Canadá, México e UE vão taxar suco, carne, uísque e moto dos EUA

Os Estados Unidos anunciaram que voltariam taxar aço e alumínio importado dos parceiros

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington e Bruxelas | Reuters

​Canadá e México responderam com a imposição de tarifas sobre bilhões de dólares de produtos dos Estados Unidos, de suco de laranja a carne de porco, e a União Europeia vai taxar uísque bourbon e as motocicletas Harley Davidson, depois que Washington arriscou desencadear uma guerra comercial global impondo tarifas sobre aço e alumínio.

Canadá e México, envolvidos em conversas com os Estados Unidos para modernizar o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), responderam rapidamente. 

O Canadá, maior fornecedor de aço para os Estados Unidos, vai impor tarifas cobrindo US$ 12,8 bilhões de importações dos EUA, incluindo uísque, suco de laranja, aço, alumínio e outros produtos, disse a chanceler Chrystia Freeland.

"A administração norte-americana tomou hoje uma decisão que nós deploramos, e obviamente vai levar a medidas de retaliação, como deve", disse o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau.

O México anunciou o que descreveu como medidas equivalentes em uma ampla gama de produtos agrícolas e industriais dos EUA, incluindo pernil de porco, maçãs, uvas e queijo, bem como aço e outros produtos. As tarifas serão mantidas até que o governo dos EUA elimine suas tarifas, disse o Ministério da Economia do México.

A Europa já ameaçou impor tarifas sobre as motocicletas Harley Davidson e bourbon, medidas que atingiriam as bases políticas dos congressistas republicanos dos EUA.

A comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmstrom, anunciou uma coletiva de imprensa às 15h (horário de Brasília) para apresentar a resposta do maior bloco comercial do mundo às tarifas dos EUA. O ministro da Economia da Alemanha disse que a UE pode procurar coordenar sua resposta com o Canadá e o México.

As tarifas americanas sobre seus aliados mais próximos, anunciadas pela primeira vez pelo presidente Donald Trump em março, foram condenadas por congressistas republicanos e pelo principal grupo de lobby dos EUA e provocaram uma queda nos mercados financeiros.

O Brasil, segundo maior exportador de aço aos americanos, permanece excluído das tarifas, após aceitar a imposição de cotas para o produto. Já o alumínio será taxado, num acordo considerado menos danoso para a indústria nacional do que as cotas. 

As taxas de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre alumínio da UE, Canadá e México estavam previstas para entrar em vigor a partir das 7h (horário de Brasília) desta sexta-feira (1º), disse o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross.

"Estamos ansiosos para continuar as negociações, tanto com o Canadá e o México, por um lado, e com a Comissão Europeia, por outro lado, porque há outras questões que também precisamos resolver", disse ele.

"Queremos mercados abertos, mercados livres, mas temos que convencer o governo dos EUA", disse o ministro da Economia da UE, Peter Altmaier. "Nós tentamos fazer isso através de negociação e agora vamos fazê-lo unindo-nos e formulando uma resposta europeia comum, possivelmente trabalhando mais de perto com o México e o Canadá."

Os membros da UE deram amplo apoio ao plano da Comissão Europeia de estabelecer tarifas sobre 2,8 bilhões de euros (US$ 3,4 bilhões) de exportações americanas, caso Washington ponha fim às isenções tarifárias.

As tarifas da UE devem entrar em vigor em 20 de junho, desde que os 28 Estados-membros as aprovem. As exportações da Europa sujeitas a impostos americanos valem 6,4 bilhões de euros (US$ 7,5 bilhões).

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.