Conheças as 15 melhores exposições de 2022, segundo jornalistas da Folha

Mostras escolhidas aliam o cânone da história da arte com produção atual, abrangendo diversas linguagens

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Três jornalistas da Folha elencaram as cinco melhores exposições de 2022. Da Bienal de Veneza a mostras em museus de São Paulo e do Rio de Janeiro, como o Masp, o Instituto Tomie Ohtake e a Casa Roberto Marinho, as exposições abrangeram temas latentes do mundo contemporâneo e deram a ver clássicos da arte mundial.

Para a elaboração das listas, a única regra foi não repetir as escolhas, na relação feita por cada jornalista.

Pintura de Oscar Niemeyer
Pintura 'Ruínas de Brasília', de Oscar Niemeyer - Divulgação Aberto 01

No mais, repórteres e editores que cobriram artes plásticas em 2022 tiveram liberdade para escolher mostras de diferentes períodos, estilos e linguagens.

Silas Martí

Editor da Ilustrada

Bienal de Veneza 2022

Com o tema "Il Latte dei Sogni" —ou o leite dos sonhos, em português—, a tradicional mostra de arte se inspirou no surrealismo da britânica Leonora Carrington para interpretar o declínio do homem branco e o avanço tecnológico, com exposições dos brasileiros Jaider Esbell, Lenora de Barros, Rosana Paulino, Solange Pessoa e Luiz Roque.

Deslumbrante, a mostra principal organizada pela italiana Cecilia Alemani revigorou o dinossauro das exposições mais tradicionais de arte. Seu mergulho no surrealismo calcado em mulheres históricas, numa edição veneziana com o maior contingente feminino em quase dois séculos de história, acabou se mostrando radical e arrojado, apesar do tema um tanto antigo.


Judith Lauand: Desvio Concreto

Dias antes de morrer, a única mulher que integrou o grupo Ruptura ganhou, aos cem anos, uma retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo, o Masp. A mostra abrangeu os primeiros passos da artista, ainda figurativa, até a racionalidade geométrica da arte concreta.

O Masp, com organização de Adriano Pedrosa e Fernando Oliva, voltou os holofotes para suas pinturas que vão do extremo rigor formal dos primeiros lampejos da arte concreta entre nós à exuberância da nova figuração nacional, calcada no pop americano, com uma passagem robusta pela arte de protesto em plena ditadura militar.

Até 2/4/2023. No Museu de Arte de São Paulo - av. Paulista, 1.578, São Paulo. R$ 50


Calder + Miró

Mostra na Casa Roberto Marinho, no Rio de Janeiro, celebrou a amizade entre os artistas, promovendo diálogos entre as pinturas do espanhol Joan Miró e os móbiles do americano Alexander Calder.

Organizada por Max Perlingeiro, a exposição na Casa Roberto Marinho, no Rio de Janeiro, deixou claro como a violência e a brutalidade de Miró foram o contraponto perfeito e inequívoco à leveza e à graça de Calder, horrores que se sublimam na beleza.


Aberto 01 e Diálogo Bardi Bill

As duas mostras promoveram diálogos entre artes plásticas e arquitetura. A primeira trouxe obras de Picasso, Renoir, Chagall, Klimt e Giacometti para a única residência construída, em São Paulo, por Oscar Niemeyer. Já a segunda, aproximou as poltronas de Lina Bo Bardi com a "matemática não fria" de Max Bill.


Anna Maria Maiolino: PSSSIIIUUU...

Com cerca de 300 trabalhos, o Instituto Tomie Ohtake fez uma grande retrospectiva da carreira da artista plástica, ressaltando a combatividade no período da ditadura militar e também alguns aspectos biográficos, como o nascimento na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, e a chegada ao Brasil.

A mostra organizada por Paulo Miyada fez reviver alguns clássicos de Anna Maria Maiolino, como as obras realizadas no mais brutal período da ditadura, e deu amplo espaço à sua pesquisa mais recente, as esculturas de argila de uma potência absurda, entre o esforço braçal da mão na massa e a delicadeza inaudita de uma verdadeira mestre do ofício.

Gustavo Zeitel

Repórter da Ilustrada

O Rinoceronte: Cinco Séculos de Gravuras do Museu Albertina

O Instituto Tomie Ohtake expôs raridades do acervo da instituição vienense, exibindo obras de Pablo Picasso, Edvard Munch e Egon Schiele. A exposição contou a história da arte ocidental, ressaltando as diferentes técnicas de gravura ao longo do tempo.


Pelas Ruas: Vida Moderna e Experiências Urbanas na Arte dos Estados Unidos, 1893-1976

Exposição na Pinacoteca recebeu telas de Andy Warhol e Edward Hopper, que documentaram a modernidade urbana nos Estados Unidos.


O Verão de 1945 na Itália: A Viagem de Lina Bo nas Fotografias de Federico Patellani

Exposição no Instituto Italiano de Cultura iluminou período pouco conhecido da biografia da arquiteta Lina Bo Bardi —uma viagem pela Itália no primeiro verão depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Bo Bardi desbravou o país na companhia do também arquiteto Carlo Pagani e do fotógrafo Federico Patellani, responsável por documentar a expedição.


Liuba: Corpo Indomável

Duzentas esculturas da artista búlgara foram expostas no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia, o MuBE. Pelas obras, acompanhamos o fascínio de Liuba pelo Brasil, onde morou boa parte da vida, e pelos pássaros, que ganharam peças escultóricas.


Descer da Nuvem

Mostra da carioca Leila Danziger no Museu Judaico exibiu a coerência da artista em seu trabalho, transitando entre colagem e livros de poesia, sempre em elogio ao fragmento, próprio da experiência moderna.

Até 29/1/2023. No Museu Judaico de São Paulo - r. Martinho Prado, 128, São Paulo. R$ 20

Obras de Leila Danziger expostas em 'Descer da Nuvem', no Museu Judaico - Wilton Montenegro

João Perassolo

Repórter da Ilustrada

Cartografia de Mundos Inexistentes

No Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, o MAC-USP, o recifense Manoel Veiga expôs uma panorâmica de sua carreira, que inclui pinturas em grandes dimensões —como se fossem aquarelas, com rastros de tinta pela tela— e sua série sobre Caravaggio, na qual "apagou" das telas do mestre barroco tudo o que não fosse tecido ou pano.


Cinthia Marcelle: Por Via das Dúvidas

A reunião de 49 obras da artista mineira no Masp, que representou o Brasil na Bienal de Veneza de 2017, criticou o racismo da sociedade brasileira, usando tons de pele em suas obras. Marcelle se vale de cores e formas —e não de palavras ou slogans fáceis— para tratar sobre raça.


Orgânico Sintético e Zalszupin 100 anos

Três mostras em diferentes espaços da cidade ao mesmo tempo celebraram o centenário de nascimento de um dos maiores nomes do design brasileiro, reunindo suas poltronas, sofás e mesas e também sua numerosa linha de utensílios de plástico.


Daido Moriyama: Uma Retrospectiva

Exposição do Instituto Moreira Salles mostrou como o fotógrafo japonês virou o mestre das imagens tremidas e desfocadas, retratando a transformação do Japão no pós-Guerra.


Paisagem Construída: São Paulo e Burle Marx

A exposição no Centro Cultural Fiesp traz uma série de projetos não realizados ou executados parcialmente de Burle Marx para São Paulo. Se as ideias de um dos mais importantes paisagistas do século 20 tivessem saído do papel, a capital seria uma cidade bem mais verde.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.