Há 50 anos James Bond ganhava os cinemas e 'Love Me Do' chegava às paradas
Em 1962, enquanto Estados Unidos e União Soviética brigavam pela conquista da Lua, os britânicos tratavam de conquistar a Terra. Pelo menos a parte dela que ficou conhecida como "cultura pop".
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Para Roger Moore, James Bond é um fenômeno
As armas dos súditos da rainha eram o agente James Bond, com armas de verdade e licença para matar, e os Beatles, com guitarras no lugar de metralhadoras.
No dia 5 de outubro daquele ano, 12 cinemas londrinos começaram a exibir "007 Contra o Satânico Dr. No", primeira aventura na tela grande de James Bond --em 1954, o livro "Cassino Royale" ganhara versão de uma hora para a TV inglesa, com Barry Nelson no papel do agente.
"Dr. No" encheu as salas. Ian Fleming tinha lançado dez romances com o herói desde 1953, um fenômeno de vendas. A certeza do sucesso era tanta que o produtor Albert R. Broccoli concebia uma franquia com cinco filmes.
Isso impediu que Gregory Peck assumisse o papel, por recusar um contrato longo. Roger Moore, galã da época, quase herdou a vaga, mas deu a chance a Sean Connery.
Moore foi protagonizar uma série de TV de espionagem, "O Santo", que curiosamente estreou em 4 de outubro, um dia antes de "Dr. No". Moore substituiria Connery como Bond a partir de 1973.
NOVIDADE NA PARADA
Lançado no mesmo dia do filme de Bond, o primeiro compacto dos Beatles, "Love Me Do", chegou ao 17º posto da parada inglesa. Na frieza dos números, não parece tão sensacional assim. Mas era uma tremenda novidade entre as músicas que dominavam as mais tocadas.
A mensagem de amor direta na letra e a frase de gaita tocada por John Lennon na abertura da música, um convite ao assobio, fisgaram os ouvintes. "Love Me Do" preparou o terreno para que, seis meses depois, o primeiro LP dos Beatles, "Please Please Me", alcançasse o topo das paradas britânicas.
Relançada em 1964 nos Estados Unidos, "Love Me Do" entrou direto em primeiro lugar entre os singles mais vendidos, destino de praticamente todos os singles posteriores dos Beatles.
O mesmo se deu com James Bond. Todos os filmes produzidos nos anos 1960 lideraram a bilheteria mundial.
BIQUÍNI HISTÓRICO
Se a gaita de Lennon é a marca de "Love Me Do", as cenas na praia formaram a imagem icônica de "Dr. No".
Difícil esquecer James Bond saindo da água com a roupa de borracha de mergulhador e, ao tirá-la, exibir um smoking impecável, nem um pouco amarrotado.
Também na praia surgia a suíça Ursula Andress com um biquíni que entrou para a história. Belíssima, mas sofrível a ponto de ter suas falas no filme dubladas pela alemã Nikki van der Zyl, ela iniciou a linhagem das "Bond girls". Às vezes mocinhas, às vezes vilãs, eram sempre estonteantes.
O apelo sexual também é um laço entre Bond e os Beatles. Seu sucesso ilimitado com as mulheres foi peça fundamental na construção da revolução comportamental que se seguiu.
Enquanto os Beatles eram literalmente perseguidos pelas fãs nas ruas, Bond não deixava uma mulher passar a alguns metros de distância sem levá-la para a cama --vale também sofá, banco de carro, bote salva-vidas, submarino ou nave espacial.
A música, o cinema e a vida mudaram depois de 5 de outubro de 1962. Beatles e James Bond foram pioneiros de um estrelato global. Se hoje Madonna ou Lady Gaga são conhecidas na Albânia e na Malásia, é porque trilham o caminho pavimentado por 007 e pelos reis do iê-iê-iê.
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