Airbus anuncia fim da produção do A380, o maior avião do mundo

Redução de encomendas da Emirates, maior cliente, foi fatal para o modelo apresentado em 2005

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São Paulo

Dias depois de a rival americana Boeing comemorar os 50 anos do lendário 747, a europeia Airbus anunciou nesta quinta-feira (14) que vai encerrar a produção do A380, o maior avião de passageiros do mundo.

A decisão veio após a Emirates, maior cliente do Super Jumbo, reduzir seus pedidos do modelo e substituí-los pelos menores e mais econômicos A350 e A330neo. Hoje, a companhia de Dubai opera 109 A380, quase metade dos 232 ativos.

Airbus A380 da Emirates é fotografado no aeroporto internacional de Guarulhos (SP)
Airbus A380 da Emirates é fotografado no aeroporto internacional de Guarulhos (SP) - Bruno Santos - 17.set.17/Folhapress

Segundo a Airbus, 17 aviões ainda serão produzidos —14 para a Emirates e três para a japonesa ANA, que surpreendeu o mercado ao encomendar esses modelos para rotas entre o Japão e o Havaí. O último será entregue em 2021.

"É uma decisão dolorosa para nós. Investimos muitos esforços, muitos recursos, muito suor... mas obviamente precisamos ser realistas", disse o CEO da Airbus, Tom Enders, na entrevista coletiva em que o fim do A380 foi decretado.

A fabricante informou que vai entrar em contato com os sindicatos nas próximas semanas para definir o destino dos cerca de 3.500 funcionários potencialmente afetados.

Como costuma ocorrer com os aviões da Airbus, a produção de partes do A380 ocorre em fábricas espalhadas pela Europa —trechos da fuselagem e o estabilizador vertical são montados em Hamburgo (Alemanha) e em Saint-Nazaire (França), o estabilizador horizontal em Cádiz (Espanha) e as asas em Broughton (Reino Unido). A montagem final ocorre na sede da Airbus, na cidade francesa de Toulouse.

Ao ser apresentado em 2005, o A380, com capacidade para 544 passageiros no esquema padrão de três classes (que poderia chegar a 800 num esquema único de classe econômica), tirou do Boeing 747 o posto de maior avião de passageiros do mundo.

O primeiro voo ocorreu em 2007, com a Singapore Airlines —que no ano passado devolveu dois A380 que começaram a ser desmontados, em outro mau augúrio para o modelo.

"Havia especulações de que nós estávamos dez anos adiantados. Acho que está claro que estávamos dez anos atrasados", afirmou Enders, o CEO da Airbus.

Estima-se que a Airbus tenha investido R$ 100 bilhões no desenvolvimento do Super Jumbo, construído para superar o 747, lançado em 1968 pela Boeing e que mudou a aviação ao popularizar as viagens intercontinentais.

Ao contrário do 747, que representou um salto de 250% na capacidade de passageiros em relação ao maior avião da época, o A380 trouxe um ganho de 35%. Lotar um voo em uma aeronave dessa envergadura na baixa temporada mostrou-se complicado.

O alto consumo provocado pelos quatro motores, frente à progressiva substituição por aviões com dois motores, também pesou nas contas das companhias que operam o A380.

A Emirates, que construiu sua frota tendo o A380 e o Boeing 777 como espinha dorsal, sustentou o programa nos últimos anos, dando uma sobrevida em janeiro de 2018 ao anunciar a encomenda de mais 36 aeronaves.

Mas até ela começou a trocar o Super Jumbo por aviões menores e mais eficientes. A companhia detalhou nesta quinta a encomenda de 40 A330-900neo e 30 A350-900 —com fibra de carbono na fuselagem, este é considerado o avião mais moderno do portfólio da Airbus.

"Enquanto estamos desapontados em desistir da nossa encomenda e ver que o programa não pode ser sustentado, aceitamos que esta é a realidade da situação", afirmou o chairman da Emirates, o xeque Ahmed bin Saeed al-Maktoum.

Segundo a Emirates, o A380 seguirá o pilar da frota até a década de 2030.

Com Reuters

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