Alberto Safra se prepara para contestar testamento do pai, Joseph

Empresário diz em petição nos EUA que documento foi alterado e quer reunir provas para questionar partilha

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São Paulo

Alberto Safra, 41, filho do banqueiro Joseph Safra, pretende contestar judicialmente o testamento do pai. O banqueiro, que sofria de mal de Parkinson, morreu em dezembro do ano passado aos 82 anos.

Nascido no Líbano e naturalizado brasileiro, Joseph Safra construiu um robusto conglomerado e era apontado pela revista Forbes como o brasileiro mais rico, com uma fortuna avaliada em R$ 119 bilhões quando morreu.

O banqueiro Joseph Safra durante a inauguração do primeiro Memorial da Imigração Judaica, em 2016
O banqueiro Joseph Safra durante a inauguração do primeiro Memorial da Imigração Judaica, em 2016 - Bruno Poletti/Folhapress

Em uma petição apresentada na Justiça de Nova York, a que a Folha teve acesso, Alberto pede para reunir prontuários médicos de profissionais e hospitais que acompanharam tratamentos de saúde do pai nos Estados Unidos.

Os documentos vão compor as provas que estão sendo reunidas para embasar um processo judicial que Alberto pretende abrir na Justiça da Suíça questionando a alteração do testamento pelo pai.

Joseph liderou por anos um cuidadoso planejamento sucessório que organizou a distribuição de postos entre os filhos, transferiu parte do patrimônio para eles ainda em vida e culminou com um testamento que buscava equilibrar a distribuição de participações no grupo.

Segundo a petição, vários termos desse documento final foram alterados quando o banqueiro já estava física e neurologicamente debilitado. O argumento é que essa condição mais frágil teria possibilitado que Joseph fosse influenciado a fazer as mudanças.

Alberto foi excluído das participações em vários bens que estavam previstas no testamento anterior. Ele só soube das alterações após a morte do pai.

Alberto deixou o conselho de administração do Banco Safra em 2019 e abriu um novo negócio, a Asa Investments. Um comunicado emitido pelo Safra informou, então, que ele iria se dedicar a projetos pessoais.

Na época, no entanto, o mercado avaliou que Alberto, que dirigia os negócios com empresas, e o irmão David, responsável pela área de pessoa física, haviam se desentendido. Nessa mudança, Alberto levou vários executivos da instituição, o que teria acirrado o descontentamento entre os irmãos.

A petição na Justiça americana agora mostra que as divergências colocaram Alberto e a família em lados opostos.

De acordo com os documentos do tribunal, poucas semanas depois de sua saída, seu pai “mudou apressadamente seus testamentos a fim de isolar o peticionário de sua herança legítima e, correspondentemente, aumentar a parte dos irmãos do peticionário nos bens de Joseph Safra.”

Joseph Safra em Mônaco em 2002; ele morreu em dezembro do ano passado
Joseph Safra em Mônaco em 2002; ele morreu em dezembro do ano passado - AFP

A petição mostra que não há questionamentos sobre a participação nos bancos. Mas o conglomerado Safra vai muito além do sistema financeiro. Tem participações na Eco Brasil Floresta, do setor de celulose, e na Chiquita Brands –líder global na produção e distribuição de bananas–, empresas de tecnologia e imóveis.

O banqueiro residia em uma mansão de 11 mil metros quadrados, com 130 cômodos e cinco andares no Morumbi, bairro nobre de São Paulo.

O patrimônio da família inclui ainda edifícios como o Gherkin, em Londres, marco icônico da cidade, adquirido em 2014 por 726 milhões de libras (R$ 5,2 bilhões), e o prédio nº 660 da Madison Avenue, em Nova York, que abrigou a loja de departamentos Barney's até pedir falência em 2019.

A família Safra emitiu uma nota sobre a discussão do testamento. No texto, diz que desconhece a existência de qualquer ação judicial nos EUA, mas não vê sentido em qualquer contestação.

“Sobre o testamento de 2019, o Sr. Joseph Safra tomou todas as precauções necessárias para que seus atos de última vontade fossem devidamente respeitados. Esta contestação é a posição isolada de apenas um dos filhos que não condiz com a verdade do fatos", afirmou a família.

Alberto é um dos quatro filhos de Joseph Safra. Seus irmãos comandam hoje o império bancário da família, com o mais velho, Jacob, responsável pelas operações internacionais, e o mais novo, David, supervisionando a empresa brasileira. Sua irmã, Esther, é educadora e dirige uma escola em São Paulo.

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