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Em ritmo de Copa, canais de streaming estão gradativamente aumentando seu acervo de documentários esportivos.
Só neste ano, a Netflix investiu em "Neymar, o Caos Perfeito" e lançou recentemente "Capitães", com Modric e Thiago Silva no time. Há também produções sobre o penta, como "Ronaldo, o Fenômeno", na Globoplay.
Outros títulos mais antigos merecem uma revisão para manter o clima boleiro do Qatar. Infelizmente, "Le K Benzema" saiu do catálogo da Netflix, mas tem Griezmann, Cristiano Ronaldo, Pelé…
Veja a lista abaixo.
Anelka - O Incompreendido
Uma das figuras mais polêmicas do futebol neste século, Nicolas Anelka saiu da periferia de Paris para se tornar titular do PSG ainda adolescente, em 1996.
Mesmo sendo considerado um dos atacantes mais talentosos de sua geração, ele viu a carreira emperrar por questões extra campo. Foi assim no Real Madrid, após anos vitoriosos no Arsenal. Mas sua história com a seleção foi ainda mais dramática, chegando ao auge na Copa de 2010, quando uma briga com o técnico no vestiário virou caso debatido pelo governo francês. O documentário detalha essa e outras passagens, comentadas por Anelka de Dubai, onde vive com a família. Curiosidade, o filme traz depoimentos do ator Omar Sy, que cresceu com Anelka no mesmo bairro.
Disponível na Netflix (94 min.)
Antoine Griezmann - Nasce uma Lenda
Com duração de apenas uma hora, o documentário foi produzido um ano depois do título francês na Copa do Mundo na Rússia. Ele mescla os momentos de preparação e celebração no Mundial com imagens de arquivo do pequeno Griezmann, que percorreu a França com o pai atrás de um time quando era criança, e não achou. O jogador, titular da França no Qatar, relembra em vários depoimentos de como precisou ir até a Espanha para começar a carreira. Há momentos curiosos, como o Griezmann criança pegando autógrafo com a geração campeã de 1998, incluindo Zidane e Henry, e depoimentos de vários jogadores, como Godin (com quem jogou no Atlético de Madrid) e Pogba (companheiro na seleção).
Disponível na Netflix (60 min.)
Capitães (novo)
Produção da Fifa, a série documental foca em seis capitães de seleções durante as eliminatórias para a Copa de 2022: Gabão, Jamaica, Líbano, Vanuatu, Croácia e Brasil. Ou seja, habemus Modric e Thiago Silva como únicos que atingiram o objetivo. Talvez os derrotados tenham histórias mais interessantes, mas a trajetória de vida de Modric, que cresceu em um país em guerra, impressiona.
São oito episódios, mas o que tem Thiago Silva por mais tempo é o segundo, caso queira ir direto ao ponto. Na parte que nos interessa, Thiago reflete sobre a imagem de fragilidade que passou em 2014. Naquele Mundial, o zagueiro foi flagrado chorando no hino e se isolou do grupo nos dramáticos pênaltis contra o Chile, nas oitavas de final. Avisa também que está mais preparado. A ver.
Inclui comentários de Tite, da mulher Isabele e de…. Paulo Coelho (?). Pois é. Provavelmente a Fifa não encontrou Paulo Vinícius Coelho.
Disponível na Netflix (8 episódios)
Make Us Dream
Um dos melhores documentários de jogadores, este traz a trajetória de Steve Gerrard, ídolo do Liverpool. Seu trunfo é mostrar a ligação intrínseca de Gerrard não só com o clube, mas com a cidade de Liverpool —quando era criança, um primo muito próximo foi uma das vítimas da tragédia de Hillsborough, desastre em que dezenas de torcedores morreram e que foi fundamental para a revolução do futebol inglês, com a criação da Premier League. Mais do que os lances bacanas da carreira, o filme retrata a angústia de Gerrard na tentativa de levar a equipe ao título em uma época em que potências foram fabricadas pelo poderio financeiro, como Chelsea e Manchester City. Há pequenas passagens do jogador com a seleção inglesa.
Disponível no Prime Video (104 min.)
Apesar de Neymar dar alguns depoimentos em seu quarto, na cama, o documentário não chega a ser um retrato íntimo do atleta, mas dá pistas para entender o seu comportamento, muitas vezes errático. Talvez o próprio perceba isso, quando se diz Batman e Coringa ao mesmo tempo: um herói para a família e os amigos e um vilão para quem não o conhece bem. O problema é que muitas vezes ele gosta de ser vilão, implica com o papel questionador da imprensa, compra brigas desnecessárias nas redes sociais e reage mal toda vez que se sente acuado. Em um momento, até enfrenta o pai, mas dura pouco. Aliás, quase dá pena do protagonista ao ver Neymar-pai (que adora aparecer) chamando o camisa 10 do Brasil mais de "marca" do que de "filho", o que também explica alguma coisa. Leia texto do PVC sobre a série.
Disponível na Netflix (3 episódios)
Pelé
Parte do esplendor de Pelé é registrado neste documentário (precisaria de uma série em dez episódios para captar tudo que o rei do futebol fez), incluindo suas façanhas com o Santos e, principalmente, os três títulos em quatro Copas disputadas. Um Edson Arantes do Nascimento já debilitado, aos 80 anos, observa os gols e comenta várias passagens e curiosidades da carreira, também fora de campo. O filme é uma rara oportunidade em que o atleta do século fala do período da ditadura que assolava o país na época do tri em 1970. Filme obrigatório para quem só fala de Messi e CR7. Leia a coluna de Juca Kfouri sobre o documentário.
Disponível na Netflix (108 min.)
Ronaldo
Quem apenas desconfia que Cristiano Ronaldo é um jogador narcisista terá certeza após este documentário. Presente na Copa, o português, aliás, não se esquiva de rótulos como arrogante ou vaidoso, mas os aceita como parte de seu sucesso. CR7 fala desde o início do filme de sua obsessão com a Bola de Ouro —uma premiação individual em um esporte coletivo—, que muitas vezes ficou na mão de Messi para sua perceptível frustração. Neste ponto, Cris é autêntico, assim como é autêntica sua mentalidade vencedora e sua outra obsessão, a forma física. A relação com a família é divertida, principalmente quando seu filho vai a uma premiação e fica emocionado ao ver Messi, o próprio.
Disponível na Lionsgate+ (93 min.)
Ronaldo, o Fenômeno (novo)
Dois documentários recentes abordam o caminho do penta. O outro é "Brasil 2002 - Os Bastidores do Penta", da Netflix, com imagens inéditas by Belletti. "Ronaldo, o Fenômeno" é melhor, principalmente porque está focado no principal personagem da história. O longa relembra a rápida ascensão de Ronaldo, a passagem meteórica e fulminante no Barcelona e seus problemas na Inter de Milão. Entre um clube e outro, deixa claro que a relação com a seleção sempre foi especial, sobretudo em Copas. Obviamente o filme se debruça mais tempo no tripé que resume boa parte da carreira do Fenômeno: a concussão na final de 1998, a terrível contusão no joelho e recuperação antes da Copa de 2002 e a redenção no penta, com o pior corte de cabelo de uma final em todos os tempos.
Disponível na Globoplay (94 min.)
O que tem de novo (em clima de Copa)
Esquemas da Fifa
Você ainda se pergunta como a Fifa escolheu Qatar como sede no lugar dos EUA? Ou Rússia em vez da Inglaterra? Ou África do Sul? Em quatro episódios, esta série documental mostra como a Fifa era suja e humilde com João Havelange, tornou-se suja e rica com Havelange, ficou suja e bilionária com Joseph Blatter… e segue o jogo. O filme traz depoimentos de vários jornalistas e dirigentes e ex-dirigentes ligados à entidade, incluindo o próprio Blatter e Jérôme Valcke, muito amado por aqui na época da Copa-2014. Ao fim de quatro episódios, a única dúvida é como essa turma não foi presa.
Disponível na Netflix (4 episódios)
Um Trem para o Qatar
Produção da ESPN é ideal para quem quer conhecer um pouco mais dos estádios da Copa e da infraestrutura e geografia do Qatar. Em oito episódios curtinhos, o jornalista Martín Ainstein percorre o país, com uma ou outra observação sobre questões de gênero (as mulheres não andam no mesmo vagão, não comem juntos com os homens nas tendas do deserto etc. e tal), mas sem nenhuma crítica contundente. Afinal, a série é feita com a cortesia/parceria do Comitê Supremo da Copa. Também é recheado de imagens de drone e tem mais câmera lenta do que os filmes de John Woo e Sam Peckinpah juntos —às vezes os 30 minutos passam como 50.
Disponível no Star (8 episódios)
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