Recife é destaque no bloco de aeroportos leiloados no Nordeste

Número de voos diários é maior do que a soma dos outros cinco terminais

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Recife

O Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, no Recife, que tem a maior movimentação de passageiros do Norte e do Nordeste e apresenta lucro anual de R$ 130 milhões, é considerado a joia do bloco dos seis terminais nordestinos que será leiloado nesta sexta-feira (15).

A concorrência será dividida em três blocos: Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

O terminal, que ainda tenta se consolidar como hub de uma grande companhia aérea, realiza 204 operações diárias entre pousos e decolagens.
 
O número é maior do que a soma da quantidade de voos diários nos terminais de Maceió, Aracaju, Juazeiro do Norte, João Pessoa e Campina Grande, que completam o pacote nordestino a ser privatizado.

Juntos, estes aeroportos realizam 154 voos diariamente.


Bem avaliado pelos usuários em razão da boa estrutura, o Gilberto Freyre foi inaugurado em 2004. 

No ano passado, registrou um aumento de 4,9% na movimentação de passageiros e chegou a receber 8,2 milhões de embarques e desembarques. A quantidade é maior do que todos os outros cinco aeroportos, que juntos chegam a 5,3 milhões.

Pela primeira vez na história, o aeroporto do Recife conseguiu bater o aeroporto internacional de Salvador, já privatizado, que registrou em 2018 uma movimentação de 7,8 milhões passageiros.

O Gilberto Freyre possui atualmente 21 posições de estacionamento de aeronaves, 11 delas em pontes e 10 remotas.

O terminal é utilizado pela Azul, Avianca, Gol, Latam, TAP, TCCV, Condor, Copa Airlines e Air Europa.

São 36 destinos domésticos e 12 internacionais. Os dados mostram que 92% dos passageiros utilizam o terminal para viagens no Brasil.

Para o exterior, as rotas têm uma frequência média de 43 embarques e desembarques por semana. Os principais destinos são Lisboa, Madrid, Frankfurt, Miami, Buenos Aires e Santiago. 

Além de ser considerado um aeroporto novo, com apenas 15 anos de operação, um dos principais trunfos do terminal recifense é a localização estratégica.
 
Dentro da cidade, é vizinho ao bairro de Boa Viagem, na zona sul, que concentra a rede hoteleira do Recife e boa parte dos escritórios das empresas da capital pernambucana.

Do ponto de vista geográfico regional, também há vantagem. “A localização geográfica é excepcional. Se traçarmos um raio de 800 quilômetros, englobamos quase todas as capitais do Nordeste”, avalia o presidente em exercício da Fiepe, Alexandre Valença.

Apesar de ser reconhecido pela boa estrutura, há duas obras inacabadas. Uma delas é o banheiro da área de embarque e a outra é a dos chamados pits de abastecimento no pátio. 

No primeiro caso, a empresa vencedora da licitação abandonou a obra. No outro, o contrato foi rescindido. 

Concluído em 2004, o novo terminal do aeroporto do Recife foi alvo de polêmica.

Denúncia do jornal Correio Braziliense em 2007 apontou que, entre 2003 e 2005, período em que Carlos Wilson (morto em 2009) presidiu a Infraero, a Oficina Cerâmica Brennand forneceu material usado nas reformas de diversos aeroportos brasileiros. Um deles foi o do Recife.

A empresa pertence a Francisco Brennand, pai da então esposa de Carlos Wilson na época, Maria Helena Vasconcelos Brennand. Pouco tempo depois, Maria, que atuava como diretora comercial da oficina, doou R$ 120 mil para a campanha eleitoral do marido.

Na ocasião, Carlos Wilson afirmou que não houve qualquer irregularidade nas licitações e que a empresa fornecia materiais para aeroportos há mais de 30 anos.

Em maio do ano passado, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) chegou a proibir o aumento no número de voos no aeroporto em razão de uma série de falhas de segurança na pista e no pátio por falta de manutenção.

Maceió

O aeroporto Zumbi dos Palmares, em Maceió, Alagoas, é o segundo maior entre os seis que vão ser leiloados. Tem um fluxo de 2,1 milhões de passageiros por ano e capacidade para comportar até 5,3 milhões. 

Do bloco nordestino, o aeroporto de Campina Grande, na Paraíba, é o que tem menor estrutura operacional.

Distante 6 km do centro da cidade, movimenta 168,2 mil passageiros por ano. Há apenas dois portões de embarque e o estacionamento tem espaço para só 10 aeronaves.

A disparidade entre o aeroporto do Recife e os outros cinco terminais do bloco tem gerado insatisfações. A bancada pernambucana na Câmara Federal questiona o modelo do leilão.

O deputado Felipe Carreras (PSB) entrou na Justiça para que a venda, prevista para esta sexta-feira, não aconteça nesses moldes. Os parlamentares querem que o leilão seja realizado de forma individual para garantir um maior investimento ao longo dos próximos 30 anos.

“O aeroporto de Natal, que já foi privatizado e, mesmo tendo apenas 28% do número de passageiros do Recife (2,3 milhões x 8,2 milhões), receberá R$ 650 milhões em investimento, ou 77% do total previsto para a capital pernambucana”, alega.

Uma das deficiências apontadas é que o aeroporto do Recife não tem uma segunda pista. “Quando foi privatizado, Salvador garantiu a construção de uma segunda pista”, diz o parlamentar.

Pelo edital, o Gilberto Freyre receberá um investimento de R$ 865,2 milhões em 30 anos.

Os outros aeroportos que integram o pacote do Nordeste têm respectivamente os seguintes investimentos: Maceió (R$ 411,8 milhões), João Pessoa (R$ 271,4 milhões), Aracaju (R$ 255,1 milhões), Juazeiro do Norte (193,5 milhões) e Campina Grande (R$ 155,7 milhões).

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