Descrição de chapéu ministério da fazenda

Investimento cresce e afasta incertezas, afirma Fazenda

Houve crescimento de 3,8% em relação ao último trimestre de 2017 do investimento ampliado

Retrato de homem que olha por cima de óculos apoiados na ponta do nariz; ambas as mãos estão cruzadas sobre sua boca; olhar demonstra apreensão.
Fábio Kanczuk, secretário de Política Econômica, durante entrevista coletiva sobre a previsão de crescimento da economia para 2018, no Ministério da Fazenda, em Brasília - Fátima Meira - 14.dez.2017/Futura Press/Folhapress
Mariana Carneiro Julio Wiziack
Brasília

No momento em que o governo se prepara para anunciar uma queda na projeção de crescimento da economia deste ano, um estudo do Ministério da Fazenda mostra que, apesar da desaceleração, os investimentos, principal termômetro da retomada, continuam em alta.

Na semana passada, o chefe da Casa Civil, ministro Eliseu Padilha, adiantou que a projeção oficial de crescimento em 2018 será revista de 3% para cerca de 2,5%. A revisão será divulgada nesta semana.

Elaborado pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o estudo mostra que, mesmo com a frustração do PIB no primeiro trimestre, o investimento ampliado cresceu 3,8% em relação ao último trimestre do ano passado. A expansão ocorre após uma alta de 3,7% na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2017. 

Segundo o secretário Fabio Kanczuk, o investimento ampliado é um conceito usado internacionalmente, mas que não é aplicado pelos institutos de estatística do país. Considera investimento, além da construção civil e da compra de máquinas e equipamentos, os gastos com bens duráveis, como a compra de carros.

O indicador apontou um sinal positivo na construção civil, que acelerou entre o final de 2017 e o início deste ano. Máquinas e equipamentos e o consumo de bens duráveis, embora tenham perdido ritmo em relação ao quarto trimestre, continuam em alta. 

O secretário considera que esse desempenho afasta a tese de que a economia se ressente de incertezas e de um cenário político conturbado pelas eleições. “Se fosse isso, deveria aparecer no investimento ampliado. E não é o caso.”

Isso porque os investimentos são a variável mais sensível às mudanças da economia. Durante a recessão, diz ele, o PIB encolheu 8%. O investimento ampliado respondeu por quase toda a queda (6,5%).

Por essa razão, o comportamento dessa variável também ajuda a prever o desempenho futuro. “Se fosse um paciente, eu diria que os sinais vitais estão melhorando.”

Kanczuk atribui um desempenho mais fraco do PIB no primeiro trimestre ao recuo no consumo de bens não duráveis e de serviços. Ao que tudo indica, uma ressaca dos gastos gerados pelos saques das contas inativas do FGTS, em 2017.

“O dinheiro acabou, pararam esses serviços. Parece ser isso”, disse. “É um efeito temporário, que não voltará a aparecer no trimestre que vem.”

Entender o motivo da desaceleração é importante para saber se o crescimento da economia poderia ser abortado com o aumento das incertezas eleitorais, no segundo semestre. Mas o enfraquecimento, na avaliação de Kanczuk, parece temporário.

Na última semana, a alta do dólar e a interrupção da queda dos juros adicionaram dúvidas ao ritmo da retomada.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, acha que a turbulência é resultado de uma valorização global do dólar e que é cedo para avaliar os efeitos sobre a atividade. 

“As contas externas têm posição bastante elevada, o déficit em conta-corrente é financiado pelos investimentos estrangeiros e nossa inflação é baixa. Isso tudo dá segurança.”

Kanczuk observa que, se os juros de mercado ficarem permanentemente mais altas, poderão afetar o desempenho do setor produtivo. Mas, por ora, diz acreditar que pode ser um soluço, a exemplo do que ocorreu há um ano, quando o mercado balançou no escândalo envolvendo Joesley Batista e Michel Temer.

“É cedo para ficar nervoso com o aperto das taxas”, disse, indicando que só se tornaria um problema se persistir por mais de um mês.

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