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'And Just Like That' melhora, mas segue pior do que 'Sex and the City'

Série encontra o rumo em episódios que destacam vida sexual na meia idade, mas segue aquém da qualidade de seu original

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And Just Like That... Um Novo Capítulo de Sex and the City (2ª temporada)

"And Just Like That..." jamais atingirá o mesmo nível de contundência e relevância de "Sex and the City", da qual é derivada. Apesar de contar com boa parte do elenco e da equipe da original, a nova série enfrenta um mundo diferente daquele de 25 anos atrás.

Mulheres adultas com vidas sexualmente ativas já não causam mais tanto espanto. Crises diversas, do terrorismo à pandemia, também fizeram com que a obsessão por sapatos das quatro protagonistas soasse ainda mais fútil do que antes.

Sarah Jessica Parker em cena da segunda temporada de 'And Just Like That'
Sarah Jessica Parker em cena da segunda temporada de 'And Just Like That', da HBO Max - Craig Blankenhorn/Divulgação

Dito isto, cabe ressaltar que a segunda temporada de "And Just Like That..." é bem melhor do que a primeira. A safra anterior começava com a morte súbita de John, o marido de Carrie Bradshaw, a personagem central.

Vivido por Chris Noth e mais conhecido como Mr. Big, ele sofria um ataque cardíaco logo na estreia. Uma reviravolta necessária para que Carrie, papel de Sarah Jessica Parker, experimentasse novos amores. Mas essa perda também deu um tom sombrio a esses primeiros episódios. A tristeza de Carrie contaminou até o espectador.

Além disso, "And Just Like That..." também se ressentia da ausência de Samantha Jones, a mais fogosa das integrantes do quarteto original. Brigada há anos com Parker, a atriz Kim Cattrall se recusou a retomar a personagem que a tornou famosa.

Para o seu lugar, foram criadas nada menos que quatro novos amigas para o grupo, todas pertencentes a pelo menos uma minoria: há duas negras, uma descendente de indianos e uma latina não-binária. Mas nenhuma delas se integrou de maneira orgânica à trama. Suas existências pareciam apenas responder aos críticos da falta de diversidade em "Sex and the City".

A nova temporada de "And Just Like That…" não resolve totalmente esse problema, mas é um avanço considerável. Todas as quatro novas personagens estão melhor desenhadas e têm conflitos mais claros.

Che, a comediante não-binária feita por Sara Ramírez, se revela muito mais frágil e insegura do que sugere seu porte vultoso. Sarita Choudhury é Seema, que não deixa que a educação conservadora que recebeu de sua família indiana interfira em sua agitada vida sexual —o que por um lado evita um clichê, mas por outro sugere um certo desperdício de potencial dramático.

Nya, interpretada por Karen Pittman, desiste de engravidar e se separa do marido. Já Lisa, papel de Nicole Ari Parker, é pouco mais do que uma variante de Charlotte. Ambas têm que lidar com um marido rico e às vezes pouco atencioso, além de filhos adolescentes que desafiam a mais santa das paciências.

As três remanescentes de "Sex and the City" ainda são as mais interessantes. Carrie interrompe uma série de namoricos casuais quando reencontra Aidan, um amor do passado que nunca foi totalmente esquecido. O ator John Corbett reaparece como o personagem, cujo retorno foi anunciado em um trailer desta segunda temporada.

Charlotte York, a patricinha vivida por Kristin Davis, questiona seu papel no mundo, e sente vontade de voltar a trabalhar. Mas nenhuma delas passa pela mesma montanha-russa emocional que Miranda Hobbes, a advogada aposentada feita por Cynthia Nixon, que se descobre 100% homossexual bem depois dos 50 anos de idade.

O etarismo, aliás, é o tema central de "And Just Like That...". Todas as sete mulheres se perguntam, o tempo todo, se seus prazos de validade ainda não expiraram, tanto na vida profissional como na amorosa.

Mas esta dúvida é em parte respondida pelas numerosas cenas de sexo. Ao explorar a sexualidade na meia idade —e não só a feminina—, a série encontra seu eixo e avança por territórios inexplorados, com resultados ora pungentes, ora divertidos.

Com capítulos um pouco longos demais para uma série cômica —cada um tem cerca de 45 minutos— e um número excessivo de subtramas, "And Just Like That..." só atinge velocidade de cruzeiro a partir do quarto episódio. A imprensa teve acesso a sete dos 11 previstos.

Mas ela preserva muito do que fez a fama de sua antecessora: os figurinos fabulosos, as conversas francas em torno de uma mesa de bar e, de vez em quando, as reflexões preciosas sobre a natureza humana.

Vai ficar ainda melhor se Samantha for incorporada à série. Kim Cattrall gravou uma única cena como a personagem, que será exibida num dos episódios finais.

O vazamento da participação da atriz enfureceu o showrunner Michael Patrick King, que sonhava em fazer surpresa. Mas aqueceu o coração dos fãs de "Sex and the City", que agora anseiam pela terceira temporada de "And Just Like That...".

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