Veja as crises financeiras e soluções desde a Grande Depressão
Os chefes de Estado e de governo das nações que compõem o G20 (grupo que reúne os países mais ricos e os principais emergentes) se reúnem nesta quinta-feira em Londres (Reino Unido) para enfrentar, de forma coordenada, a atual crise econômica e financeira global.
Para os Estados Unidos, a crise atual é a mais grave desde a Grande Depressão, em 1929, causada pela queda dos preços do mercado agrícola no ano anterior, culminando no "crash" da Bolsa de Nova York.
Na atual crise, o começo foi no mercado imobiliário, com inadimplência em empréstimos "subprime" --de alto risco-- e acabou por se estender a todos os segmentos da economia.
Segue relação das crises mais graves que atingiram a economia mundial desde 1929 e das medidas que foram adotadas para combatê-las:
1929 - A Grande Depressão: A crise econômica mundial da década de 1930 foi precipitada, entre outras razões, pela queda dos preços no mercado agrícola nos EUA iniciada em 1928 e derrubou o mercado financeiro em outubro de 1929 quando, após três meses de quedas consecutivas da produção e dos preços, foram vendidas 16 milhões de ações, em um clima de pânico.
Depois da quebra em 1929 foi modificada a legislação básica da Bolsa. Uma das leis fundamentais adotadas foi a "Securities Exchange Act" (1934), que acabou por criar a SEC (Securities and Exchange Commission, o órgão regulador do mercado financeiro americano).
Entre os objetivos da SEC estão facilitar informações ao público sobre os papéis e as empresas a serem contratados e garantir que abusos não serão cometidos no pregão.
1944 - Banco Mundial e FMI: Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a comunidade internacional realizou uma conferência econômica e financeira com apoio da ONU (Organização das Nações Unidas).
Do encontro saiu o acordo de Bretton Woods, que organiza regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo.
Também ficou definida a criação do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional), assim como o uso do dólar como moeda de referência internacional.
1971 - Fim do padrão-ouro. Os gastos excessivos dos EUA no exterior e a Guerra do Vietnã fizeram com que as reservas de ouro do país se reduzissem de forma acentuada. Com isso, o valor da moeda deixou de estar lastreada pelo metal.
Por isso, e em meio a fortes especulações e fugas de capitais dos EUA, o então presidente Richard Nixon decidiu suspender a convertibilidade com o ouro e desvalorizou a moeda em 10%, algo que fez sem consultar os outros membros do sistema monetário internacional.
Dois anos depois, voltou a desvalorizar a moeda, colocando fim ao padrão-ouro. Começava a época do câmbio flutuante em razão da evolução dos mercados de capital internacionais.
1973 - Embargo do petróleo no conflito árabe-israelense: O corte da oferta da commodity por parte dos países que compõem a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) no chamado primeiro choque do petróleo, durante a Guerra do Yom Kippur, provocou aumento de US$ 2,50 a US$ 11,50 na commodity em 1974.
Isso elevou os custos da energia para o Ocidente e provocou uma forte crise nos países mais industrializados.
A partir dessa crise de preços, os países ocidentais deram início a políticas de diversificação e de economia de energia. Entre outras medidas de proteção, a IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês) é criada em 1974.
1979 - Revolução Iraniana: A derrocada do xá Reza Pahlevi e a instauração da República Islâmica do Irã provocaram o segundo choque do petróleo e levaram a um novo colapso internacional.
Embora as economias dos países ocidentais estivessem mais preparadas, já que estes haviam reduzido seus consumos de petróleo, a queda na oferta provocou um longo período de preços extraordinariamente altos.
A crise afetou, sobretudo, os países em vias de desenvolvimento, que, junto com o aumento de preço que tinham de pagar pela commodity e a inflação, tiveram que enfrentar um ciclo de crise financeira por sua elevada dívida externa.
1980 - Invasão do Irã pelo Iraque: O petróleo voltou a bater novos recordes em alta, chegando a US$ 40 o barril, valor que não tinha sido superado em dez anos.
Os altos preços levaram o Ocidente a produzir mais de seu próprio petróleo em áreas como o Mar do Norte.
1987 - Nova queda da Bolsa de Nova York: Em 19 de outubro de 1987, milhões de investidores se lançaram em massa a vender suas ações na Bolsa de Nova York devido à crença generalizada de gestão inadequada de informações confidenciais e à aquisição de empresas com dinheiro procedente de créditos.
O Dow Jones caiu 508 pontos, atingindo 22,6% de baixa em um único pregão, arrastando Bolsas europeias e asiáticas.
Isso trouxe como consequência uma intensificação da coordenação monetária internacional e dos principais assuntos econômicos.
1997 - Crise dos Gigantes Asiáticos: Em julho a moeda tailandesa se desvalorizou. Logo depois caíram as de Malásia, Indonésia e Filipinas, repercutindo também em Taiwan, Hong Kong e Coreia do Sul.
O efeito desses recuos arrastou as outras economias da região, convertendo-se posteriormente na primeira crise em escala global.
O FMI elaborou uma série de pacotes de resgate para salvar as economias mais atingidas e promoveu várias reformas estruturais.
1998 - Crise do rublo: O sistema bancário da Rússia entrou em colapso, com uma suspensão parcial de pagamentos internacionais, a desvalorização de sua moeda e o congelamento de depósitos em moeda estrangeira.
O FMI concedeu vários créditos multimilionários para evitar a queda livre do rublo e que os danos fossem irreparáveis no mercado internacional.
2000 - Crise das "pontocom": Os excessos da nova economia deixaram um rastro de quebras, fechamentos, compras e fusões no mundo da internet e das telecomunicações, e também um grande buraco nas contas das empresas de capital de risco.
Em 10 de março, o principal índice do Nasdaq, máximo expoente da "nova economia" e do êxito das empresas de tecnologia, fechou em 5.048,62 pontos, recorde histórico.
Em apenas três anos, a crise apagou do mapa quase cinco mil companhias e algumas das maiores corporações do setor de telecomunicações, vítimas dos maiores escândalos contábeis da história.
O Fed (Federal Reserve, o BC americano) respondeu com uma redução de 0,5 ponto na taxa básica de juros.
2001 - 11 de Setembro: Os atentados de 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas em Nova York e o Pentágono em Washington, que deixaram um balanço de cerca de três mil mortos, provocaram também queda nas Bolsas.
O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu mais de 6%, e os pregões europeus tiveram fortes recuos que levaram os investidores a buscar refúgio no mercado do ouro e em bônus do Tesouro americano.
O Fed também respondeu à crise com cortes dos juros, na campanha mais forte de sua história nesse sentido.
2008-2009: A crise financeira originada nos EUA como consequência das inadimplências em empréstimos "subprime" --de alto risco-- do setor imobiliário acaba com os grandes gigantes financeiros do país.
Passa a repercutir em todo o mundo e afeta as economias reais, causando a crise mais grave desde a Grande Depressão.
A situação leva os presidentes George W. Bush, primeiro, e Barack Obama, depois, a lançarem uma intervenção em massa do governo na economia dos EUA, que fechou 2008 com uma contração trimestral de 6,3%, a maior em 26 anos.
A primeira decisão de Bush foi estabilizar o sistema financeiro por meio de um pacote de US$ 700 bilhões. Seu sucessor reconverteu a medida e lançou um plano de recompra de ativos "podres" (de alto risco de calote) para sanear os balanços bancários.
Obama apresentou um ambicioso plano de estímulo de US$ 787 bilhões, por meio do qual pretende revitalizar a economia em investimentos e infraestruturas, educação e emprego, e fomentar uma nova indústria, a das energias alternativas, para criar novas vagas.
A terceira etapa do plano de Obama prevê a reforma dos mercados financeiros. O projeto, esboçado esta semana pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner, põe sob controle pela primeira vez os fundos de alto risco e instrumentos financeiros mais sofisticados.
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