'Único problema da economia é o Fed', diz Trump; bolsas dos EUA caem

Fala do presidente e reunião do Tesouro com comitê de crise derrubaram o mercado de ações

Presidente Donald Trump
Presidente Donald Trump - AP
Washington | Reuters e AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a fazer críticas ao banco central americano nesta segunda-feira (24), descrevendo o Federal Reserve como o único problema da economia do país.

"O único problema que nossa economia tem é o Fed. Eles não tem um sentimento pelo mercado", disse, em sua conta no Twitter.

O comentário reitera o posicionamento do presidente americano, que tem feito críticas à política monetária do banco central do país. 

"Eles não entendem o mercado, não compreendem a necessidade de guerras comerciais ou de um dólar forte ou mesmo fechamentos democráticos das fronteiras. O Fed é como um jogador de golfe poderoso que não consegue marcar", afirmou ele, na rede social. 

Para Trump, os bons indicadores econômicos representam as principais conquistas de seu mandato.

Apesar das reiteradas críticas de Trump, o Fed subiu, na semana passada, as taxas de juros, provocando uma reação dos mercados. 

O comportamento do presidente rompe uma tradição de independência entre governo federal e banco central nos Estados Unidos. 

Nos últimos dias, chegou-se a especular que Trump tiraria o cargo do presidente do Fed, Jerome Powell—versão que foi desmentida pelo governo. 

IMPACTO NAS BOLSAS

Além do tuíte de Trump, nesta segunda-feira houve uma teleconferência entre os principais reguladores do mercado dos EUA.

O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, foi o anfitrião do encontro conhecido como "Plunge Protection Team", (equipe de proteção contra queda, em inglês). 

Segundo a agência Bloomberg, os reguladores disseram a Mnuchin que não havia nada de extraordinário nos mercados.

Na véspera, Mnuchin disse que iria discutir maneiras de garantir "operações normais de mercado" durante o apagão parcial do governo Trump, depois que o Congresso não aprovou, na última sexta, os gastos para sete agências, nem uma medida provisória de gastos que poderia adiar o apagão.

Reguladores também discutiram como eles iriam manter funcionando operações críticas durante a paralisação.

A ligação incluiu autoridades do Departamento do Tesouro, do banco central, da reguladora do mercado de capitais e outros reguladores de bancos e do mercado, de acordo com as agências de notícias.

Mnuchin também fez ligações para os principais banqueiros dos EUA na véspera e obteve garantias de que os bancos são capazes de fazer empréstimos, disse o Tesouro.

Se os esforços de Mnuchin de reunir os principais bancos e conversar com as autoridades tinham o objetivo de acalmar os mercados, isso não ficou evidente nos resultados dos mercados. Wall Street fechou no vermelho nesta véspera de Natal.

Segundo a Bloomberg, as ações dos EUA caíram para o menor nível desde abril de 2017. Por conta do Natal, as bolsas funcionaram somente até às 13h (horário local).

Todos os três principais índices terminaram em baixa de mais de 2% nesta segunda.

O Dow Jones Industrial Average caiu 2,91%, para 21.792 pontos, o S&P 500 perdeu 2,71%, para 2.351 pontos e o Nasdaq Composite recuou 2,21%, para 6.192 pontos.

O S&P 500 terminou em queda de 19,8% ante sua máxima de fechamento no dia 20 de setembro, pouco distante do limite de 20% usado tradicionalmente para definir um mercado baixista. 

Segundo a Bloomberg, o índice caminha para a queda trimestral mais profunda desde a grande crise de 2008. 

“As manchetes que estamos vendo hoje, ontem e durante o final de semana não são boas", disse Vinay Pande, chefe global de estratégias de negociação na UBS Global Wealth Management.

"O mercado está preocupado sobre o que está acontecendo em Washington. Diante de uma grande correção do mercado parece que há desarranjo e falta de unidade."

Os mercados de ação europeus também fecharam em queda nesta segunda-feira com as preocupações sobre uma paralisação prolongada do governo dos EUA e a posição do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, contribuindo para a o nervosismo sobre a desaceleração do crescimento econômico, num quadro que deixou as ações a caminho de sua pior perda anual em uma década

O alemão DAX e o italiano FTSE MIB não operaram.

"Os mercados ainda estão sob pressão, exacerbando os medos de uma desaceleração do crescimento e refinanciamento mais caro após anos de estímulo", disse Mike van Dulken, chefe de pesquisa na Accendo Markets.

As ações europeias perderam 14% no acumulado do ano e estão a caminho de seu pior ano desde 2008, tendo recuado para mínimas de dois anos após a atualização da perspectiva de juros do Federal Reserve, banco central dos EUA.

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