Acordo entre Opep e Rússia não reduz preço do petróleo

Ainda há incertezas sobre capacidade de substituição da produção de Venezuela e Irã

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Montagem com os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos EUA, Donald Trump
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos EUA, Donald Trump; americano cobra queda no preço do petróleo - Natalia Kolesnikova - 17.mai.15/AFP e Nicholas Kamm - 16.jul.18/AFP
Rio de Janeiro e Washington

O acordo entre membros da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) e a Rússia não foi suficiente para aliviar a pressão sobre as cotações internacionais do petróleo, que começa a ter reflexos no preço da gasolina brasileira.

Nesta quarta (27), o petróleo WTI, negociado em Nova York, fechou no maior nível desde novembro de 2014, ao atingir US$ 72,76 por barril, alta de 3,2%. O Brent, negociado em Londres, teve alta de 1,7%, encerrando o pregão a US$ 77,62 por barril.

As duas cotações vêm em alta desde o anúncio do acordo da Opep com a Rússia, no último fim de semana, diante de incertezas sobre a capacidade dos maiores produtores mundiais para substituir a produção do Irã e da Venezuela.

Além disso, o fornecimento aos Estados Unidos enfrenta problemas logísticos para escoamento da produção e a possibilidade de perda de até 360 mil barris por dia com a paralisação de um grande projeto no Canadá.

O mercado acredita que os membros da Opep e a Rússia terão dificuldades para ampliar sua produção em mais de um milhão de barris por dia, volume considerado insuficiente para suportar o crescimento da economia global, diante da perda de produção de Irã e Venezuela.

O acordo foi negociado entre Rússia e Arábia Saudita, dois dos maiores produtores globais, após pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vem cobrando queda das cotações internacionais desde o início do ano.

As negociações colocaram os sauditas, aliados estratégicos dos Estados Unidos, ao lado dos russos, com quem o governo Trump vem tendo atritos —como as divergências sobre os bombardeios a alvos na Síria, em abril, e a saída do tratado nuclear com o Irã, em maio.

Apesar do xadrez geopolítico que a aliança Moscou-Riad representa, analistas americanos comemoraram a decisão da Opep, e dizem que ela é um “ganha-ganha”.

“Os EUA já vinham alertando que preços altos do barril do petróleo comprometeriam o crescimento econômico global”, afirmou Frank Verrastro, especialista em energia do CSIS (Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos, na sigla em inglês).

O timing da decisão pode ser especialmente bom para os americanos, pela promessa de preços mais baixos da gasolina em pleno verão (quando muitas famílias tiram férias e viajam pelo país), e também para Trump, que tem trabalhado para eleger candidatos alinhados ao seu governo nas eleições legislativas, em novembro.

Gasolina

A escalada recente das cotações internacionais, porém, vem levando a aumentos também no preço da gasolina brasileira, que ultrapassa nesta quinta (28) a casa dos R$ 1,90 por litro nas refinarias da Petrobras pela primeira vez em 12 dias.

Pela terceira vez desde sexta (23), a estatal aumentou o valor de venda do combustível. Nesta quinta, será de R$ 1,9027 por litro. Os aumentos interrompem uma sequência de quedas iniciada no começo de junho, quando as cotações internacionais e a taxa de câmbio começaram a ceder.

O preço do diesel está congelado por acordo entre o governo e os caminhoneiros.
 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.