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Mario e Sonic se reinventam em games 2D e reavivam rivalidade dos anos 1990

Mascotes da Nintendo e da Sega reaparecem com nova roupagem em jogos com lançamentos quase simultâneos

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Mario & Sonic at the Rio 2016 Olympic Games

Imagem de divulgação do game 'Mario & Sonic at the Rio 2016 Olympic Games' Divulgação

São Paulo

Coincidências são raras no mundo dos videogames. Ainda assim, tanto Nintendo quanto Sega juram de pés juntos que os lançamentos de "Sonic Superstars" e "Super Mario Bros. Wonder" com apenas três dias de diferença foram apenas isso, uma coincidência após anos de desenvolvimento e planejamento dos novos jogos de suas principais mascotes.

"Nós ficamos muito surpresos quando descobrimos que a Nintendo estava publicando seu jogo bem perto do nosso", diz Takashi Iizuka, produtor do novo game do Sonic, lançado no último dia 17.

Imagens promocionais do jogo 'Mario & Sonic at the Rio 2016 Olympic Games'
Imagens promocionais do jogo 'Mario & Sonic at the Rio 2016 Olympic Games' - Divulgação

"É pura coincidência, não há nenhuma coordenação [com a Sega] em relação ao timing do lançamento", afirma Bill van Zyll, diretor sênior e gerente geral para a América Latina da Nintendo, sobre o jogo que chegou às lojas no dia 20.

As coincidências não se resumem apenas à data de lançamento. Ambos os games buscam, com gráficos modernos e novas mecânicas, renovar a jogabilidade clássica dos jogos 2D de plataforma, que estão na origem dos mais de 30 anos de sucesso das duas franquias.

"No passado os jogos eram apenas diversão e entretenimento. Algo que você podia pegar e jogar, sem ter de explicar muito. Em ‘Sonic Superstars’ nós quisemos trazer de volta essa experiência casual, de apenas diversão, diversão e diversão. Provavelmente a Nintendo chegou a essa mesma ideia", diz Iizuka.

Van Zyll, por sua vez, vê essas coincidências como uma prova da popularidade dos jogos de plataforma 2D. "Eles têm muitos fãs, alguns desde o NES [um dos primeiros consoles da Nintendo, lançado em 1985 nos EUA]. As pessoas adoram. Continuam sendo jogos divertidos e desafiadores", afirma.

Apesar dos elogios ao gênero, a Nintendo não criava um jogo de plataforma 2D do Mario totalmente novo desde 2012, quando "New Super Mario Bros. U" foi lançado para o Wii U.

Nesse intervalo de mais de dez anos, é verdade que a empresa fez algumas experiências com o formato, lançando a série "Super Mario Maker" —com fases criadas pelos próprios jogadores— e "Super Mario Run" —título para celulares, com jogabilidade ainda mais simplificada. No entanto, só em "Super Mario Bros. Wonder", a Nintendo de fato revisitou a fórmula clássica dos jogos do personagem de uma forma que cativou fãs e críticos.

"O que é realmente empolgante sobre ‘Wonder’ é que há muitos níveis diferentes nos quais você pode jogar. Crianças ou pessoas que são novas na série serão capazes de pegar e jogar, mas também aqueles que jogam há décadas podem ser muito desafiados. É um jogo realmente para todos", resume Van Zyll.

A Sega, por sua vez, vem apostando mais no gênero, mas com jogos que apelam mais à nostalgia do que à inovação. São os casos, por exemplo, de "Sonic Mania" —lançado em 2017, que misturava jogos clássicos em uma espécie releitura— e "Sonic Origins" —relançamento de 2022 dos primeiros títulos do personagem, para Mega Drive e Game Gear.

"Sonic Superstars", porém, representa um novo rumo e é visto pela empresa como uma nova base para o futuro da franquia. Um salto que Iizuka compara ao lançamento de "Sonic Frontiers", responsável por reformular a série de jogos 3D de Sonic com a introdução de elementos de jogos de mundo aberto.

"Tentamos manter a sensação clássica de jogar Sonic, com os mesmos controles e design de níveis", diz Iizuka. "Quando conseguimos isso, adicionamos novos elementos, como as esmeraldas do poder [que dá novas habilidades aos personagens] e o modo de jogo cooperativo", completa.

Mesmo que involuntariamente, os lançamentos reavivam uma rivalidade de quase 30 anos, que moldou a história dos videogames.

Mario foi um dos primeiros grandes mascotes da indústria. Os primeiros jogos protagonizados pelo encanador bigodudo, no fim dos anos 1980, ajudaram a Nintendo a se estabelecer como uma das líderes mundiais do incipiente mercado de consoles.

Já Sonic, desde a concepção, foi pensado para ser uma espécie de "anti-Mario" como mascote do Mega Drive (ou Sega Genesis, nos Estados Unidos), lançado pela Sega para concorrer com o Super Nintendo.

Da cor azul —mesmo tom do logo da Sega— aos sapatos vermelho e branco —inspirado na capa do álbum "Bad", de Michael Jackson—, tudo foi pensado para criar um personagem moderno e ousado, que representasse o lema "Genesis does what Nintendon't" (O Genesis faz o que o Nintendo não faz), mote da campanha de marketing recheada de celebridades da empresa.

A estratégia foi bem-sucedida. Lançado em 1991 e vendido em conjunto com o Mega Drive, o primeiro "Sonic the Hedgehog" ajudou a Sega a tomar da Nintendo a liderança do mercado americano de consoles. Até hoje, esse é o maior sucesso comercial da franquia, com cerca de 15 milhões de cópias vendidas.

Nos anos seguintes, no entanto, erros na concepção e lançamento de seus próximos aparelhos de videogame custaram caro à Sega. Ao mesmo tempo, a empresa patinava ao tentar adaptar os jogos do mascote às novas tecnologias.

Meses após a Nintendo lançar com o Nintendo 64 o jogo "Super Mario 64", que virou paradigma para os jogos 3D de plataforma, por exemplo, a Sega lançou o medíocre "Sonic 3D Blast", um dos derradeiros títulos do Mega Drive.

A empresa saiu definitivamente do mercado de consoles em 2001, com a fabricação do último Dreamcast. O fim da competição na área de hardwares, porém, abriu espaço para o início de uma nova era no relacionamento entre as duas empresas e, consequentemente, entre os dois personagens.

Iizuka, por exemplo, chegou a trabalhar com a Nintendo na série "Mario & Sonic at the Olympic Games", primeira protagonizada pelos dois personagens e cujos jogos são compostos por minigames inspirados em esportes olímpicos.

"Temos um relacionamento muito bom. Pude ver de perto como eles realmente se importam e respeitam não só o Mario, mas o Sonic também. Trabalhar com a Nintendo foi uma grande honra", disse Iizuka. "Eles fazem hardwares excelentes, que as pessoas amam. Gostaria muito de voltar a trabalhar com eles no futuro."

Elogios que Van Zyll também dirige ao antigo concorrente. "Nós temos uma longa história com a Sega, de um bom e sólido relacionamento", afirmou o executivo da Nintendo.

Mario vence Sonic em buscas no Google

Na internet, o encanador da Nintendo vence a disputa de popularidade contra o ouriço da Sega.

Segundo dados do Google Trends, plataforma que mede o interesse de busca por termos e assuntos, Mario é quatro vezes mais pesquisado do que o ouriço azul no Brasil. Os dados globais dão uma vantagem semelhante para o personagem da Nintendo.

Os únicos meses em que Sonic ultrapassou seu rival estão ligados ao lançamento de suas adaptações para o cinema, "Sonic", em fevereiro de 2020, e "Sonic 2", em abril de 2022. O encanador também teve um pico de buscas com o lançamento de seu filme, em abril deste ano.

Colaborou Eduardo Marini.

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