Alemanha lança plano de socorro a empresas e empregos ameaçados pelo coronavírus

Maior economia europeia, que já vinha em baixo ritmo de crescimento, anuncia também investimento público

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Amsterdã

O governo da Alemanha anunciou nesta segunda (9) um pacote de socorro para empresas prejudicadas pelo novo coronavírus e um programa de investimentos públicos para evitar que a maior economia da europa mergulhe em recessão.

O país registrou crescimento zero no quarto trimestre de 2019, abaixo do que previam economistas. Com cerca de mil doentes e as duas primeiras mortes anunciadas nesta segunda, a Alemanha viu sua atividade industrial duramente afetada pelos efeitos da doença na China.

As recentes quarentenas e restrições à mobilidade em vários países do mundo devem prejudicar também a economia alemã, que tem nas exportações industriais uma de suas principais forças.

A produção da indústria alemã caiu 5,7% no último trimestre, fechando seis meses consecutivas de baixa, a maior recessão industrial desde a reunificação das Alemanhas, em 1990, segundo o BID (federação de indústrias do país).

O anúncio das medidas alemãs de socorro foi feito no mesmo dia em que o FMI publicou artigo alertando os governos para que facilitem o crédito para empresas, principalmente pequenas e médias, e reforcem medidas antidesemprego.

Segundo o fundo, se não houver reação rápida, uma crise temporária (a epidemia) pode se transformar em permanente, com falência de empresas e aumento do desemprego.

De roupa verde escuro, Merkel gesticula com a mão direita
A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel , em discurso em Berlim - John MacDougall/AFP

Segundo o Ministério das Finanças da Alemanha, o governo vai garantir liquidez para empresas que enfrentem quedas bruscas de receita e ampliar o acesso a um programa estatal que permite às empresas reduzir o número de horas trabalhadas por seus funcionários, para evitar picos de desemprego.

Também foi anunciado um plano de investimento público de 12,4 bilhões de euros (mais de R$ 60 bilhões) nos próximos quatro anos, além de 8 bilhões de euros (R$ 40 bi) em obras rodoviárias e ferroviárias e fundos para construção civil.

Pacotes de investimento público já vinham sendo cogitados por vários países europeus como forma de vitaminar suas economias, que vinham patinando para se recuperar desde a crise global de 2008.

Embora seja o principal defensor da austeridade das contas públicas, a Alemanha tem reservas para gastar. No ano passado, registrou um superávit de cerca de 50 bilhões de euros.

A Itália, que anunciou na semana passada um pacote de estímulos de 7,5 bilhões de euros, deve encorajar formas de trabalho flexíveis, que permitam a manutenção das vagas e da produção, segundo o ministro da Economia, Roberto Gualtieri.

O país também está pedindo à União Europeia que relaxe suas exigências em relação aos gastos públicos. Segundo a presidente da Comissão Europeia (o Poder Executivo do bloco), Ursula von der Leyen, a flexibilidade em relação às regras para os orçamentos dos países membros é uma das opções em estudo.

Outra medida pode ser o socorro financeiro aos países com as economias mais afetadas. Na próxima semana, ministros das Finanças dos 27 países têm reunião marcada para discutir medidas de emergência.

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