. E aí eles se soltam do foguete e ficam lá, no espaço, dando voltas em torno da Terra —a não ser que algo (geralmente o pequeno atrito gerado pelas poucas moléculas de ar que ainda existem lá em cima) os faça descer novamente.

A humanidade tem lançado satélites à órbita desde 1957. Com eles, descobrimos muitas coisas sobre o espaço. Vale lembrar que um satélite não precisa só ficar em órbita da Terra. Com a combinação certa de velocidade e trajetória, podemos colocar satélites em órbita da Lua, de outros planetas e luas, de asteroides e cometas, do Sol ou até mesmo do centro da nossa galáxia, ao mandarmos uma nave para fora do Sistema Solar.

Equipando esses satélites com vários dispositivos, como câmeras e sensores, podemos estudar todos esses mundos. E o que a gente mais estuda, claro, é a própria Terra. Muitos dos milhares de satélites que temos hoje em órbita servem para tirar fotos do nosso planeta e, por exemplo, ajudar a fazer a previsão do tempo.

Outros, a maioria, serve para telecomunicações. Eles recebem sinais de rádio da Terra e os transmitem de volta, permitindo que a gente acompanhe ao vivo eventos que acontecem em qualquer parte do mundo —ou acesse a internet de qualquer lugar.

Ainda tem os satélites que ajudam a medir em que posição da Terra nós estamos (o famoso GPS), que permitem controlar trajetos de aviões e até nossos percursos de automóvel. Eles também nos ajudam a descobrir recursos naturais, além de monitorar a saúde do nosso planeta.

E por aí vai. Hoje, seria impossível imaginar o mundo moderno sem os satélites artificiais.

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