Descrição de chapéu Livros Portugal

Português João Barrento vence prêmio Camões, o mais importante do idioma

Distinção que já foi para Chico Buarque e Paulina Chiziane selecionou a obra do tradutor e ensaísta nesta terça-feira

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O escritor português João Barrento foi o vencedor deste ano do Prêmio Camões, a mais alta distinção pelo conjunto da obra para um autor que trabalha em língua portuguesa.

homem idoso com barba vestido de camisa e malha
João Barrento, escritor português que venceu o Prêmio Camões em 2023 - Paulo Spranger/Global Imagens/Divulgação

O intelectual de 83 anos é conhecido principalmente pelas traduções do alemão e pelos ensaios e críticas de viés mais acadêmico, mas também tem carreira como cronista. No Brasil, sua produção é menos conhecida e pouco editada.

Barrento foi professor de literatura e tradução da Universidade Nova de Lisboa por 16 anos e responsável por levar ao português obras clássicas de Kafka, Goethe, Robert Musil e Friedrich Hölderlin. Acaba de publicar no seu país a coletânea de textos "Aparas dos Dias - A Escrita na Ponta do Lápis".

"Suas traduções de literatura de língua alemã, que vão da Idade Média à época contemporânea, e em todos os gêneros literários, formam o mais consistente corpo de traduções literárias do nosso patrimônio cultural e constituem indubitavelmente um meio de enriquecimento da língua e de difusão em português
das grandes obras da literatura mundial", justificou o júri, que teve como representantes brasileiros os professores Deonísio da Silva e Cleber Ribas de Almeida.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, saudou em nota a "importante contribuição na formação do público" promovida por Barrento com suas obras.

O Camões é entregue desde 1989 a escritores e intelectuais vivos que trabalham em português, com o hábito mais recente de revezar entre vencedores de Portugal, do Brasil e de outros países lusófonos.

No ano passado, o ganhador foi o crítico literário e ficcionista mineiro Silviano Santiago. O troféu anterior foi o primeiro conferido a uma mulher africana, a moçambicana Paulina Chiziane, que só passou a ser melhor editada no Brasil depois do prêmio.

Em 2020, o escolhido foi o professor português Vitor Aguiar e Silva, que, contudo, morreu sem receber o troféu. É que a entrega do vencedor de 2019, o compositor e romancista Chico Buarque, foi atrasada quase quatro anos devido a conflitos do governo Jair Bolsonaro com o cantor, seu opositor declarado.

Chico Buarque só teve sua cerimônia do prêmio em abril deste ano, já com Lula como presidente, e aproveitou para criticar o mandatário anterior. "Reconforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu Prêmio Camões, deixando seu espaço em branco para a assinatura do nosso presidente Lula."

O prêmio é concedido pela Fundação Biblioteca Nacional, ligada ao governo brasileiro, e pelo Ministério da Cultura de Portugal, contando com jurados de ambos os países e representantes de nações lusófonas da África.

O vencedor recebe um prêmio de € 100 mil, hoje equivalente a R$ 538 mil, valor dividido entre os governos brasileiro e português.

Veja a seguir todos os ganhadores do Camões desde sua fundação.

2023: João Barrento (Portugal)
2022: Silviano Santiago (Brasil)
2021: Paulina Chiziane (Moçambique)
2020: Vítor Aguiar e Silva (Portugal)
2019: Chico Buarque (Brasil)
2018: Germano Almeida (Cabo Verde)
2017: Manuel Alegre (Portugal)
2016: Raduan Nassar (Brasil)
2015: Hélia Correia (Portugal)
2014: Alberto da Costa e Silva (Brasil)
2013: Mia Couto (Moçambique)
2012: Dalton Trevisan (Brasil)
2011: Manuel António Pina (Portugal)
2010: Ferreira Gullar (Brasil)
2009: Arménio Vieira (Cabo Verde)
2008: João Ubaldo Ribeiro (Brasil)
2007: António Lobo Antunes (Portugal)
2006: José Luandino Vieira (Angola, recusou o prêmio)
2005: Lygia Fagundes Telles (Brasil)
2004: Agustina Bessa-Luís (Portugal)
2003: Rubem Fonseca (Brasil)
2002: Maria Velho da Costa (Portugal)
2001: Eugénio de Andrade (Portugal)
2000: Autran Dourado (Brasil)
1999: Sophia de Mello Breyner Andresen (Portugal)
1998: Antonio Candido (Brasil)
1997: Pepetela (Angola)
1996: Eduardo Lourenço (Portugal)
1995: José Saramago (Portugal)
1994: Jorge Amado (Brasil)
1993: Rachel de Queiroz (Brasil)
1992: Vergílio Ferreira (Portugal)
1991: José Craveirinha (Moçambique)
1990: João Cabral de Melo Neto (Brasil)
1989: Miguel Torga (Portugal)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.