Mostra no CCBB com piscina falsa chega à reta final com 200 mil pessoas em SP

Visitantes superam vento, chuvisco e frio para entrar na exposição de Leandro Erlich, que acaba nesta segunda

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São Paulo

Por volta das 12h30 deste sábado, a fila na porta do Centro Cultural Banco do Brasil, no centro histórico de São Paulo, já se estendia além da rua da Quitanda.

Toda a aglomeração era por causa da exposição "A Tensão", do artista argentino Leandro Erlich, que termina na segunda-feira e reúne obras que criam ilusões de ótica —a principal delas, uma piscina que não molha. Desde o dia 13 de abril, cerca de 200 mil pessoas já viram a mostra.

fila para fora do centro cultural
Fila para entrar nas exposições do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo - Adriano Vizoni/Folhapress

Desde 13 de abril, cerca de 200 mil pessoas já viram a mostra só na cidade de São Paulo, segundo os seus organizadores. Ela ainda passou por Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Isso significa que, diariamente, ela recebeu uma média de 3.000 pessoas. Para se ter uma ideia, a mostra mais popular de 2019, no mundo inteiro, havia sido na unidade carioca do próprio CCBB. "Dreamworks Animation" registrou média de 11.380 pessoas por dia, mas isso numa era antes da Covid.

O tamanho da fila —que é dividida em duas partes— assusta, mas, assim como as obras de Erlich, ela engana. Cláudio Rabelo, que estava com a filha e a mulher, diz em tom tranquilo que ficou cerca de 20 minutos aguardando para entrar. Assim que Rabelo entra, uma mulher passa na rua e comenta um pouco mais nervosa "nem ferrando eu fico nessa fila".

O tempo ruim, com vento, chuvisco e frio, não espantou o público. Marianna Vilarino, que estava com duas blusas, luva e gorro, não desgrudava da mãe, Suely. E afirmou que o frio de 14°C, que fazia na região da Sé, não iria desanimar a dupla.

Vilarino ainda disse não conhecer o trabalho de Erlich e que estava ali para atualizar as fotos do perfil do Instagram. "Todo mundo com fotinha na piscina e só eu que não?", questionou.

Assim que o público sobe os degraus para entrar no prédio, construído em 1901 e comprado pelo Banco do Brasil em 1927, surge outra fila —em tamanho menor—, onde é preciso aguardar mais uma vez para ir até a obra mais disputada, "Swimming Pool".

"Pessoal, não pode tocar na escada nem nas paredes da piscina e o período de permanência é de um minuto e meio. Não pode sair e repetir a visita nem na piscina nem no terceiro andar [onde fica a sala de aula]. Cuidado com a cabeça e bom passeio", é o que diz a instrutora.

Os celulares estão nas mãos dos visitantes a todo momento. Fotos, vídeos e muitas poses são feitas enquanto se ouvem funcionários pedindo para os visitantes terem mais cuidado com as obras —surgem também no espaço pessoas fazendo dancinhas para o TikTok.

Logo depois do aviso de fim do minuto e meio de visitação, os visitantes são guiados para o subsolo onde fica a instalação "Proximamente", uma espécie de sala de cinema com pôsteres de filmes fictícios. Baseados na obra Erlich, estampam as paredes de dois corredores e, assim como os demais trabalhos do artista, são alvos de flashes e dedos. "Não pode tocar na obra", diz o segurança a dois visitantes mais empolgados.

A próxima parada é o quarto andar. Virando à direita, assim que se sai do elevador, mais uma fila. Uma segurança limita a entrada para o próximo espaço, liberando as pessoas de dez em dez —sem tempo limite de permanência na sala.

Desta vez, a obra disputada pelas câmeras dos smartphones é a "Clouds". Lâminas de vidro colocadas uma atrás da outra e com formas esfumadas dão a sensação de estarmos vendo uma nuvem de verdade. É o momento em que as crianças mais se empolgam.

Indo para o terceiro andar, mais uma fila nos aguarda na porta do espaço onde fica a obra "Classroom". Protegido por um vidro, o espaço simula uma sala de aula de colégio, com quadro negro e carteiras, todas sujas e decadentes. Na experiência, ao sentarmos em bancos em frente à obra, o vidro reflete nossa imagem e dá a ilusão de estarmos sentados dentro da sala. A todo momento um funcionário avisa "quem já tirou foto levanta para o próximo tirar" —um minuto e meio depois, fim do tempo.

As demais obras —16 ao todo— não chamam muito a atenção do público, que prefere mais tirar fotos da piscina enquanto se escora no parapeito do terceiro andar. Marcos Vinícius, que visita a exposição com as duas filhas, diz que, mesmo depois de passar por tantas filas, a experiência valeu a pena. "Gosto de exposição assim, em que eu não preciso ficar lendo muito para entender o que é", comenta Vinícius.

Após o tour completo, que dura entre 35 e 40 minutos, e depois de muitos selfies e de postar fotos descoladas no Instagram, a sensação é de ter visto as obras de Erlich guiado por filas a cada esquina, pelos constantes alertas dos funcionários e por sempre estar atrapalhando a foto de alguém.

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