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'BlackBerry' conta ascensão e queda do 1º smartphone e ri das big techs na Berlinale

História do aparelho com teclas, famoso no início do anos 2000, é resgatada de maneira divertida pelo diretor Matt Johnson

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Berlim

Todo mundo ama "blackberries". "Blackberry" é o nome em inglês para a frutinha silvestre que conhecemos no Brasil como amora. Todo mundo ama amoras. E é capaz que todo mundo ame "BlackBerry", o filme, que estreou nesta sexta-feira (17) no festival de cinema de Berlim.

Mas esse blackberry não tem nada a ver com amoras, e sim com o primeiro smartphone que se popularizou no planeta, um aparelho que mudou a forma como as pessoas trabalhavam na década de 2000.

Jay Baruchel em cena do filme 'BlackBerry'
Jay Baruchel em cena do filme 'BlackBerry' - Divulgação

Lançado inicialmente em 1999 apenas como uma espécie de pager —outro aparelho da época dos dinossauros—, que permitia que você conversasse com outro possuidor do aparelho via mensagens de texto, o BlackBerry mudou o mundo em 2002, quando conseguiu incorporar fax —lá vamos nós de novo—, emails e, finalmente, o telefone móvel, tudo cabendo na palma de sua mão.

"BlackBerry", de Matt Johnson, conta de forma bastante divertida a história da empresa canadense que lançou esses aparelhos, uma história real de ascensão explosiva e queda brutal, adaptada do livro "Losing the Signal: The Untold Story Behind the Extraordinary Rise and Spectacular Fall of Blackberry" —ou perdendo o sinal, a história não contada por trás da extraordinária ascensão e espetacular queda do BlackBerry—, da jornalista Jacquie McNish.

Apesar de engraçado, o filme de Johnson não escapa a nenhum dos clichês desse mundo. Há citações nerds para todo lado, há o gênio geek, há o amigo doidão, há o local de trabalho com diversão, há o empresário implacável e tudo mais.

Talvez seja tudo verdade, mas é inescapável a sensação de estarmos assistindo a um longa de duas horas baseado na série "Silicon Valley", que mostra exatamente esses mesmos clichês.

Falando em série, o filme também remete a "The Office" pela forma como é filmado e principalmente pelas piadas cáusticas de passar vergonha alheia. Seja como for, essas duas séries são de primeira linha, e "BlackBerry" não faz feio ao beber nessas fontes.

Temos aqui basicamente a história de Mike Lazaridis, papel de Jay Baruchel, um nerd gaguejante que manja tudo de eletrônica e constrói os aparelhos praticamente sozinho.

Jay Baruchel, Pranay Noel, Steve Hamelin, Matt Johnson, Ethan Eng, Ben Petrie e Michael Scott em cena do filme 'BlackBerry'
Jay Baruchel, Pranay Noel, Steve Hamelin, Matt Johnson, Ethan Eng, Ben Petrie e Michael Scott em cena do filme 'BlackBerry' - Divulgação

Seu amigo doidão é Doug, interpretado pelo diretor Matt Johnson. E o executivo que se une a eles para fazer o negócio prosperar é vivido por Glenn Howerton.

Uma das graças está em ver aquela improvável empresa crescer e ir superando os obstáculos até se tornar uma das mais valiosas do mundo.

Mas a graça mesmo acontece quando uma outra companhia lança um smartphone que, em vez de possuir inúmeras e minúsculas teclas físicas para digitar, apresenta um aparelho no qual o teclado some e aparece da tela de vidro quando necessário.

Sim, estamos falando do lançamento do iPhone pela Apple em 2007, que levou a companhia canadense a uma longa sangria, até simplesmente desistir de produzir aparelhos em 2016.

Na coletiva de imprensa da Berlinale, Johnson contou que não planejava atuar no filme, e que essa ideia chegou a ser rechaçada pelos parceiros, que não o viam no papel de Doug. "Mas o Jay [Baruchel] disse que só entraria na produção se eu atuasse com ele, então eu tive que fazer", disse. Foi uma ótima chantagem, pois Johnson e seu Doug são um dos muitos pontos altos de "BlackBerry".

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