Vik Muniz diz que galerista assassinado apostou em todas as suas loucuras

Artistas representados por Brent Sikkema, morto no Rio de Janeiro, dizem estar consternados com o crime

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São Paulo

Artistas representados por Brent Sikkema, o galerista americano encontrado morto no Rio de Janeiro na segunda-feira (15), dizem que estão consternados com o crime e se sentem agradecidos por terem trabalhado com o marchand, que tinha 75 anos.

Vik Muniz era representado por Sikkema há 30 anos, desde quando ele tinha uma galeria improvisada na sala de estar de seu apartamento em Nova York, nos anos 1990, que mais tarde se expandiria, ganhando um sócio e uma sede no Chelsea, onde está hoje.

Brent Sikkema, de 75 anos, era sócio proprietário da galeria Sikkema Jenkins & Co, no Chelsea - ArtBO/Divulgação
Brent Sikkema, de 75 anos, era sócio proprietário da galeria Sikkema Jenkins & Co, no Chelsea - Divulgação

"Brent apostou em todas as minhas transformações, todas as minhas loucuras, muito do que eu fiz e do que me foi permitido fazer —é quase que uma colaboração", ele afirma, creditando ao galerista seu desenvolvimento como um dos artistas brasileiros mais respeitados no exterior.

Muniz conta ter se encontrado intelectualmente com o galerista devido à fotografia, dado que Sikkema também foi um marchand especializado em fotos.

O artista diz que, mesmo que tenha recebido convites de galerias maiores, nunca deixou Sikkema. Para ele, o marchand foi um visionário ao sempre ter apostado na diversidade de nomes representados, algo que todas as galerias de arte buscam hoje, por causa das pautas identitárias, mas nem sempre foi assim.

Ele cita como exemplo a pintora e artista de instalações Kara Walker, uma mulher negra que também era representada por Sikkema há décadas, e ele próprio, um latino.

"Desde o começo da galeria, existia um percentual muito igualitário de mulher, de homem, de latino, de branco. Brent foi uma bússola ética e moral de como uma artista e um galerista podem participar e ajudar o mundo de forma mais pragmática. Eu me envolvi com o Partido Democrata a partir dele", acrescenta o artista.

Muniz tinha uma relação pessoal com o galerista. Ele passava as festas de fim de ano junto e convivia com o filho de Sikkema. O crime, diz o artista, aconteceu do nada. "Ele tinha uma vida, ia na praia. É muito injusto tudo isso. Estou muito chocado e não sei nem o que pensar."

Luiz Zerbini, outro artista brasileiro representado pela galeria de Sikkema, a Sikkema Jenkins & Co., afirma estar muito triste pelo fato de a tragédia ter acontecido no Rio de Janeiro, "cidade que ele amava e escolheu para viver parte da sua vida".

"Brent foi e continuará sendo uma pessoa muito importante e querida por todos na cena de arte mundial. Fará muita falta", diz Zerbini.

Kara Walker engrossou o coro de homenagens e prestou um tributo a Sikkema no Instaram. "Eu não posso acreditar que você tenha sido tirado da gente desta forma."

O galerista foi assassinado em sua casa, no bairro do Jardim Botânico. A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta quinta-feira o suspeito pelo crime.

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