'Aranha' de Bourgeois é leiloada, abaixo do esperado, por US$ 30 milhões

Expectativa era que a obra saísse por US$ 40 milhões, mas situação econômica dos EUA prejudicou a venda, diz especialista

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A primeira "Aranha" de Louise Bourgeois já tem um novo dono. A escultura, que ficou famosa por passar décadas em exibição no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM, foi leiloada na noite desta quinta-feira (18) por US$ 32,8 milhões na Sotheby’s de Nova York. O valor inclui taxas e equivale a cerca de R$ 163,7 milhões, mas ficou abaixo da expectativa de alguns agentes do mercado.

0
A escultura 'Aranha', da artista francesa Louise Bourgeois - Marcelo Ximenez/Folhapress

Dono da Bolsa de Arte, a maior casa de leilões do Brasil, Jones Bergamin afirma que, não fosse a iminência de uma crise econômica nos Estados Unidos, que impõe juros altos aos colecionadores de arte, a obra teria sido vendida por pelo menos US$ 40 milhões.

Prova disso, diz Bergamin, é que oito anos atrás outra peça da mesma coleção foi vendida por US$ 30 milhões e, há quatro anos, por US$ 32 milhões. Em sua avaliação, esta deveria ser mais cara não só por causa da correção monetária, mas porque foi a primeira que Bourgeois fez.

Ainda assim, a venda da escultura de bronze na quinta foi a mais cara de uma obra da artista franco-americana e também a de valor mais elevado para uma escultura de uma mulher.

Como de praxe, a identidade do comprador não foi revelada, mas Bergamin aposta que, se for um marchand, a obra não deve demorar para ser leiloada novamente.

"Foi decepcionante a venda", diz. "Se for um colecionador, ele vai colocar em casa. Se for um marchand, vai levar para a Europa, colocar em exposição num palácio ou numa feira importante e tentar vender por um preço mais alto com mais calma."

Com três metros de altura e cinco de comprimento, a escultura foi adquirida em 1996 pela Fundação Itaú, braço cultural do Itaú Unibanco. Na ocasião, a peça foi um dos grandes destaques da Bienal de São Paulo, o que levou à sua aquisição pelo colecionador e cofundador do banco, Olavo Setúbal.

A peça ficou conhecida por sua exibição no MAM de São Paulo, onde ficou exposta numa redoma do vidro entre 1997 e 2018, à vista de todos os passantes do parque Ibirapuera, onde o museu está localizado. Depois, passou a itinerar —a obra esteve no museu Inhotim, em Minas Gerais, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre.

Segundo um comunicado divulgado pela Fundação Itaú quando anunciou a venda da aranha, os fundos do leilão vão custear as operações do Itaú Cultural —o dinheiro da venda deve ser revertido para o fortalecimento da estrutura e a perenidade do centro cultural paulistano. Além disso, a coleção da fundação é focada em arte e artistas brasileiros, recorte no qual a peça não se encaixa.

O MAM de São Paulo afirmou que a exibição da obra foi um marco na história do museu e que sua importância vai além do contexto museológico. Contudo, disse que não vai opinar sobre a venda da escultura, dado que ela não era parte de sua coleção.

Outras aranhas da mesma série estão hoje em exibição em alguns dos principais museus do mundo, como o Guggenheim, em Bilbao, na Espanha, e a Tate Modern, em Londres.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.