Com receita em alta, WSJ prioriza digital e presença global

Jornalismo profissional precisa encarar plataformas, diz diretor-executivo global

Nelson de Sá
São Paulo

Na noite de quarta-feira (7), ao divulgar os resultados do terceiro trimestre da News Corp., que publica o Wall Street Journal, seu presidente-executivo, Robert Thomson, disse que o “crescimento em receita reafirma a estratégia de focar o desenvolvimento digital, com especial ênfase para assinaturas”.

A receita total foi de US$ 2,52 bilhões (R$ 9,4 bilhões), alta de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em viagem pela América Latina, o diretor-executivo global do WSJ, Jonathan Wright, comentou os resultados do trimestre e detalhou a estratégia do grupo —que abrange outras publicações, como uma edição chinesa do jornal e o londrino The Times.

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Capa do site do The Wall Street Journal noticia a vitória de Donald Trump, em 2016 - Reprodução

Sobre assinaturas digitais, destacou que o jornal, que cobra por acesso ao conteúdo online há 22 anos, vem desenvolvendo nos últimos dois o que chama de “paywall dinâmico”, que visa estimular os leitores de perfil mais favorável a pagar pelo conteúdo.

“O modelo usa dados próprios e de terceiros para, basicamente, pontuar nossos visitantes sobre sua propensão para assinar”, descreve. 

“Por exemplo, se você entrar uma vez por mês, vai ter uma experiência diferente do que se tivesse entrado 15 vezes hoje.”

De maneira geral, afirma, “à medida que os veículos buscam o modelo de negócios certo, você verá um desenvolvimento do modelo de paywall, como ele é implementado e como as pessoas o utilizam”.

Por outro lado, Wright ressalta que Thomson revelou na quarta como, após resistir por anos, Google e Facebook começaram agora a negociar com a News, que quer compensação pelo uso de seu conteúdo. 

“O jornalismo profissional precisa encarar de frente essas plataformas e assegurar que será recompensado”, diz o diretor global.

As gigantes de tecnologia, segundo ele, “estão entendendo que a procedência da notícia é muito importante quando se trata de combater notícia falsa”, fenômeno que causou prejuízos a elas nos últimos dois anos.

Sobre o futuro das receitas para o jornalismo, Wright acrescenta que “a publicidade ainda é importante”, mas a maneira como o WSJ e outros se relacionam com os anunciantes mudou. 

“Cada vez mais eles querem conteúdo customizado, querem uma forma envolvente de contar histórias.”

A exemplo de outras publicações, o jornal criou um grupo separado da Redação, que chamou de Custom Studios, para produzir conteúdo patrocinado por clientes como a Netflix, usando diferentes recursos, como vídeo online.

“Isso é também para o futuro”, diz. “À medida que a tecnologia se desenvolve, com realidade aumentada e outras, ela nos ajuda a contar as nossas histórias, no jornalismo, mas também aos anunciantes.”

Outra frente de crescimento está no alcance internacional do conteúdo do WSJ, um dos poucos jornais considerados globais. Foi o que trouxe Wright, cuja base é Hong Kong, na China, a diversos países da América Latina, inclusive o Brasil.

“Nossa abordagem internacional, sobretudo nos últimos três anos, ajudou a manter e ampliar nossa presença”, diz.

“Entramos em diversas parcerias, a Folha é uma delas. Temos agora parcerias na Austrália, no Japão, na Alemanha  e na África do Sul.”

Desde agosto deste ano, a Folha publica, todas as terças-feiras, sob a seção Tec, reportagens de tecnologia e negócios do Wall Street Journal.

Além disso, outros textos de política e economia, além de colunistas do Wall Street Journal, são publicados pela Folha no dia a dia.

No site, os textos se concentram em folha.com/tec.

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