Bolsonaro inaugura última turbina de Belo Monte, e governador do PA faz cobranças

Marcada por controvérsias, usina teve obras interrompidas por determinação judicial

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Altamira (PA)

Em meio a questionamentos sobre a política ambiental de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro viajou ao Pará nesta quarta-feira (27) para participar de uma cerimônia em que foi acionada a 18ª turbina de Belo Monte, a última para que a usina possa operar em sua totalidade.

Marcada por controvérsias, que vão desde questões ambientais e sociais até escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato, a usina de Belo Monte teve uma construção longa, e suas obras foram alvo de uma série de interrupções por determinação judicial.

O projeto data da década de 1970, durante a ditadura militar, mas as obras tiveram início no rio Xingu entre 2010 e 2011, na transição dos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT.

Embora estivesse previsto um discurso do presidente para encerrar a cerimônia, Bolsonaro deixou o local no fim da tarde sem falar. Segundo sua assessoria de imprensa, é comum que o presidente deixe de dar declarações em casos de atraso da agenda. 

Bolsonaro chegou a Vitória do Xingu, município vizinho a Altamira, com uma hora de atraso por causa de um prolongamento de sua agenda no polo industrial de Manaus (AM), que visitou pela manhã. 

Ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o presidente fez dois atos simbólicos: o acionamento da turbina e o descerramento de uma placa.

Belo Monte é a maior hidrelétrica 100% brasileira e foi construída às margens da Rodovia Transamazônia (BR-320), com investimentos de mais de R$ 30 bilhões. Ela ocupa uma área rural entre os municípios de Vitória do Xingu e Altamira, no sudoeste do Pará.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), discursou e fez cobranças ao governo federal e a agências reguladoras.

Helder se queixou de o Pará ser o maior estado produtor de energia do país —com as usinas de Tucuruí e Belo Monte— e ter a terceira energia elétrica mais cara do Brasil.

Quanto ao preço, direcionou as queixas ao Congresso e à Aneel. 

Já a Bolsonaro, o governador reclamou do modelo de cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), dizendo que o tributo da energia gerada no Pará é cobrado em São Paulo.

Ele pediu que o sistema tributário brasileiro seja repensado em um momento em que o governo federal adiou o envio de uma reforma sobre o tema ao Congresso.

A equipe econômica e o Palácio do Planalto ainda não chegaram a um consenso sobre a restruturação tributária do país. 

Para que as obras de Belo Monte fossem iniciadas foi necessário fazer o deslocamento de comunidades ribeirinhas, com impacto ambiental e para a população. 

Altamira, maior cidade em extensão territorial do Brasil, tem indicadores de segurança pública entre os piores do país e sofreu um aumento populacional com a chegada da usina. 

O município é o segundo mais violento do país, segundo o Atlas da Violência, divulgado em agosto deste ano.

A cidade viveu um massacre de 58 presos em uma penitenciária no último mês de julho.  

A construção de Belo Monte trouxe uma série de questionamentos ao governo por entes da sociedade civil, parte de populações ribeirinhas, indígenas e ambientalistas, além de ao longo da construção da usina terem sido apontados problemas ligados a questões trabalhistas.
 
Com temor de protestos, a segurança do presidente foi reforçada e ele permaneceu de colete à prova de balas mesmo no local do evento, um galpão fechado de Belo Monte. 

Ao longo do salão, uma série de seguranças à paisana reforçavam a proteção a Bolsonaro. 

Na beira da BR-320, o Exército e a Força Nacional reforçaram a segurança, com carros espalhados no trajeto que liga Altamira à usina, de cerca de 50 km de distância. 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.