"Regra 34", longa dirigido pela cineasta Julia Murat, foi o vencedor do Leopardo de Ouro, o prêmio máximo da competição internacional do Festival de Locarno, na Suíça, uma das principais mostras de cinema do mundo, neste sábado (13).
É a primeira vez desde 1967 que um filme brasileiro recebe a honraria —até então, "Terra em Transe", de Glauber Rocha, havia sido a única produção nacional a receber esse troféu.
O filme apresenta a história de Simone, interpretada por Sol Miranda, uma jovem negra que acaba de se tornar uma defensora pública e que defende mulheres em casos de abuso.
Na trama, ela banca os estudos para o concurso público fazendo performances online de sexo como camgirl, filmando a si mesma e se expondo na internet em práticas sexuais extremas por pagamento. Seus próprios interesses sexuais a levam para um mundo de violência e erotismo.
O título remete à chamada regra 34 da internet, que afirma que tudo na web tem seu equivalente pornográfico, e questiona como manter o equilíbrio entre desejo, liberdade e proteção, tanto para os indivíduos quanto para a sociedade, especialmente no Brasil.
Lucas Andrade, Lorena Comparato e Isabela Mariotto também estão no elenco da produção.
A diretora Julia Murat expressou surpresa ao receber o prêmio, salientando que "é um filme que trata de um assunto muito difícil" e "por isso nunca pensei que seria possível mais do que um membro do júri lutar por este filme".
"É difícil imaginar que este filme seja visto no Brasil como outra coisa que não um filme artístico. Mas espero que sim", acrescentou em entrevista publicada pelo festival.
Murat também fez um apelo à democracia, comentando que espera "que este prêmio ajude a nossa sociedade a compreender que precisamos de defender a democracia, mas também a diferença e que temos de apoiar o diálogo". O país vive tempos agitados com a aproximação das eleições presidenciais.
No festival, "Regra 34" competiu com 16 produções de diferentes países, incluindo o filme mais recente do cineasta Aleksandr Sokurov, "Fairytale".
Além disso, o Brasil apareceu em outras premiações do evento. "Big Bang", de Carlos Segundo, ganhou o Pardino de Ouro, de melhor curta-metragem de autor, e "É Noite na América", de Ana Vaz, recebeu uma menção especial no Pardo Verde, dedicado a filmes de temática ambiental.
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