Exportação de carros sente crise argentina, mas tem respiro com Colômbia e México

Produção de veículos cresce 14% em julho, diz associação de montadoras

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São Paulo

A exportação de veículos brasileiros ainda sente a crise argentina, mas teve um respiro em julho com vendas para a Colômbia e o México, segundo a Anfavea (associação das montadoras). 

"Eles não compensam a queda da Argentina, mas [a exportação] está ligeiramente acima de junho", disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.  

Dos recortes feitos pela associação, as vendas de automóveis em julho para o exterior cresceram apenas na comparação com junho deste ano, com alta de 4,2%. Na relação com julho de 2018, houve uma queda de 15,3%, enquanto o acumulado deste ano mantém retração ainda alta, de 38,4%. ​

Segundo a associação, a produção de carros e comerciais leves no Brasil avançou 14,2%, na comparação com o mês anterior.

Ainda segundo a associação, a produção de carros e comerciais leves no Brasil apresentou alta de 14,2%, na comparação com o mês anterior. 

Entre junho e julho foram 33 mil veículos a mais produzidos. Já na relação com o mesmo mês de 2018, o avanço foi de 8,4%, com um acréscimo de 20,8 mil automóveis neste ano.

 "Tivemos um mês bom, influenciado por três dias úteis a mais. E no acumulado do ano vemos uma melhora no índice de produção", disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

Sobre o total de emplacamentos, o mês de julho de 2019 teve uma alta tanto em relação ao mês anterior (9,1%) quanto na comparação com o mesmo mês do ano passado (12%).

"Este é o melhor julho desde 2014 [no licenciamento]. Quando vemos no acumulado, já atingimos 1,55 milhão de veículos, o que significa uma alta de 12,1%, um pouco acima da nossa previsão da Anfavea, que considera um crescimento anual de 11,4%.

Caminhões

Em relação ao emplacamento de caminhões, esse também foi o melhor mês de julho para o segmento desde 2014. Foram licenciados 8,9 mil unidades no período, enquanto no mesmo mês de 2018 o número fechou em 6,6 mil. O saldo acumulado dos sete primeiro meses chega a 55,7 mil veículos.

"Fazia tempo em que não falávamos com esse tom. Em 2017, o ano todo foram cerca de 50 mil caminhões [emplacados], portanto agora em sete meses nós fizemos todo o volume daquele ano", disse Moraes. 

Na produção, o segmento de caminhões também avançou na relação mês a mês (9,3%), na comparação com julho de 2018 (23,3%) e no acumulado (13,5%).

Para Moraes, isso é reflexo de uma série de fatores, como a necessidade de trocar a frota, a queda da taxa de juros e a projeção de mais um recorde para a safra de grãos.

Competitividade e concorrência

Após a divulgação do balanço mensal, Moraes apresentou dados sobre competitividade e concorrência no setor automotivo no país.

Segundo o presidente da Anfavea, hoje o Brasil conta com 66 fábricas, em 10 estados e 42 cidades. Na sua avaliação, o setor automotivo brasileiro tem um cenário de "alto nível de concorrência, mas com problema de competitividade".

"Queria fazer uma pergunta provocativa: quantos bancos temos no Brasil? Quantas empresas de telefonia celular temos? Quantas empresas aéreas?", disse Moraes para mostrar a falta de concorrência em outros setores econômicos.

"Quase 80% das empresas [do setor automotivo] que produzem no mundo têm fábricas no Brasil. Isso significa que o nosso consumidor tem acesso ao que tem de melhor. Infelizmente com um custo Brasil alto", afirmou.

O custo elevado, de acordo com Moraes, impede que o Brasil tenha uma participação maior no mercado de outros países. 

Dados apresentados pelo presidente da associação mostram que os veículos brasileiros em 2018 tiveram participação de 63,1% do mercado argentino, mas a presença deles na América Latina ficou em 9,2%. 

Em outras regiões a participação do Brasil nesse mercado foi ainda menor: 0,7% no continente africano e 0,01% no asiático.

"Isso ocorre por conta da nossa falta de competitividade, causada pela logística, pelos resíduos tributários ou pelas burocracias criadas ao longo dos últimos 50 anos."

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