Leia textos de Millôr publicados na Folha

Jornalista e escritor, que completaria 100 anos, foi colunista do jornal em 2000

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Jornalista, humorista, desenhista e tradutor (e muitas coisas mais), Millôr Fernandes completaria cem anos na quarta-feira (16/8). Acima de tudo um homem da imprensa, atividade a que dedicou seu imenso talento por mais de 70 anos, Millôr foi colunista do extinto caderno dominical Mais!, da Folha, de julho de 2000 a agosto de 2001. Leia a seguir alguns de seus textos.

Da eutanásia
(
Último texto publicado, em 12 de agosto de 2001)

Mais cedo ou mais tarde todo articulista decente tem que falar da eutanásia, razão pela qual eu custei tanto a me decidir. De saída é uma palavra tão bonita que, se a pronunciamos contra o céu azul do colocar-do-sol (antigo pôr-do-sol) de um dia de domingo, qualquer pessoa, por menos poética que tenha a alma, percebe imediatamente que somos muito cultos e lidos. De qualquer forma não é necessário esperar o domingo para usar a eutanásia, já que nos dias comuns essa palavra também pode ser empregada, embora só em legítima defesa.

Porém, que é a eutanásia? A eutanásia, inventada no ano de 1200 por Sir Lawrence Olivier Lancelot, tornou-se imediatamente muito popular entre médicos que tinham pressa em receber as contas das viúvas. Aplicada aos doentes, ela dá excelentes resultados, curandoos completamente dessas tola mania de chamar médicos quando está doente. Médicos só devem ser chamados quando se está vendendo saúde. Por exemplo, aos 18 anos, fazendo surfe no Arpoador.

O desenhista, jornalista, dramaturgo e escritor Millôr Fernandes em 1970 - Acervo UH/Folhapress

Outrossim (que eliminou da língua o outronão), é muito fácil saber se você contraiu eutanásia: basta olhar pro canto e ver se a junta médica está falando em voz baixa. Se estiver, é porque você acabou de ser convocado para fim de herói russo no período comunista ou pra doador de órgãos na China atual. Isso, no Brasil do século XIX, ainda não se chamava eutanásia, se chamava "Voluntários da Pátria".

Na Idade Média (aproximadamente 40 anos) essa ciência chegou a ser muito praticada, principalmente em Caxias, no Rio, tendo até mesmo o Sr. Tenório Cavalcanti publicado um livro sobre as melhores maneiras de se empregar a referida Euterpe com metralhadora Lurdinha. Floresceu muito, também, entre os Médicis de Florença e só não floresceu mais porque Florença temeu a concorrência e juizes severos praticaram a eutanásia na eutanásia, tendo ela embarcado para a França, onde apareceu num filme de André Cayatte e posso garantir que estava mais bonita do que nunca.

Mas o local onde crescem as maiores eutanásias que já tive oportunidade de saborear, é no 2o. pavilhão para tratamento psicológico, no Carandiru.

Olha, explico melhor —no tempo em que o cavalo de Tróia ainda era potro, já a eutanásia tinha dado duas voltas ao mundo, usada muitas vezes por pessoas que não tinham a mínima experiência e tentavam apagar alguém praticando a eutanásia e acabavam liquidando sem que a eutanásia sequer desse as caras. (Aqui conviria falar de Hiroshima e Nagasaki, mas eu agora estou sem vontade de me meter na guerra fria, pois acho que essa era até bem quente. Prefiro chuveiro. A propósito, alguém ai tem cinco notas de dez, dessas elásticas estou precisando lavar dinheiro).

Isso é a eutanásia, em suma. Quem souber mais e melhor que me diga, sendo que a bibliografia a respeito é muito rica, estando mesmo Trotsky preparando um grosso volume sobre o assunto quando Stalin praticou a eutanásia nele. E mais não digo porque, aqui pra nós, estou com eutanásia de assunto.

Fernando Henrique Cardoso, Luis Estevão e Jader Barbalho, citados ocasionalmente nesta página, são personagens fictícios. Qualquer semelhança com Fernando Collor de Mello, PC Farias e Al Capone terá sido mera coincidência.
(Texto publicado em 8 de abril de 2001)

1) Retrocessos da vanguarda
Reparem, se ainda não repararam. Toda vez que a tecnologia avança, o espírito regride. É irresistível não aproveitar o meio novo pra repetir ideias velhas.

2) Liberté, Egalité, Fraternité,
Liberdade, Igualdade, Fraternidade, que bonito! A frase, criada por Benjamim Franklin, e que logo se tornaria o lema da revolução francesa, é uma contradição em termos. Pois não pode coexistir liberdade com igualdade. Se há liberdade total basta um Mike Tyson qualquer toda noite entrar no bar que eu freqüento e exercitar sua liberdade de ficar com um sorrizinho maroto na boca, pra me intimidar. Claro que eu não freqüentaria mais tal lugar, pois o homem é de assédio e eu não sou nenhuma Desirée.

O termo Fraternidade foi colocado no lema entre os outros dois, como interface utópica. Mas logo Chamfort, o grande humorista-pensador da época, revolucionário da primeira hora, e imediato decepcionado da segunda, destruiria a frase gritando: "Eu sei qual a fraternidade que vocês defendem - é a fraternidade de Caim." Preso uma vez, aterrorizou-se com a violência de seus ex-companheiros. Em casa, solitário, deu um tiro na cabeça. Conseguiu apenas arrebentar o nariz e furar um olho. Desesperado, pegou uma navalha, cortou a carótida, logo depois cortou os pulsos. Fracassou. Sobreviveu sem igualdade, sem liberdade e muito longe da fraternidade.

3) Pra que?
O ser humano é o único animal que sempre quer mais.

4) Horizonte
E vai-se abrindo em beleza meu glorioso outono, nossa verdadeira primavera, que, como todos os anos, torna meu coração mais leve diante da vida.. Mas a alegria do corpo não impede a reflexão, e pode até estimular grandes dúvidas. Que foi a que me veio ontem, olhando o mar ao longe: afinal de contas a Baia dos Porcos é em Cuba ou no Rio de Janeiro?.

5) O X
Não tema enfrentar problemas que lhe parecem demasiado complexos. Por exemplo: o círculo é fácil de reconhecer, porque não tem hipotenusas nem catetos.

6) POEMEU POLÍTICA E SEXUALMENTE INCORRETO

Tá bem, querida,
Eu não te paquero
Porque paquera agora é crime
É assédio, que palavra!
Mas se teu pai não paquerasse,
com licença da expressão,
A tua mãe,
Você não ia se queixar
De minha paquera
Porque, olha aqui,
Você nem era.

ADVINHA
(
Texto publicado em 21 de janeiro de 2001)

Todo dia a garota americana americana do edifício em frente fica nuazinha, sem fechar a janela. Chamei meus amigos pra apreciar. Como é que se chama a garota?

RESPOSTA DA ADIVINHA:
Body-espiatório.

Se existe mesmo um crime organizado, olha, rapaziada, é a única coisa organizada neste país.

1) IRREALIDADE
Idealistas têm sempre lamentáveis efeitos colaterais. Quando fazem a Revolução dos Cravos, por exemplo, entregam o Timor Leste à liberdade de, 10 dias depois, ser massacrado pela Indonésia. E 25 anos depois mandam o terço da popualção que sobreviveu ser salvo pelo tangueiro FhC

2) POETZGRILA
No meu trabalho de tradutor sempre achei extremamente difícil traduzir poesia do polonês. Sobretudo rimas em pilsudstzw.

3) Segundo o Detran, os cariocas afinal se lembraram de que são cariocas. Estão, cada vez mais, deixando de usar o cinto de cegorança, essa odiosa imposição dos lobbies internacionais das montadoras. E do estado caça-níqueis. Há inúmeros casos, absolutamente comprovados, remember Dener, em que o cinto mata. Nunca se provou que salve.

4) BORGES
"Dominamos a tecnologia. E perdemos de goleada para a sociologia"

5) Ouvo, como sempre fascinado, a apresentadora intelectual do Fantástico, da Globo : "Na Serra, a média do frio chega a 5 graus negativos". Olha, mocinha, se há uma coisa que não chega a lugar nenhum é uma média. Em tempo: escrevi ouvo porque o Fantástico eu não ouço.

6) WOOD FACE
Agora, cara de pau mesmo é a do Senador, aquele, que diz, na intimidade: "Somos o 46 país em corrupção? Incompetência do governo. Se eu estivesse sentado lá chamava logo esse pessoal da Transparency International, passava um bom tutu pra eles e acabava na hora com a nossa corrupção".

7) A TVA RESPONDE
A propósito de uma nota-queixa só pra chatear, não espero soluções, conheço meu país sobre cobranças da TVA, o Assessor de Comunicações da empresa me explica tudo. Como sempre me trata como se eu fosse uma criança. Igualzinho a como nos trata FhC. Ou o Ministro da Justiça. Ou o Ministro Nelson Jobim, do Supremo. Ou o general Cardoso. Nós, da galera, somos todos do jardim da infância. Mas vamos lá.

Caro Millôr,
Sobre sua coluna do dia 31 de dezembro de 2000, na Folha de S. Paulo, gostaríamos de ponderar alguns pontos apresentados com relação aos valores cobrados pela TVA.

... a TVA adotou uma política diferenciada com relação à cobrança das mensalidades. Baseada numa relação de transparência com seus assinantes, a empresa decidiu discriminar todos os valores embutidos nas mesmas, inclusive taxas.

MF: Obrigado pela transparência. Tá na moda. Mostrar o que está por baixo.

O objetivo da empresa... é de levar ao conhecimento do assinante todas as taxas e serviços que compõem a mensalidade. Porém, mais importante que esta discriminação, é a opção que a TVA dá ao cliente de dispensar alguns serviços, podendo diminuir o preço da mensalidade.

MF: Muito bem, é assim que se trata o cliente. Os patrões enchem ele de coisas que ele não pediu e ele, para dispensar as ofertas, que se vire com o pessoal do quarto escalão.

Neste sentido, vale ressaltar que a única taxa obrigatória é a de decodificação (R$ 3,30) referente ao custo do aparelho decoder, utilizado para a decodificação dos sinais de programação, que são codificados. Todas as outras taxas são opcionais.

MF: Que redação, doutor. Quase que precisa ser decodificada. Bem, depois veremos a "opção". Por enquanto fico nos R$ 3,30 (mensais): por que tenho que pagar R$ 39,60 por ano de aluguel por esse decodificador? Não podiam me vender pelo preço de custo, que não deve ultrapassar os R$ 20,00? Em cinco anos de uso terei pago R$198,00 por ele. Caro, non, mamita?

Revista TVA: R$ 3,50. Os assinantes que optarem por não receber a Revista podem consultar a grade de programação no Guia Eletrônico do canal TVA no AR ou por meio do site www.tva.com.br.

MF: Tenho a impressão de que o senhor não leu meu tópico, longo, sobre o valor da revista. Vai de novo, apenas o final: Tudo comparado, a VEJA (tem 220 páginas, mais a Vejinha, com 146, fazendo um total de 366 páginas, preço R$ 4,50) devia custar, baratinho, R$ 100.

Quanto à opção (de novo), "o assinante pode recusar a revista", tudo bem. Mas tem que possuir um computador pra consultar www.tva.com.br: Não tendo computador "pode consultar o Guia Eletrônico do canal TVA no AR". Isto é, sai do canal em que está vendo par exemple um filme, consulta o canal e volta ao filme. Perdeu o momento em que um assinante é seviciado.

Manutenção Técnica: R$ 2,70. Esta taxa garante manutenção gratuita quando solicitada. Dispensa taxa de visita e despesas de consertos, quando o motivo é causado pela TVA.

MF: Não reclamei. Achei justo. Até barato. Jamais vão me pegar fazendo malabarismos intelectuais pra provar uma tese.

Taxa administrativa: R$3,00. Refere-se aos custos de boleto e serviços bancários. Os assinantes também podem optar, sem ônus algum, pelo débito em conta corrente ou cartão de crédito.

MF: Essa opção é fácil de fazer. Os bancos vivem doidos atrás desse automatismo. Torna impossível, por exemplo, fazer esta verificação no que nos estão cobrando. Bota um vidro fumê preto é melhor na "transparência".

Canal PSN: R$2,90. Trata-se de um canal de esportes vendido "a la carte", ou seja, não é obrigatório. Quando lançado, houve um período de degustação, sem custo algum. Após esta fase, a taxa somente passou a ser cobrada daqueles assinantes que fizeram uma autorização de cobrança.

MF: Outra "opção"? Que, aliás, não fiz. Nem degustei coisa nenhuma. A palavra é ridícula, neste contexto. E o a de à la carte tem crase.

Esperamos tê-lo ajudado no esclarecimento de suas dúvidas em relação à cobrança de mensalidade. Gostaríamos de ressaltar, ainda, que sua opinião é muito importante para o constante aperfeiçoamento de nossos serviços.

Marco Dabus
Assessor de Comunicação e Imprensa TVA

MF: Perfeitamente esclarecido, isto é, é besteira reclamar, aqui fico, Millôr Fernandes. Jornalista sem fins lucrativos. Em tempo: fui dos primeiros assinante da TVA. E continuo achando-a melhor do que a NET.
Não tem de quê.

Y asi pasan los dias
(Texto publicado em 6 de agosto de 2000)

Os bancos lutam furiosamente contra a quebra do sigilo bancário. mas são entusiasticamente a favor do sigilo da quebra bancária.

1) Estamos todos, desde sempre, a reboque da tecnologia. O comunismo, por exemplo, terminou quando, no neolítico, o da pedra polida, se descobriu o vasilhame.

2) Conheço um porrilhão de gente que pensa ter o ativismo de Che Guevara e a filosofia de Marx. E têm apenas os furúnculos de Marx e a asma de Chê.

3) Leio que o pessoal do BASTA! está fazendo uma campanha em Brasília pra que os homens públicos não sejam mais apedrejados (ou ovulados) com ovos. "Atirem tomates!", diz a campanha, "são mais baratos". E, acrescento eu, não têm mãe.

4) As maravilhosas maravilhas da humanidade. (Histeria coletiva ou de massa)
As formigas marabundas, os "lemmings" (que se atiram de ponta-cabeça no primeiro precipício que encontram) e jornalistas querendo enfiar o microfone na boca do senador acusado, são as primeiras criaturas que lembro quando me falam de histeria coletiva. Em espanhol é estampida!.

Essa estampida acontece quando o racional é dominado pelo frenesi da religião, da bolsa de valores ou da escalação do Luxemburgo. Sem esquecer a próxima eleição com voto universal obrigatório. Histeria coletiva institucionalizada.

Caso em que é impossível saber que "sinalização" leva os indivíduos a votar suicidamente em Paulo Maluf ou, sinal de total incapacidade de defesa da poupança vital, dar 3% de votos ao Collor.

5) A histeria a favor é visível quando todos os puxa-sacos abanam o rabo ao mesmo tempo, e ainda mais visível quando a abanação é de mulher. Aí o abanar do rabo deixa de ser metáfora e causa no receptador-indivíduo resposta imediata - aceleração da pulsação, contrição das pupilas e suores frios. Sem ereção.

É sabido que, com a involução da espécie, os seres humanos começaram a modificar os sinais emitidos ou recebidos, sendo capazes de cair em histeria à simples menção do nome da filha da Xuxa, de que aumentou o furo na atmosfera, ou de que o Color (não nos larga!) está de volta.

Amigo meu, especialista em behaveorismo (comportamento) me mostrou como age o estímulo induzido. Ele dá uma cacetada na cabeça de um rato cada vez que este vai comer queijo. Dias depois, ele solta o mesmo rato na tua cozinha, você lhe atira um pedaço do mais fedorento Gorgonzola e ele, o rato, foge, espavorido. E todos os outros ratos fogem atrás, no efeito multiplicador.

Mas há estímulos coletivos totalmente inexplicáveis como o que leva cem débeis mentais andando no calçadão de Ipanema, ouvindo a mesma música heavy-metal, sem nenhum saber o que o outro está ouvindo, a balançarem todos no mesmo ritmo.

Seja como for, o mercado de histeria coletiva anda fraco. Já não se fazem mais caças às bruxas, não há mais feiticeiras de Salem, nem Inquisições, como antigamente. Em compensação, temos milhares de skatistas dando saltos alobrógicos em buracos no meio da rua e centenas de milhares de pessoas se agitando freneticamente atrás de um trio elétrico na Bahia. Mas parece que isso, na Bahia, não conta como histeria. É só a liberação de energia represada durante o resto do tempo. Acham até, os baianos, que é uma forma de sobrevivência da espécie.

Pois, por inaptidão ou pura preguiça, nunca houve suicídio em massa do alto de elevador Lacerda.

Ah, olha, não quero assustar ninguém não, mas me afirmam que o Collor já está com 4% dos votos.

6) Esse negócio do neoliberalismo substituindo o antigo socialpositivismo do FhC (PhD cum laude), me lembra não sei por que —ou sei?— a história do guarda que há três anos pegou um candango dentro dum laguinho em Brasília (aquele mesmo em que a marinha proibiu o tráfego de barcas). O guarda gritou: "Está preso. Você não sabe que é terminantemente proibido nadar aqui?". O candango, se debatendo, gritou desesperado: "Seu guarda, pelo amor de Deus, eu não estou nadando, estou me afogando". "Ah", considerou o guarda, "tudo bem". E foi embora.

7) Todo poder a Marcos Maciel que tem se comportado extraordinariamente bem como Presidente-Em-Excercício. Todos acham que deve ficar definitivamente. Até FhC é a favor. Está satisfeitíssimo como ministro do Exterior.

Movimentação do primeiro dia da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) de 2014, que prestou homenagem a Millôr Fernandes - Danilo Verpa/Folhapress

É inegável que a leitura melhora fundamentalmente o ser humano. Desde que, claro, ele seja alfabetizado. Já a televisão piora até o analfabeto
(12 de novembro de 2000)

1) Solução
Novo salário mínimo. Como o governo não consegue resolver o problema da fome resolveu distribuir ao povo caixas de palito.

2) Hierarquia social
A popularidade é a glória rodando bolsinha.

3) Ilusão
Muitos pensam que os mapas representam a realidade geográfica. Eu mesmo, até ir lá um dia, acreditava que a Argentina era um país cor de laranja.

4) Pequenas licoes semânticas
Entre o porque e o por quê há mais mistério gramatical do que metafísico.
*** Certos agás mudos não têm o que fazer, nem pra onde ir, nem como ficar.
*** No princípio era o verbo. Defectivo, naturalmente.

5) Para cineastas de plantão.
Repara bem, a vida quase nunca é muito junto, e raramente é muito longe. A vida é quase sempre em plano médio. Exceto quando você nasce e você ama, e aí a câmara dá um close. E quando você morre e tudo vai ficando em plano bem distante e entra em fade-out.

6) As 10 coisas de que as pessoas não têm nenhum medo.
I) Derreter com o calor do verão..
II) Vírus no dinheiro.
III) Pessoas chamadas Severino.
IV) Se olhar no espelho e verificar que é muito bonito/a.
V) Excesso de comida.
VI) Ser atingido pela Quinta Estrela de Escorpião.
VII)Perder um amigo porque ficou com sua bela mulher.
VIII) Contato com pessoas muito simpáticas e generosas.
IX) Cheques pelo correio.
X) Cheques sem ser pelo correio.

7) E pra não dizerem que não falei na reforma agrária
A proprietários de agrárias que ocasionalmente não sabem que as possuem, e antes que algum neo-comunista as reformem (?), esclareço que agrária, de uma forma ou de outra, é terra. Assim, se você tem terra, você tem agrária - tome cuidado. E não pense que terra é só terra mesmo. Não senhor. Terra, no sentido de agrária, inclui matérias não terrosas - ferruginosas, vacuns e galináceas. Praticamente tudo que está, ou anda, em cima da terra. E alguns reformistas agrários acham que terra significa até batatas, vagens, couves, antenas parabólicas, latas de cerveja e sacanagens no Pantanal.

Para saber a estabilidade de sua terra (falo economicamente, o Brasil não tem terremotos nem agrariomotos), o proprietário deve avaliar bem suas posses. Pode começar por um pequeno espaço, a casinhola do cachorro. Medida a área ocupada pelo animal, deduzido o gasto com sua alimentação, avaliado o lucro (segurança) produzido por seus latidos, apura-se a rentabilidade do pedaço. Aí, proporcionalmente, o terra-tenente saberá quanto vale sua fazenda do tamanho da Holanda e quanto deverá receber por ela para que seja entregue aos famélicos da terra, vulgo MST.

Donde se concluí que ter propriedade agrária é cada vez mais complicado, pois os defensores da reforma consideram terra também os subsídios, os dissídios, a piscina, a prima finlandesa que ia passando e entrou um instantinho pra tomar uma sauna, e outras noblesse-obliges. O melhor mesmo é vender tudo e ir pra praia que, todos sabemos, não é terra, é areia. E areia, decididamente, ninguém reforma, pois não dá nada, a não ser caravana e mulher bonita com bunda de fora.

O ÓDIO NÃO DEVE TER FINS LUCRATIVOS. PERDE A SUA PUREZA
(24 de dezembro de 2000)

1) Brasil, 2000
Quando, em seu caminho, você encontrar uma bifurcação, não hesite: vá em frente.

2) Por fora
Errar é humano. Eu, como bom ET, estou me lixando.

3) Versa
Não há exceção sem regra.

4) Antítese
O ser humano só começou a ser infeliz no momento em que descobriu a ideia da felicidade. Até aí ia tudo muito bem.

5) Ingratidão
Depois de teimosa previsão, meses de preparação, e 40 dias de navegação em águas violentas, Noé conseguiu salvar a humanidade da extinção (las intenciones de dios eran bien conocidas). Imediatamente passou a ser chamado de antediluviano.

6) Atenuante
As inimigas dizem que ela é uma víbora. Mas as amigas dizem que todo dia ela leva a vibora pra passear.

7) ARVORE DE NATAL
Em risco de extinção


"Jingle bell, jingle bell, acabou o papel,
Não faz mal, não faz mal
Limpa com o jornal."
(da irreverência infantil do Meyer)

No Rio a gente sensata
Lutou por uma figueira
Mas não vi um democrata
Erguer a sua bandeira
Combater a causa mortal
Da árvore de Natal.

Dava bolas, não se lembram?
Dava velas multicores
Que enfeitavam as salas,
Com mil luzes e calores.

Ainda existem, mas poucas;
E todas industriais
Plantadas por grandes bancos
Pra enfeitar seus capitais

As outras, as verdadeiras,
Foram sendo destruídas
Pelo atrito entre as vidas
Foram sendo desprezadas
Pelas relações iradas.
Enquanto nossa má fé!,
Lamentava a sua morte
Com lagrimas de jacaré.

E entravam pelo tubo,
Mas a gente, em dado momento,
Só lhes botava um adubo;
Bosta de ressentimento.

E será mesmo que interessa
Em nome de uns inocentes
Crescer arvores inventadas
Pela imaginação das gentes
Sem utilidade prática
Frutificando presentes
Que brotam de suas raízes
Pra pessoas já felizes?

Pois nunca vi martelo ou pua
Ou uma colher de pedreiro
Frutificar nessa arvore
Fosfatada com dinheiro.

Só via coisa maldita
Pois a praga da inflação
Crescia mais do que ela
E, sem darmos atenção,
Quando morreram as graúdas
Foram-se acabando as mudas
Não houve renovação.

E, cercada de fome e medo,
Extinguiu-se a plantação.

Pode ser, eu não sei não,
Há ainda outra versão;
Ante a violência urbana
A arvore ficou tristonha
E como não era humana
Foi morrendo de vergonha.

Contudo, tenho esperança,
Quem espera sempre alcança.
E por isso deixo aqui
Meu voto de confiança
E meu apelo final
Pela arvore tradicional:
Mais popular, mais comum,
Estou certo, vai renascer
Para que, em dois mil e um,
Os pobres tenham o que comer.

Saiba - Marmanjos São Anjos Pescadores
(25 de fevereiro de 2001)

1) Língua franca
A ortografia, modo de se registrar a língua —há línguas ágrafas, não escritas— é coisa indevidamente prezada pelos meus estimados mestres de "português", do Dia/JB/Globo,etc. Ortografia é apenas um registro, naturalmente subsidiário, da verdadeira língua, a falada. No Brasil, com três reformas nos últimos cinqüenta anos, nenhuma delas orgânica, e sempre atreladas a um inexplicável acordo com Portugal (por que não obedecer também a certas formas portuguesas de Guiné-Bissau?), a ortografia é um desastre.

Quase ninguém sabe escrever (ortograficamente falando). Fizeram uma reforma dita fonética que, em certos casos, obedece aos mais arqueológicos ditames etimológicos. Durante anos ridicularizamos os famosos "sinais diacríticos diferenciais", com que éramos obrigados a acentuar a palavra toda (tôda), porque em Portugal havia um pássaro chamado toda (tóda), e acentuar medo (mêdo) porque, quando estávamos apavorados, poderiam pensar que estávamos nos referindo a um medo (médo), dos Medos e Persas, lembram deles?. Haja frescura! E aí acabaram com tudo isso, depois que, durante anos, milhares e milhares de meninos levaram pau em "português".

As regras, impostas como atos da natureza, nos obrigam, ainda hoje, a escrever A poetisa poetiza depois das três reformas ortográficas "revolucionárias". Na verdade sempre conservadoras no pior sentido, já que os donos da língua (quem decidiu isso?) são os 38 velhinhos da Academia de Letras (há sempre dois mortos em rodízio, esperando substituição) do Brasil, e 38 velhinhos da Academia de Letras de Portugal (lá também há sempre dois mortos em rodízio, imortal morre muito).

A única reforma ortográfica realmente revolucionária que conheço (conheço muito pouco de tudo) é o Quick Writing, de Bernard Shaw, proposta de reforma total da escrita inglesa (onde hoje se escreve ghotic e se lê fish) com quarenta símbolos. Mas isso é outra istória.

Ah, bem!:
Escrevi todo esse nariz de cera e ia esquecendo porquê. É que o romancista Moacyr Scliar me citou dizendo que escrevi uma peça A HISTÓRIA É UMA ESTORIA. Não escrevi, caro Scliar. Escrevi uma peça chamada A HISTÓRIA É UMA ISTÓRIA. Toda uma diferença.
Escrevo istória e não estória porque acho estória duplamente falsa. Imitando a língua inglesa (nada contra, língua se faz assim; e assado) onde há diferença entre history (acontecimento histórico) e story (conto ou anedota), o simpático jornal Diário Carioca (desaparecido) inventou o termo estória, para diferenciar os dois sentidos da palavra original, história. Mas não vejo vantagem em substituir um h inicial (mudo), por um e que se pronuncia i. Parece coisa de viado (que se escrever veado).

PS. Acho que os pós-moderninhos, que resolveram dividir em duas a palavra Historia botando estória em lugar de história para distinguir história de história, nunca tinham ouvido falar em palavras homófona, homógrafas, ou homófonos-homógrafas. Porque não modificam a palavra pena? Noutro dia passei num cinema e estava lá: "OS CRIMINOSOS NÃO MERECEMPENA". E fiquei sem saber se ninguém se condóia dos criminosos, se não tinham direito a um cocar, se não valiam nem uma sentença, ou se não lhe davam instrumento pra escrever uma carta. Valham-me, acadêmicos.

2) Parada pra pensar
Esses cientistas maravilhosos mapeam o genoma, identificam os genes, seviciam as moléculas. Me babo de admiração. Mas, que conclusões mais apressadas, meu Deus!

3) Técnica
Eu, cá por mim, descobri um meio novo de assistir novela. Abro o meu Maias (Ediouro-697pgs, bixo!), ligo a tevê —vejo a filmagem e leio o livro ao mesmo tempo, conferindo onde está melhor e onde está pior. Multitask é isso aí, camarada.

4) Derivados
O barão de Coubertin, criador dos jogos olímpicos modernos, tornou célebre a frase: "O importante não é vencer. É competir. "O pessoal não entendeu bem (ou entendeu, sei lá) e está apenas competindo pra ver quem usa mais anabolizantes.

5) Privacidade
E, como diz o Arthur Dapieve: "Homossexualismo é questão de furo íntimo".

6) Anglofilia
Estou com esse pessoal que defende nossa língua, e não abro! Se nos deixarmos dominar pelo inglês acabaremos submetidos à globalização. Não poderemos mais ter um SyncMaster em cada mesa, um Toyota em cada garage, e um Rock-in-Rio toda semana.

7) Mais lingüística
Mérito é como eles chamam o osso que dão ao cachorro obediente.
(Eu hoje tô que tô).

Não há dúvida o primeiro dia em que o sujeito deixa de fumar é terrível. Mas o segundo é maravilhoso, ele volta a fumar.
(15 de abril de 2001)

1) Entrevista 1
FhC: Estou otimista quanto ao nosso futuro imediato.
Repórter: E porque essa expressão apreensiva?
FhC: Meu otimismo nunca deu certo.

2) Brasil à sombra da dúvida suprema
Pessoas se perguntam —ocasionalmente me perguntam— em quem confiar no momento em que não se confia na própria sombra, nem na luz que faz a sombra. Mas não convém ser assim pessimista, ecôo eu, vosso modesto interlocutor. Ontem mesmo eu vi um cara (não via há muito tempo, mas é até meu amigo, não digo o nome porque pode ocasionalmente ler esta página e achar que estou dedurando ele, embora essa deduragem seja para apontá-lo pelo que é, um raro e extraordinário homem de bem) que serve.

Da minha janela pude examiná-lo de longe durante algum tempo, simpático como sempre, saudável, esse homem culto, claro de idéias, experiente, generoso, olha - pensei - esse poderia salvar o Brasil. Mas por que estava correndo desse jeito a essa hora da noite?

3) Estatística
No recente relato do IBGE, entre as atividades principais dos brasileiros por que não relatou a principal - a mendicância?

4) Consulta
Médico: A senhora está com aids.
Cliente: Eu, com aids? O senhor está de porre! O que é que está pensando de mim? Exijo uma segunda opinião.
Médico: Pois não —a senhora também é histérica.

5) Objetivo
Vou revelar: depois de décadas de trabalho já estou no segundo milhão de dólares. Desisti do primeiro.

6) Entrevista 2
Repórter: Quando você esteve mais perto da morte?

MF: Foi no dia em que levei três tiros, à queima-roupa, de dois policiais fardados (meganhas, na época) que, em certa madrugada, não foram com a minha cara (comentário do leitor: se todo mundo que não vai com sua cara lhe der três tiros você vai ficar muito esburacado).

O fato aconteceu na Francisco Sá, estação central da Linha Auxiliar, na Praça da Bandeira, Rio, eu tinha 13 anos de idade.

Um perfeito melodrama. Eu, menino órfão (lágrimas) vinha de um dia duro de trabalho e de uma noite de estudo no Liceu de Artes e Ofícios, morto de fome e de sono. Com os trocados que tinha tomei um cafezinho e comi um pastel no quiosque da estação. Os dois policiais grandões, visivelmente alcoolizados, exigiram que eu pagasse a despesa deles. Me recusei por dois motivos, um duvidoso, coragem cívica, outro inegável, tinha gasto meu último disponível. Os tiros vieram em cima de mim, corri como um desgraçado, e consegui um feito notável - passei ao contrário pela roleta da entrada da estação!

Mudei muito depois disso, a polícia também. Eu, espero, pra melhor. A polícia, estou certo, pra muito melhor. Imaginem o que era!

7) Cayman $ Cayman
Gente espantada com o "dossiê Cayman". Mas é fácil de explicar. Antes "eles" preferiram não se mostrar muito indignados porque pensaram que o dossiê era verdadeiro. E jogaram pra baixo do tapete.

Agora, dois anos depois, quando se descobriu que o dossiê é falsificado, FhC se mostrou enojado, falou que tudo está podre, e quer que os autores desse dossiê sejam apanhados de qualquer maneira.
Mas que fique claro: um dossiê ser falso não impede que não haja um verdadeiro.

Deus é brasileiro. Felizmente ACM é só baiano.
(20 de maio de 2001)

1) Sintoma
Noutro dia, falando a um ministro, FhC sentiu subitamente enorme sentimento de gratidão. Foi levado com urgência a um hospital.

2) O verbo e a ciência
Sem que muito se perceba, a medicina somática (que fez progressos inacreditáveis neste século, mas ainda não chegou lá) é das poucas, senão a única, propostas de cura, que mata. Depois de dois mil anos de poder absolutista, continua usando sua linguagem esotérica para controlar, com mão (ou bisturi) de ferro, o ser humano e seu medo da doença e da morte. Quando chegamos a ela, estamos sempre no ponto mais frágil da condição humana.

E ela sempre tentou, e durante períodos da história conseguiu (pelo menos no mundo ocidental), botar fora da lei toda outra espécie de cura ou experimento medicinal. Embora suas técnicas e máquinas raramente façam o que apregoam, já que nem os médicos (sei, sei, há mil exceções), conseguem interpretá-las, essa medicina se tem, e se impõe, como a única fé verdadeira.

E a terminologia é o esteio com que ela protege a cada vez mais constante falta de dedicação, ou pelo menos de atenção, dos seus profissionais (a medicina é um sacerdócio ou, como também a imprensa em seu pior, é apenas um armazém de secos e molhados).

No momento, par exemple, somos dominados pela extraordinária imponência, o iluminado iluminismo, dessa expressão cabalística, ubíqua, polivalente, enfim, sagrada, ante a qual todos devemos nos ajoelhar, murmurando contritos; ressonância magnética.

Só encontro esoterismo maior, uso de todos os truques da cabala oriental, na terminologia da informática.

3) Irmãos em tempo
E já que estamos falando em medicina. Em países civilizados os chefes de estado são obrigados a xecapes semestrais. O Estado não pode correr o risco de ficar sem seu Chefe por inesperado acidente com a saúde. FhC tem feito o xecape, mas errado. Sempre foi um deficiente intelectual, como demonstra sobejamente —o poliglotismo que, de certa forma, porteiros de hotel também têm, maquia isso para os tolos— desde o seu livro "clássico" (Teoria da Dependência e Desenvolvimento da América Latina, Sarney puro.), passando pela "posse" na prefeitura de São Paulo e por todas suas declarações e ditos públicos nos últimos 10 anos. É caso típico de megalomania galopante com desvio do septo mental.

4) Irmãos etários
Sentado ali, em frente a mim, na sua casinha humílima de Sta. Cruz, Rio de Janeiro, cercado de filhos, não tendo na fisionomia nada que lembrasse a lenda facinorosa que assombrou nossas infâncias. Volta Seca, última memória do cangaço, falou e disse: "Passei oito dias comendo folha do mato, como bicho."/ "Eles matavam. E diziam que era Lampião." / "Maria Bonita era uma mulher de raça." / "Eles tinham sempre 600 contra 90. E perdiam." / "Eles atiravam, nós só na risada, sem dá nem um tiro. No dia seguinte tinha oito mortos."/ "Essa raça tem de morrer tudo." / "Lampião dava água pros macacos (policiais) presos e matava eles. Pra eles num morrê com sede." / "Ninguém enterrava mortos. Ficava tudo lá, uai!" / "A gente chegava nas cidades, Lampião mandava ir logo cortando os fios do telefone e tudo." / O que Lampião não gostava mesmo era de cagüete (alcagüete)." / "Maria Bonita disse pra ele: 'Eu morro com você'." / "Onde 90, 100 atiram no meio de 200, 300, ninguém sabe quem matou." / "Lampião me perguntou se eu disse que dava tiro na cara dele. E eu: 'Dava, não. Dou!'" / "Tô preso? Olha, rapaz, eu pego você sem Deus me ajudar. "Foi a palavra mais errada que eu disse na minha vida." / "Quando me entregaram, todo amarrado, foi o mesmo que entregar um mosquito pros urubus." / "Aquelas cabeças penduradas. Aquilo seria uma grande revolta pra família, pra criar novamente a mesma coisa que era." / "Entrei pro bando com 11 anos." / "O cara violou minha irmã, enterrei a minha faca no umbigo dele. Eu tinha 10 anos." / "Atravessei a maré todo ensangüentado." / "O cara caiu já pronto. Aí cortei a orelha e o beiço dele." / "Tô vendo aquele alvoroço. Aí me disseram: "É o Lampião com o bando todo". / "Lampião perguntou se eu queria ir com ele ou morrer. Eu fui né?" / "No bando num tinha ás nem rei. Era um por todos e todos por um." / "O cabo já tava bem furado. Lampião disse pro Zé: 'Vai lá e dá um tirinho na cara dele'." / "Inventaram muita história só pra crescer a perseguição a Lampião." / "Dois do bando tentaram violar uma moça. Lampião fuzilou eles. Ele não dmitia isso."/ "Tinha sempre um que era mais perverso."
"E no fim da história, preso e condenado", Volta Seca resume, em forma de moral: "Eu peguei 145 anos. Pedi ao Juiz pra me dar 140 ou completar 150".
Olho o homem, a cara curtida por séculos de vida. É mais moço do que eu." Tempos de Pasquim.

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