Fãs vão a velório de Rolando Boldrin na Alesp, marcado por clima de tensão política

Manifestantes que não aceitam o resultado das eleições prestam homenagem ao músico vestidos de verde e amarelo

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São Paulo

Sob o sol forte que dominou as ruas paulistanas nesta quinta-feira, fãs de Rolando Boldrin foram à Assembleia Legislativa de São Paulo, a Alesp, para se despedir do músico, ator e apresentador de TV, que morreu na quarta-feira, aos 86 anos.

"Você não pode se esquecer de onde você e nem de onde você veio, porque assim você sabe quem você é e para onde você vai", dizia a frase do escritor Ailton Krenak no cartaz ao lado do corpo velado do artista.

O velório de Rolando Boldrin na Alesp é visitado por manifestantes golpistas vestidos de verde e amarelo; na imagem, Antônio da Paz, que diz ser eleitor de Lula, presta homenagem ao cantor
O velório de Rolando Boldrin na Alesp é visitado por manifestantes golpistas vestidos de verde e amarelo; na imagem, Antônio da Paz, que diz ser eleitor de Lula, presta homenagem ao cantor - Rivaldo Gomes/Folhapress

Presentes como uma miniatura de violão, um artesanato de passarinho, uma pintura e uma rosa vermelha foram postos sobre o apresentador.

Entre os fãs, alguns usavam roupas em verde e amarelo, com símbolos do Brasil. Parte deles só teve de atravessar a rua para ir ao velório. Isso porque estão acampados na avenida Sargento Mario Kozel Filho, entre o prédio da Alesp e as instalações do Comando Militar do Sudeste.

Ali estão manifestantes que não aceitam o resultado das eleições e a derrota de Jair Bolsonaro, do PL. Eles pedem intervenção das Forças Armadas.

Com uma bandeira brasileira amarrada nas costas, uma mulher chegou a se queixar à pessoa que estava do seu lado de fome e questionou se havia comida no acampamento.

Questionadas se faziam parte do grupo de manifestantes, elas confirmaram. Uma delas disse que membros do grupo prestaram lindas homenagens a Boldrin.

Sobre a participação no velório de Gal Costa —também morta nesta quarta-feira—, marcado para ocorrer no mesmo local, na sexta-feira, ambas falaram que não comparecerão.

Uma argumentou ter compromisso, ressaltando que Gal era uma cantora maravilhosa e que está triste com sua morte, independentemente de diferenças políticas —a cantora apoiou Lula, do PT. Já a outra fez uma careta ao ouvir o nome da artista, mas disse que sua ausência no velório não se dará por divergências ideológicas.

Parlamentares da Alesp temem confusões entre os manifestantes e fãs da Gal. Nesta quarta, a bancada de deputados estaduais do PT enviou um ofício ao general João Camilo Pires de Campos, secretário estadual de Segurança Pública, solicitando que a Polícia Militar retire o grupo do local. A Secretaria de Segurança Pública enviou comunicado à imprensa afirmando que o policiamento será reforçado nesta sexta, dia 11.

Nem todos que estavam de verde e amarelo no velório de Boldrin eram manifestantes. Antônio da Paz, por exemplo, vestia uma camisa repleta de bandeiras do Brasil, mas disse que não apenas está fora do acampamento, como também é eleitor de Lula. Ele segurava um cartaz de homenagem ao apresentador e dizia, com lamento, que ele deixará saudades.

O clima político também estava marcado numa das coroas de flores que cercavam o corpo do apresentador, assinada por Lula e Janja.

O velório de Boldrin encerrou num clima emocionante, com músicos, amigos e familiares cantando juntos.

O sepultamento do apresentador foi realizado no cemitério Gethsêmani Morumbi, às 17h.

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