Um dos primeiros palhaços negros do Brasil, Benjamim de Oliveira entrou para o circo depois de fugir de casa

Menino filho de escravizada e de capitão do mato se uniu a trupe aos 12 anos e virou pioneiro das artes circenses

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São Paulo

Fugir é algo que volta e meia passa pela cabeça quando a gente é criança. Fugir da escola, fugir de uma conversa chata, fugir de casa, até. Mas, na época em que Benjamin de Oliveira era pequeno, a fuga foi mais do que só um desejo e acabou virando realidade. Ele fugiu dos pais por volta dos 12 anos de idade.

É importante dizer que antes disso a vida de Benjamim não era das mais fáceis. Sua mãe tinha sido escravizada e seu pai trabalhava como "caçador" de escravos que escapavam de seus senhores, ou seja, era um capitão do mato. Ao que se diz, ele não era muito gentil com seus filhos.

Benjamim de Oliveira, um dos primeiros palhaços negros do Brasil - Divulgação/Domínio público

Um dia, passou o Circo Sotero em frente ao lugar em que Benjamim morava, e ele se juntou à trupe. Isso aconteceu lá pelos anos 1880, em Minas Gerais, na cidade de Patafufo, onde Benjamim nasceu (hoje a cidade se chama Pará de Minas). Seu nome de batismo era Benjamim Chaves. Ele teve oito irmãos.

No circo, Benjamim aprendeu a limpar o picadeiro e a vender ingressos, mas também virou craque nas acrobacias e no trapézio. O moço que ensinou todos esses truques ao menino tinha o sobrenome "de Oliveira", e foi para homenageá-lo que Benjamim também mudou de identidade.

Como a vida lá também foi ficando difícil, com poucas gentilezas, Benjamim fugiu de novo. "A história de Benjamim tem muitos contornos de livro, de cinema. Teve uma situação que, para provar que realmente era alforriado, ele teve que fazer alguns malabarismos", conta o escritor Otávio Júnior, que pesquisou e estudou a vida de Benjamim para escrever um livro inspirado nela.

"Menino Benjamim", da editora Yellowfante, conta a história de um menino que, assim como o Benjamim da vida real, se apaixona pelo circo e vira palhaço. Outra coisa que eles têm em comum, os dois Benjamins, é que eles são ambos meninos negros.

Benjamim de Oliveira não foi o primeiro palhaço negro do Brasil, mas é um dos primeiros de quem há registros oficiais, explica o escritor Otávio Júnior. "Acho que na época também não tinha referências de outros artistas circenses negros. Então, Benjamim é o nosso grande pioneiro nas artes circenses do Brasil", afirma.

No livro de Otávio, o menininho se vê em meio a profissionais do circo, "uma mulher com barba, um homem muito pequeno, um homem muito grande". O Palhaço Juvenil o chama pelo nome e o menino se surpreende —será que ele o conhece? "Você tem cara de Benjamim", responde o palhaço.

"É muito parecido com o grande Benjamim. Benjamim de Oliveira, o grande palhaço brasileiro, o grande palhaço do mundo, o primeiro palhaço negro", completa o personagem.

Para o autor do livro, Benjamim de Oliveira nasceu com o dom de encantar. "A figura dele em si, com as suas muitas interpretações, com o seu carisma, encantava as pessoas. Logo no início, desde sua infância e adolescência no circo, ele já encantava as pessoas com seus números, com seu sorriso largo, com seu olhar."

Menino Benjamim

  • Preço R$ 54,90 (42 páginas)
  • Autoria Otávio Júnior e Isabela Santos (ilustrações)
  • Editora Yellowfante

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Versão anterior deste texto grafou incorretamente o nome da cidade de Patafufo.

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