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Mães e filhos de mortos pela ditadura argentina travam luta com Milei

Enquanto grupos seguem em buscam de justiça, governo corta orçamento de políticas de reparação

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Lenços que simbolizam o grupo Mães da Praça de Maio pendurados em rua de Buenos Aires, na Argentina, durante manifestação para marcar os 48 anos do golpe militar de 1976 Matias Baglietto / Reuters

Danilo Thomaz

Jornalista com mestrado em ciência política pela Universidade Federal Fluminense

[RESUMO] Quatro décadas após fim da ditadura na Argentina e início de julgamentos que condenaram militares, grupos históricos que buscam esclarecer os crimes do período militar, como as Mães e Avós da Plaza de Mayo, voltam a ter embates com o governo do país. O presidente Javier Milei e sua vice, filha e sobrinha de agentes da repressão, esvaziaram políticas de reparação e contestam dados sobre mortos e desaparecidos.

Nada indicava que a noite de 5 de março seria diferente das outras, mas, ao regressar a seu apartamento em andar térreo em Buenos Aires, Sabrina Bölke deparou-se com dois homens grandes, por volta dos 40 anos. "Sabemos que trabalha com direitos humanos. Nós viemos te matar", disse-lhe um dos homens. "Não viemos te roubar nada, me pagam por isso."

Sabrina, uma mulher trans, atua na identificação de pessoas LGBTQIA+ mortas pela ditadura argentina. Integra o coletivo H.I.J.O.S, constituído por filhos de desaparecidos políticos e ativistas de direitos humanos.

Faixa com imagens de integrantes das Mães da Praça de Maio, organização histórica contra violação de direitos humanos na ditadura argentina, durante manifestação em Buenos Aires em 24 de março deste ano, quando o golpe militar de 1976 completou 48 anos - Luis Robayo/AFP

Naquela noite, Sabrina, cuja identidade foi revelada em 25 de março, foi agredida e violentada pelos dois homens, que deixaram inscrito na parede: "VLLC", "Viva La Libertad, Carajo", palavra de ordem do presidente Javier Milei.

Filha de um ex-preso político da ditadura argentina (1976-1983), Sabrina recebeu o seguinte recado: "Não fale ‘Nunca más’" —referência ao grito que simboliza a redemocratização e a justiça histórica no país.

O atentado durou cerca de 20 minutos. "Saíram do edifício forçando a fechadura", conta Agustín Cetrangolo. Militante de H.I.J.O.S, ele é filho de um desaparecido político, Sergio Cetrangolo, e de uma sobrevivente da Escola de Mecânica da Armada, a Esma, maior centro de tortura da ditadura argentina. Hoje o local abriga o Museu Sítio de Memória, onde Sabrina trabalha.

Agustín conta que o grupo levou 20 dias para tornar o caso público porque precisava reunir provas de que era um atentado político. O país que mandou para a prisão perpétua generais que comandaram a ditadura, como Jorge Rafael Videla (1925-2013), e condenou mais de mil membros da repressão vive hoje uma realidade distinta. O desmonte das políticas de reparação e a negação do número de mortos e desaparecidos são encampados pelo presidente e por sua vice, Victoria Villarruel.

Filha e sobrinha de membros da repressão —seu tio, inclusive, foi condenado—, Villarruel notabilizou-se por organizar visitas aos militares presos, como Videla, e pela defesa da "história completa" do período. "Nos anos 70 se combatia o terrorismo, e os que o combatiam estão presos?", ela questionou pouco antes do dia 24 de março, quando o último golpe militar no país completou 48 anos.

O orçamento para políticas de investigação sobre o período foi reduzido em até 76% pelo governo Milei. Um dos grupos mais impactados é o das Avós da Praça de Maio, que lançou recentemente uma campanha no intuito de recolher doações para seguir com as buscas de 255 netos sequestrados pela repressão.

Fundado em 22 de outubro de 1977, o grupo nasceu das Mães da Praça de Maio, coletivo de mulheres que buscam seus filhos desaparecidos. Da mesma forma, as avós procuram seus netos, entregues a famílias de militares ou civis próximos dos membros da repressão. Tentava-se, assim, apartá-los ideologicamente dos familiares biológicos, ainda que a maioria dessas famílias só tenha despertado para a política após os desaparecimentos.

Os primeiros netos foram recuperados ainda na ditadura. Em 1987, já eram 35 os resgatados —hoje são 137 os casos solucionados. Foi a partir dessa época que o movimento das avós, lideradas por Estela de Carlotto, cuja filha desapareceu em 1978 e o neto foi recuperado em 2014, viveram o auge da sua luta.

Nos anos 1990, enquanto parte da Argentina assistia aos órfãos da novela "Chiquititas", as avós investigavam as denúncias anônimas, viajavam pelo país e nações vizinhas atrás do paradeiro de seus netos e iam a shows de rock para pedir que jovens que desconfiassem de suas origens doassem sangue ao Banco Nacional de Dados Genéticos.

Foi essa busca que permitiu, inclusive, o avanço científico de pesquisas, com a criação do "índice de abuelidad", fórmula estatística feita a partir da avaliação do material genético, que permite comprovar o parentesco entre avós e netos. A técnica foi criada por necessidade das circunstâncias, já que não era possível comparar a formação dos netos sequestrados com os pais biológicos, desaparecidos pela ditadura.

O trabalho permitiu devolver o general Videla, principal ditador do período, ao cárcere, onde morreu sentado em uma privada, sem ter depois cemitérios que quisessem receber seu corpo. Videla havia sido indultado em 1990, como os demais militares condenados nos julgamentos de 1985, pelo peronista de direita Carlos Menem.

Graças à pressão das avós, o sequestro e a apropriação de bebês ficou de fora da anistia. Assim, em 1998, Videla foi condenado pela apropriação de cinco crianças. O almirante Eduardo Massera, parte da primeira Junta Militar que governou o país na ditadura, foi condenado pela apropriação de uma, perdendo o indulto.

No início dos anos 2000, o movimento das avós conseguiu revogar o perdão de Menem, reconhecido como inconstitucional. Já o direito à identidade, em que o Estado oferece o aparato técnico e jurídico para desvendar a origem paterna e materna, tornou-se, também por ação delas, parte da Constituição argentina.

Embora Estela de Carlotto siga presidente da associação e haja avós no Comitê Diretivo, quem está à frente das buscas e da gestão são netos encontrados. Um deles é Guillermo Amarilla Molfino, o 98º caso solucionado, em 2009.

Sua mãe, Marcela Molfino, desapareceu em 17 de outubro de 1979. Tinha, à época, três filhos. A avó materna de Guillermo, Noemi Esther Gianetti de Molfino, desconhecia que a filha estava grávida da quarta criança e ingressou nas Mães da Praça de Maio.

Noemi ficou pouco na associação. Acabou se filiando ao movimento Montonero, da esquerda armada peronista. Deixou o país. Denunciou o regime ditatorial na Europa e acabou capturada no Peru, em 12 de março de 1980, por meio da Operação Condor. De lá, teria sido levada para a Argentina, onde foi morta, segundo Guillermo. Seu corpo, porém, foi encontrado em um hotel em Madri, um mês depois do sequestro.

Guillermo foi criado como filho biológico por um militar da divisão 601 do Exército, que fazia parte do grupo que sequestrou seus pais. "Ele chegou com um bebê nos braços, acompanhado por um militar, e dizendo: ‘Trouxe um filho’." Sua apropriadora ("ela nunca foi minha mãe", diz) sabia que o marido era integrante do Exército. No entanto, "não se falava sobre seu trabalho" na casa. "Mas creio que ela suspeitou [que eu fosse filho de um desaparecido]."

A verdade veio por ação do próprio Guillermo. Em 2007, desconfiado, procurou a Comissão Nacional por Direito à Identidade (Conadi) e se submeteu a exames de DNA. O resultado deu negativo —como não se sabia que sua mãe foi sequestrada grávida, os avós não doaram sangue ao banco de dados genéticos, e o exame de Guillermo foi cotejado com outras amostras.

Dois anos depois, uma pessoa afirmou que sua mãe deu à luz no Campo de Mayo, centro clandestino. Com essa informação, a Conadi buscou suas famílias materna e paterna. Em 30 de outubro de 2009, os resultados de DNA deram positivo: era o filho de Marcela e Guillermo (depois disso, resolveu adotar o nome do pai biológico).

No mesmo dia, Guillermo conheceu seus três irmãos e passou a levantar informações sobre os pais. Conseguiu, por meio de um tio, uma gravação de maio de 1979, na qual seu pai fala por 20 minutos e sua mãe por 15.

A gravação foi realizada na casa desse tio, em Merlo, cidade da província de Buenos Aires onde Marcela e Guillermo foram sequestrados. "Ela oferece seu rim para uma amiga que estava passando por problemas de saúde. Dizia que a amiga tinha que aceitar, não lhe dá alternativa. Essa mulher é madrinha de um dos meus irmãos", ele conta. "O transplante, no entanto, não pode ser realizado por seu desaparecimento." Guillermo acredita que atitude não foi casual. "Sua vida foi uma entrega, do mesmo modo que entregou este rim."

No dia 24 de março, no massivo ato em memória dos 48 anos do golpe de 1976, Estela de Carlotto afirmou na Plaza de Mayo que Milei deve mudar "ou ir embora logo". Pela declaração, a líder das avós foi denunciada por "incitação à ação violenta" por um promotor do Tribunal Federal de Mar del Plata.

A denúncia ocorreu três semanas depois de uma sentença histórica no país: a terceira condenação a Adolfo Donda Tigel, ex-capitão de fragatas da Marinha argentina, parte da elite do grupo de trabalho 3.3.2 da Esma.

Donda Tigel já havia recebido, na década passada, duas condenações perpétuas pelos crimes cometidos. Em 4 de março, o Tribunal Oral Federal N°6, da cidade de Buenos Aires, reconheceu a culpa dele no sequestro e apropriação de sua sobrinha, nascida em agosto de 1977 na Esma.

O irmão do militar, José Maria Laureano Donda Tigel, foi sequestrado em 28 de março de 1977, junto de sua companheira, Maria Hilda Pérez de Donda, conhecida como Corita. O casal militava junto aos Montoneros. Naquele março, foram levados para um centro clandestino da Força Aérea. O último contato de José María com a família foi em maio de 1977.

Corita, por estar grávida, foi enviada à Esma. No edifício do centro clandestino havia um espaço, conhecido como Sala de las Embarazadas ("Sala das Grávidas"), em seu terceiro andar, onde as gestantes permaneciam apartadas dos demais militantes. Corita dividiu com outra presa a informação de que seu cunhado estava ali. Para surpresa da mesma, era Donda Tigel que comandava sessões de tortura.

Tigel prometeu à Corita que entregaria sua filha à família. A promessa não foi cumprida. A bebê Victoria foi dada ao militar da Marinha Juan Antonio Azic e a sua mulher, que a criaram como filha biológica. Corita, por sua vez, foi morta e desaparecida. Victoria Donda, dias após o julgamento que condenou seu tio, contou à Folha que "ele participou da tortura da minha mãe".

Hoje com 47 anos, mãe de uma menina de 1 ano, quatro vezes deputada pelo Partido Justicialista e agora membro do Parlasur, Victoria é neta de uma das fundadoras das Avós da Praça de Maio, Leontina Puebla, pelo lado materno.

O seu caso foi o 79º a ser solucionado. Em 25 de julho de 2003, a associação recebeu denúncia sobre uma garota que havia sido apropriada por um militar naval que atuou na Esma. O caso foi levado à Justiça.

Meses depois, Victoria aceitou submeter-se a um exame de DNA junto ao Banco Nacional de Dados Genéticos. Em 8 de outubro de 2004, aos 26 anos, descobriu sua verdadeira identidade: era filha de Corita e José. "Descobrir sua identidade muda o lugar de onde se olha a vida", conta Victoria.

Azic, apropriador de Victoria, também foi condenado pelo sequestro e apropriação de bebês. Ela foi testemunha do processo. Victoria teve interesse em falar com Donda Tigel,. Queria saber dele onde estão seus pais, que seguem desaparecidos. Não conseguiu.

Donda Tigel demonstrava conhecer o que fizeram com o irmão e a cunhada. Uma testemunha do processo de Victoria, a ex-militante Alicia Ruzkowski, afirmou que ouviu dele em uma sessão de tortura: "Não se pode ser nem piedoso nem condescendente com o inimigo. Não fomos nem com meu irmão nem com a minha cunhada, que foi trazida à Esma e trasladada".

"Trasladar" era o eufemismo dos militares argentinos para o assassinato e desaparecimento de corpos. Às quartas-feiras, os encarcerados na Esma eram levados do local, colocados dentro de um avião e atirados, com vida e adormecidos, na bacia do rio da Prata. A prática ficou conhecida como Voos da Morte. Os demais militantes espalhados pelos cerca de 800 centros clandestinos desapareceram no mar, em covas coletivas e outros locais desconhecidos.

Um homem bateu à porta da casa de Carmen Arias e seu marido em 17 de maio de 1977. Era o proprietário do imóvel alugado por Angel Arias, 24, militante do Partido Revolucionário de los Trabajadores (PRT), estudante da Universidade La Plata, irmão de Carmen. O homem foi cobrar do marido dela, fiador da locação, os estragos feitos pelos sequestradores de Angel.

Foi a única informação que Carmen e sua mãe, María Consuelo, morta em 2006, receberam acerca do desaparecimento. "Legalmente não tenho nenhuma informação", conta Carmen, com a cabeça coberta pelo lenço branco que simboliza as Mães da Praça de Maio.

Hoje uma liderança, Carmen assumiu o lugar antes ocupado por sua mãe. Seu lenço branco foi dado por Hebe de Bonafini, presidente da associação, mãe de dois desaparecidos, falecida em novembro de 2022. Assim como no caso das avós, uma nova geração substitui a primeira.

Logo após o sequestro do filho, María Consuelo soube de um grupo inicialmente formado por 14 mulheres, que fazia uma ronda semanal em torno da pirâmide da Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino.

Mãe e filha, sem qualquer atuação política anterior, juntaram-se àquelas mulheres, que caminhavam quietas, distantes umas das outras para não descumprir a lei ditatorial que proibia manifestações em espaços públicos.

Assim começou a luta das mães, mas não sem consequências. Em junho de 1977, Alfredo Astiz, torturador condenado à prisão perpétua, se infiltrou no movimento. Em 8 de dezembro, duas de suas fundadoras, María Ponce e Esther Ballestrino, desapareceram. Em 10 de dezembro, Azucena Villaflor de De Vincenti, fundadora e presidente do grupo, também foi sequestrada. Depoimentos dão conta que fora levada à Esma e, de lá, atirada ao mar.

A perseguição e a repressão não enfraqueceram, todavia, o movimento. Em 1979, as Mães da Praça de Maio se tornaram uma associação. Dois anos depois, tiveram início as Marchas da Resistência, que acontecem todas as quintas, a partir das 15h30. Hoje, dois grupos de madres caminham ao redor da pirâmide: a Associação Mães da Praça de Maio e Mães da Praça de Maio Linha Fundadora —a separação, ocorrida em 1986, é fruto de divergências internas do movimento.

O Linha Fundadora, liderado por mulheres com mais de 90 anos, tem um foco maior na questão da justiça histórica. Um de seus objetivos é a abertura dos arquivos da repressão. A associação das mães não faz esse pedido. "De que serve prender um militar agora?", questiona Carmen. "Deve-se lutar pelo povo, para que as crianças comam."

A atuação das mães —que se tornaram muito próximas de Néstor e Cristina Kirchner, razão pela qual foram bastante criticadas, assim como as avós— não é sem reação também nos dias de hoje.

No final de fevereiro, tiveram seu programa da TV pública tirado do ar. O governo Milei tentou ainda intervir na escolha da reitora da Universidade Nacional Madres de Plaza de Mayo. A instituição vem sofrendo ainda com os cortes realizados por Milei na educação. "Ele não manda dinheiro para pagar os professores", afirma Carmen. A líder das mães é pessimista quanto ao futuro da universidade. "Eles querem tudo privatizado."

A véspera do 24 de Março foi cercada de apreensão no grupo. Temia-se o anúncio de um novo indulto, já declarado inconstitucional, aos militares que cometerem crimes de lesa humanidade, conforme defendido por Villarruel, a vice-presidente, em campanha.

Não foi o que aconteceu. Enquanto as vítimas da ditadura expunham seus antepassados mortos e desaparecidos na internet e nas ruas lotadas, o perfil oficial do governo argentino, que não se manifestou a respeito do atentado à militante do H.I.J.O.S., distribuiu um vídeo de 12 minutos com a "história completa" do período.

"Contou-se só uma parte da história. Foi uma guerra onde caiu gente inocente de ambos os lados. No meu caso, não há nem memória, nem verdade nem justiça", afirmou Maria Fernanda Viola, cujo pai militar foi assassinado em 1974 pelo Ejército Revolucionário del Pueblo, junto da filha de três anos.

Cena do filme "A História Oficial"
Cena do longa argentino "A História Oficial" (1985), vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, que retrata o sequestro de filhos de militantes de esquerda desaparecidos na ditadura - Divulgação

"A Argentina tem que enterrar o caixão desses anos. Mas, para isso, algumas coisas são necessárias. Teria que se indenizar as vítimas da subversão", afirmou Luís Labraña. Ex-montonero, afirma que a cifra de 30 mil mortos e desaparecidos foi estabelecida por razões políticas, fazendo coro aos que dizem que o número real é de 8.961, conforme a Conadep.

Documentos do Exército, já em 1978, afirmam ser 22 mil os detidos e desaparecidos. As mães e avós defendem um número estimado de 30 mil. "Pode ser mais. Muitas famílias não denunciaram", afirma Carmen. O número exato só os militares podem dizer. Às vítimas do terrorismo de Estado, restam questões que provavelmente jamais terão respostas.

"Simplesmente diziam que meu irmão não estava em lugar algum. Não estava", afirma Carmen. "Não sei o dia do meu aniversário", diz Victoria. "Estamos buscando seu destino final, o que fizeram com ele [meu pai]", afirma Agustin. "Me afeta não saber como foram seus últimos meses de vida", conta Guillermo, que guarda a gravação da mãe, última e única lembrança de sua voz, consigo. "Tenho uma fraqueza pela voz dela."

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