Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Entidades aderem a acordo, mas caminhoneiros seguem parados

Quem está nas manifestações não concorda com governo, ou tem outras demandas

Fila de caminhões durante greve de caminhoneiros da rodovia Régis Bittencourt, próximo a Embu das Artes - Danilo Verpa/Folhapress
Natália Portinari Marcelo Toledo
São Paulo e Ribeirão Preto (SP)

Apesar do consenso entre entidades em Brasília de que o governo cedeu o suficiente à categoria dos caminhoneiros, os movimentos espontâneos nas estradas persistem nesta segunda-feira (28).

Segundo Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, há 557 pontos de bloqueio parcial nas estradas, número maior do que os 554 divulgados no sábado à noite. 

O principal deles no estado de São Paulo é o bloqueio na rodovia Regis Bittencourt, próximo a Embu das Artes (SP), que agrega cerca de 300 caminhões e apoiadores.

Por lá, os caminhoneiros não se sentem representados pelos sindicalistas em Brasília, e só querem parar quando virem resultado —um preço menor na bomba de diesel do posto, portanto.

Não necessariamente há uma linha direta entre os caminhoneiros autônomos e seus "representantes". O governo Temer tem feito negociações ciente de que as entidades não representam a totalidade da categoria, o que aumenta a imprevisibilidade dos protestos. 

A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), que já havia concordado em parar desde o acordo feito com o governo Temer na última quinta-feira (24), diz que mantém contato com os caminhoneiros e aguarda a definição deles sobre o fim dos protestos.

Por meio de sua assessoria, o presidente da CNTA, Diumar Bueno, disse que recebeu as propostas do governo federal neste domingo (27) e “se dispôs a repassar à base da categoria”.

De acordo com a entidade, no Paraná foi acertado com as lideranças do movimento que caminhões carregados com combustíveis terão passagem liberada e poderão trafegar pelas rodovias. 

A Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), que rachou com as outras entidades ao não concordar com o acordo na quinta-feira, disse que, com a proposta de Temer, "o assunto está resolvido".

José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam, afirmou em entrevista à Folha que o movimento está muito voltado a pedidos por intervenção militar, o que "desmoraliza o bom caminhoneiro".

Os protestos continuaram em ao menos oito estados da Federação na manhã desta segunda. Na Regis Bittencourt, em região próxima a Embu das Artes (SP), cerca de 300 caminhões estão parados e a ordem é não sair de lá até o preço do diesel mudar na bomba dos postos.

 
A CNT, que não apoiou a paralisação, mas participou das rodadas de negociação com o governo, diz que "os caminhoneiros foram muito bem atendidos".
 
"O bloqueio de caminhões de propriedade das transportadoras é ilegal e pede força policial para que os veículos das empresas voltem a circular normalmente", diz nota da entidade.
 
O Sindicato Interestadual dos Caminhoneiros Autônomos vai levar uma pauta à Casa Civil nesta segunda-feira, reivindicando o aumento da pontuação da carteira de 50 para 100 pontos, cancelamento de multas da ANTT e outros pontos.

O presidente da entidade, José Natan Emidio Neto, diz que os movimentos não cessaram porque as lideranças, em Brasília, estão descoladas do que acontece nas estradas.

"Quem tá negociando isso aqui não tem noção do que está acontecendo", afirma. "Acham que as medidas do governo vão resolver o problema, mas eles não têm noção do sofrimento do caminhoneiro."

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