Feita a catalogação das 200 obras para entender o Brasil, objetivo do projeto 200 anos, 200 livros, algumas curiosidades saltam aos olhos. São recorrências, indicações temporais e novidades, que ampliam as interpretações a serem feitas a partir dessa seleção escolhida.
Histórias em quadrinhos
Entre os 200 livros indicados, apenas dois são HQs: "A Arte Sacana de Carlos Zéfiro: Sete Histórias Completas", organizada por Joaquim Marinho, e "Sábado dos meus Amores", de Marcello Quintanilha.
O primeiro, publicado pela primeira vez em 1983, reúne a obra erótica de Zéfiro; o segundo, de 2009, apresenta crônicas visuais inspiradas no cotidiano brasileiro.
Ao longo dos séculos
Dos 200 livros, 116 foram publicados no século 20. Foram 66 obras publicadas no século 21 e apenas 18 no século 19.
Mais antigos
"Marília de Dirceu", de Tomás Antônio Gonzaga, é o mais antigo livro da lista considerando o ano de publicação em solo brasileiro. Embora a primeira parte da obra tenha sido lançada em 1792, em Lisboa, consta, no acervo da Biblioteca Nacional, uma edição brasileira de 1810, editada após a fundação da Imprensa Régia por dom João 6º, em 1808.
Se levarmos em conta o ano da escrita, a obra mais antiga é "A Carta de Pero Vaz de Caminha", de 1º de maio de 1500. Perdida por um longo período, a carta só foi recuperada no século 18 e publicada em 1817 como parte da "Corografia Brasílica", de Manuel Aires de Casal, sacerdote, geógrafo e historiador português.
Mais recente
O livro com publicação mais recente é "Uma História Feita por Mãos Negras", de Beatriz Nascimento. Embora reúna artigos, ensaios e resenhas escritos pela historiadora entre 1974 e 1994, a obra foi editada e lançada pela Zahar em junho de 2021.
Autores com 4 livros
Três autores empatam quando o critério é o número de títulos lembrados entre as 200 obras. Graciliano Ramos, Jorge Amado e Lima Barreto aparecem com quatro indicações cada.
De Graciliano, os livros são "Vidas Secas", "Memórias do Cárcere", "Pequena História da República" e "S. Bernardo". De Jorge Amado, figuram "Tenda dos Milagres", "Capitães da Areia", "Dona Flor e seus Dois Maridos" e "A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água".
Por fim, de Lima Barreto, há "Triste Fim de Policarpo Quaresma", "Os Bruzundangas", "Diário do Hospício & O Cemitério dos Vivos" e "Recordações do Escrivão Isaías Caminha".
Ficção e não-ficção
Os livros de não-ficção dominam a lista, com 126 indicações, ante 72 de ficção e duas obras que mesclam as categorias, caso de "Diário do Hospício & O Cemitério dos Vivos", de Lima Barreto, e "Metade Cara, Metade Máscara", de Eliane Potiguara.
Entre os gêneros, predominam romance (49 indicações) e história (42).
Infantis
Apenas 4 dos 200 livros são direcionados ao público infantil: "Pindorama, Terra das Palmeiras", de Marilda Castanha; "Meu Vô Apolinário - Um Mergulho no Rio da (Minha) Memória", de Daniel Munduruku; "Redondeza", de Munduruku e Roberta Asse; e "Reinações de Narizinho", de Monteiro Lobato.
Temas em alta
A escravidão, a desigualdade racial e o protagonismo negro são o mote de pelo menos 40 livros –de ficção ou não-ficção– entre os 200 indicados.
Indígenas
Entre os 15 primeiros colocados, dois são de autoria indígena: "A Queda do Céu", de Davi Kopenawa e Bruce Albert, que recebeu 20 indicações e ocupa o segundo lugar da lista, e "Ideias para Adiar o Fim do Mundo", de Ailton Krenak, que foi indicado por sete pessoas e está na 16º posição. Entre outros assuntos, ambos tratam da temática ambiental a partir da sabedoria dos povos originários.
Domínio público
Há 34 obras que estão em domínio público. Isso acontece, principalmente, quando a morte dos autores completa 70 anos.
Tamanho
A obra mais extensa é a coleção "A Ditadura", de Elio Gaspari, cuja soma de seus cinco volumes contabiliza 2.642 páginas. As mais curtas são "A Arte Sacana de Carlos Zéfiro: Sete Histórias Completas", organizada por Joaquim Marinho, e "Redondeza", de Daniel Munduruku e Roberta Asse, cada uma delas com 32 páginas.
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