Dona da Daslu herdou loja da mãe e gastou R$ 200 mi com templo de luxo
A empresária Eliana Piva de Albuquerque Tranchesi, 53, dona da Daslu, o maior templo do consumo de luxo do país, herdou a loja da mãe, Lucia Piva.
Em bilhete, Tranchesi diz que sua vida foi "revirada"; leia íntegra
Entenda o caso de fraude e sonegação na Daslu
A Daslu nasceu quando Tranchesi tinha apenas um ano de idade, na sala da casa de sua mãe, há 52 anos. O nome da loja vem da junção dos nomes das primeiras sócias da loja, Lucia Piva e Lourdes Aranha, ambas apelidadas de Lu.
Fernando Donasci/Folha Imagem |
A empresária Eliana Tranchesi, da Daslu, durante entrevista na loja em SP em 2005 |
A loja virou uma grife e, a partir dos anos 90, começou a trabalhar com importados, quando as importações foram liberadas pelo então presidente Fernando Collor de Mello. Ela foi para a Europa e voltou com a mala abarrotada de marcas famosas que caíram no gosto dos endinheirados brasileiros. A partir daí, a Daslu virou referência para quem tinha dinheiro para gastar e queria ver e ser visto.
Ela criou setores para atrair homens, grávidas, decoradores e adolescentes. Eliana sempre afirmou que gosta de comprar, mas nunca pensou em tocar os negócios da mãe.
Há 25 anos, porém, ela assumiu o controle da butique, após a morte da mãe e deixou de lado o sonho de ser artista plástica. Começou a trajetória como vendedora, o que, aliás, é prática na loja entre as atuais diretoras e gerentes. Desde o início, ela contou com a ajuda dos irmãos no negócio.
Eliana foi casada como o médico Bernardino Tranchesi e tem três filhos: Bernardo, 23, Luciana, 20, e Marcela, 17.
Religiosa, tem o hábito de ir à missa aos domingos. Na Daslu há até uma capela, onde uma missa, fechada aos mais íntimos, serviu de cerimônia de "passagem". Eliana aponta para Deus quando tenta traduzir o segredo do sucesso. "Acho que o segredo do meu sucesso é Deus e trabalhar feliz, em um astral bom", disse a empresária dias antes de inaugurar seu empreendimento na zona sul de São Paulo, em 2005.
Narciso
Em 13 de julho de 2005, teve início a Operação Narciso, da Polícia Federal, onde Tranchesi era suspeita de cometer crime de sonegação fiscal nas importações da Daslu.
A dona da loja foi detida e liberada no mesmo dia. Antonio Carlos Piva Albuquerque, irmão de Eliana e seu sócio na butique, e Celso de Lima, ex-contador da Daslu e dono da importadora Multimport (uma das principais da loja) ficaram presos durante cinco dias.
Segundo o Ministério Público Federal, as investigações sobre supostos crimes cometidos pela Daslu duraram cerca de 10 meses.
À época da operação, a Daslu movimentava ao ano mais de R$ 400 milhões em vendas, segundo a conta de especialistas. Eram mil empregados, sendo 200 "dasluzetes" --apelido das vendedoras que recebem até R$ 15 mil (incluindo comissão) por mês. Entre 75% e 80% das pessoas que vão à Daslu não vão embora da loja sem comprar alguma coisa. Já em shoppings, essa taxa varia de 15% a 30%.
Em investimentos, os volumes também são altos. Para a inauguração da nova Daslu --o espaço de 20 mil metros quadrados, incluindo o terraço, aberto ao público em junho de 2005--, foram gastos R$ 200 milhões. Estima-se que R$ 40 milhões tenham sido bancados pela própria Daslu, e o restante, rateado entre as grifes que estão na operação comercial.
Saúde
Em setembro de 2006, a empresária revelou que havia retirado um tumor do pulmão e que iniciara sessões de quimioterapia e radioterapia.
À época, a empresária afirmou que "a crise da Daslu e mais o câncer me fizeram sentir como se eu fosse uma criança deixando abruptamente a Disney".
"Até então, eu imaginava a vida como uma grande brincadeira (...). A Daslu é a Disney, onde tudo é lindo, as vendedoras são lindas, o cabelo é lindo, a roupa é linda, é tudo bonito. É tudo agradável. Então, de repente, você sai desse mundo da Disney e cai lá dentro do [hospital Albert] Einstein já com um monte de pacientes com câncer".
Apesar do tratamento, a empresária afirmou que voltou a ficar doente e seu médico oncologista afirmou que começou tratá-la neste mês.
Negócios
Em fevereiro de 2008, a BR Malls, maior empresa do setor de shoppings centers do país, anunciou que passaria a gerenciar a Villa Daslu --shopping com 70 lojas anexa à boutique de luxo Daslu.
Segundo a empresa, foi firmado um consócio onde a BR Malls ficará responsável pela administração da Villa Daslu --na Vila Olímpia (zona sul de São Paulo)--, sem nenhuma espécie de pagamento ou troca de ações entre as duas partes.
Tanto a Daslu como a operação das marcas internacionais feitas pela boutique de luxo ficaram de fora desta negociação.
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