Brasil não deve discriminar 5G da China, diz entidade empresarial

Documento diz que é possível estabelecer cooperação e conciliar objetivos de segurança nacional

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São Paulo

A China está a caminho de se tornar uma potência tecnológica e digital e deve ser do interesse brasileiro potencializar as oportunidades para se beneficiar dessas mudanças, segundo o documento “Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China”, divulgado pelo CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China).

De acordo com o conselho, que reúne diplomatas brasileiros e empresários que mantêm interesses ou relações com a China, “essas parcerias podem se ver dificultadas caso se venham a estabelecer restrições à participação chinesa na área de infraestrutura de telecomunicações (e.g. 5G) ou mesmo pelo próprio ambiente internacional para atuação de empresas chinesas de alta tecnologia”.

“Por outro lado, essa pode ser uma oportunidade para o Brasil, se o país conseguir estabelecer plano e padrões de cooperação que sejam positivos para os dois lados e que se enquadrem nos objetivos de segurança nacional. Para a China, o mais importante é evitar atitudes discriminatórias”, diz o texto da proposta elaborada pela diplomata e economista Tatiana Rosito, que integra o Comitê Consultivo do CEBC.

O documento trata das ações dos EUA para retirar apps chineses das redes americanas e vetar a participação da Huawei em redes 5G ao redor do mundo.

Segundo o conselho, a decisão do Brasil de vetar ou não a participação dos chineses no leilão do 5G previsto para o primeiro semestre de 2021 “constituirá um marco importante para o posicionamento brasileiro em relação ao binômio economia-segurança e à própria rivalidade estratégica China-EUA.”

O líder chinês Xi Jinping e Jair Bolsonaro durante conferência do Brics no Palácio do Planalto - Adriano Machado - 13.nov.2019/Reuters

No início de novembro, em um novo gesto contra a participação da Huawei no futuro mercado de 5G, o governo Jair Bolsonaro declarou apoio aos princípios do Clean Network, iniciativa americana sobre segurança nas redes que tem como alvo limitar a presença chinesa no setor.

Nesta semana, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, afirmou que a iniciativa afasta a tecnologia da China e evita espionagem do país asiático. “Isso ocorre com repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China”, disse o deputado.

Em resposta, a embaixada chinesa no Brasil afirmou que o deputado segue os Estados Unidos para caluniar a China e pediu que a retórica norte-americana seja abandonada para evitar “consequências negativas”.

O documento lembra que outros países, como Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Índia também têm colocado barreiras ao avanço chinês nessa área.

Além da questão do acesso a outros mercados, as empresas da China dependem da importação de microchips, principalmente dos EUA, e poderia levar quase uma década para alcançar a autossuficiência nessa área.

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