Descrição de chapéu
Televisão

Jade Picon e outros inexperientes virarem ator na Globo é tradição

De Ricardo Macchi, o cigano Igor, a Grazi Massafera, apostas da emissora já foram de fracassos retumbantes a grandes êxitos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A polêmica escalação de Jade Picon para um dos papéis centrais da novela "Travessia", de Gloria Perez, ganhou novos contornos frente ao desempenho aquém do esperado da iniciante nas primeiras semanas de exibição, decepcionando quem acreditava em uma grande surpresa que pudesse calar os críticos.

A influenciadora e ex-BBB Jade Picon é Chiara em 'Travessia', nova novela das nove da Globo, escrita por Gloria Perez
A influenciadora e ex-BBB Jade Picon é Chiara em 'Travessia', nova novela das nove da Globo, escrita por Gloria Perez - Fabio Rocha/Divulgação

Picon, entretanto, não é a primeira figura a aprender a profissão enquanto estrela o principal produto da maior emissora da América Latina. Foi assim, por exemplo, com Ricardo Macchi, conhecido como o eterno cigano Igor, de "Explode Coração", também de Perez.

O ex-modelo teve um desempenho tão sofrível quanto o da influencer e, após algumas tentativas, decidiu se aposentar. Mesmo caminho percorrido pela também ex-modelo Karina Bacchi, que, após passagens tímidas pela Record, ganhou destaque em "Da Cor do Pecado", dividindo o núcleo cômico com nomes como Rosi Campos e Sidney Magal. Foi o alvo preferencial do público e da crítica.

Sem se abalar, posou para a Playboy, voltou para a Record, tentou a chance em algumas novelas e se deu bem no reality A Fazenda, em que faturou R$ 1 milhão, a aposentadoria das telas e uma nova carreira como influenciadora evangélica, apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, do PL.

Macchi e Bacchi não devem ser exemplos para Picon, que, caso sobreviva às críticas, pode seguir os passos de outros colegas igualmente massacrados, como Luana Piovani, também ex-modelo sem experiência nas telas. Uma das estrelas do seriado "Sex Appeal", Piovani não se deixou abater pelas críticas e se jogou no cinema e no teatro.

Sua resiliência garantiu a ela papéis em novelas como "Quatro por Quatro" e "Suave Veneno", e um papel na minissérie "O Quinto dos Infernos". Mas foi fora da TV que o talento da loira aflorou e rendeu a ela o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro por seu trabalho como coadjuvante em "O Homem que Copiava", e um prêmio APCA pelo musical infantil "Mania de Explicação", dirigido por Gabriel Vilella.

A artista também ganhou fôlego com a dobradinha cinema-TV de "A Mulher Invisível", ao lado de Selton Mello. Assim seguiram nomes como Silvia Pfeiffer, criticada pela falta de expressividade ao estrear em "Meu Bem Meu Mal", mas redimida pela passagem por "Torre de Babel", de Silvio de Abreu, e Letícia Birkheuer, sem estofo para ser filha de Glória Pires e bisneta de Fernanda Montenegro em "Belíssima", também de Abreu.

Camila Queiroz chegou das passarelas para as telas e angariou elogios por sua Angel em "Verdades Secretas" e pela ingênua Mafalda de "Êta Mundo Bom". Quem também conseguiu de primeira foi a ex-bailarina Juliana Alves que, ao deixar o BBB 3, conseguiu um papel em "Chocolate com Pimenta" e cresceu em novelas como "Duas Caras", "Caminho das Índias" e "Ti Ti Ti".

Entretanto, se o campo das artes cênicas não vingar, é possível olhar para Fernanda Lima, que não encontrou o tom de produções como "Bang Bang" e "Pé na Jaca", mas se tornou uma das principais apresentadoras da última década. Ou mesmo Fiuk, que surgiu sofrível em "Aquele Beijo" e "A Força do Querer", mas será para sempre uma figura pública, filho de Fábio Júnior.

A resiliência também foi uma das maiores virtudes de Reynaldo Gianecchini, que construiu carreira sólida na TV e no teatro após ter seus desempenhos destruídos por público e crítica em novelas como "Laços de Família" e "Da Cor do Pecado".

O galã se saiu melhor em "Belíssima", mas não deixou de estudar, construindo relações com o teatro sob a direção de nomes como José Celso Martinez Corrêa, Gerald Thomas, Aderbal Freire-Filho e Marília Pêra, responsável por fazer o galã acreditar que era um ator de verdade. Seu desempenho na segunda temporada de "Bom Dia Verônica", da Netflix, prova o crescimento.

Mas, é claro, nenhum nome é tão exemplar quanto o de Grazi Massafera, ex-BBB que ganhou de presente um papel em uma novela do horário nobre de um dos principais autores da TV Globo e teve seu desempenho massacrado pelo público, pela crítica e por colegas de elenco.

Picon encontra terreno muito mais afetuoso do que Massafera encontrou em 2006 ao participar de "Páginas da Vida", de Manoel Carlos. Em 2008, enfrentou a resistência do autor Miguel Falabella que não a queria como protagonista de "Negócio da China", mas venceu as críticas e se saiu bem como a Lucena de "Aquele Beijo" e conseguiu bom desempenho em "Flor do Caribe", de Walther Negrão.

Entretanto, Massafera se tornou estrela da casa ao estudar fora do Brasil e ganhar repertório para encarar a ex-modelo e dependente química Larissa, de "Verdades Secretas".

O papel rendeu a ela um prêmio APCA de melhor atriz, a protagonista de "Bom Sucesso", em que jogou de igual para igual com Antônio Fagundes, e a pecha de exemplo a ser seguido por quem começa sem experiência na TV. Mas, para seguir o caminho de Massafera, haja sola de sapato.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.